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Clínica e Nutrição

BACTÉRIA QUE TRANSMITE LEPTOSPIROSE É OBSERVADA EM CÃES NA ÁREA URBANA

BACTÉRIA QUE TRANSMITE LEPTOSPIROSE É OBSERVADA EM CÃES NA ÁREA URBANA Espécie identificada é vista comumente em animais silvestres e criações
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Espécie identificada é vista comumente em animais silvestres e criações

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP) sugere que cães podem estar participando da cadeia de transmissão da leptospirose em grandes centros urbanos. Um dos achados inéditos é que, pela primeira vez, os pesquisadores detectaram cães infectados com a leptospira santarosai, espécie somente encontrada, até então, em animais silvestres ou de criação, como búfalos, ovelhas e vacas. 

O estudo foi realizado pelo médico-veterinário, Bruno Alonso Miotto, e teve o objetivo de avaliar a presença de cães infectados com leptospiras em três populações de animais: errantes, de um canil e de dois abrigos, nos municípios de São Paulo e Mogi das Cruzes. Segundo o pesquisador, existem mais de 260 tipos de leptospiras que infectam mamíferos e cada um costuma se adaptar aos seus respectivos hospedeiros. 

A contaminação ocorre com a entrada da bactéria penetra por meio de mucosas, ferimentos ou quando a pele está fragilizada devido ao contato excessivo com a umidade e a água. A bactéria, transmitida por meio da urina de mamíferos infectados, foi encontrada pelo médico-veterinário nas três populações avaliadas. Em um dos abrigos, dos 92 animais testados, pelo menos dez eram portadores assintomáticos. No canil de Mogi das Cruzes, dos 24 cães analisados, foi encontrado apenas um nestas condições. Da população errante avaliada, foram diagnosticados dois animais com leptospiras.

Legislação. Uma lei do Estado de São Paulo proíbe a eutanásia de cães em abrigos coletivos. Para o pesquisador, vê a medida como positiva, mas salienta que, ao mesmo tempo, é bastante difícil sustentar uma infraestrutura adequada diante de tantos animais, visto que a maioria dos abrigos públicos e das ONGs dedicadas à causa animal atuam quase sempre em suas capacidades máximas de alojamento. “O aumento da concentração de cães nesses locais eleva as chances de transmissão da leptospirose”, adverte Bruno.

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Transmissão ocorre via contato direto com a urina ou águacontaminada, como as de enchentes (Foto: reprodução)

A superpopulação é um dos fatores que compromete as condições desses abrigos, favorecendo a disseminação de doenças e bactérias, incluindo as leptospiras. Entre as medidas apontadas como preventivas está a castração e, principalmente, a adoção de animais. A pesquisa também se debruçou sobre a possibilidade de adoção de animais aparentemente saudáveis, mas que podem eliminar a bactéria de forma insidiosa.

“Identificamos a L. santarosai em três cães, um em cada população. Mas percebemos que as bactérias que encontramos eram muito semelhantes entre si, ao mesmo tempo que eram diferentes das L. santarosai já identificadas em outros mamíferos. Possivelmente, isso indica que esta bactéria pode estar se adaptando ao infectar cães de forma assintomática”, sugere o veterinário.

Apresentação da doença. O pesquisador também comenta que a leptospirose pode se apresentar nas formas sintomática ou assintomática mas, nos dois casos, pode haver transmissão. Os sintomas, que se confundem com outras doenças, vão desde dor de cabeça, dor muscular e febre, até hemorragia pulmonar, falência geral de órgãos e, nos casos mais graves, pode provocar a morte.

“Os cães portadores não apresentam nenhum sintoma ou alteração laboratorial, mas ainda assim podem eliminar a bactéria pela urina por longos períodos de tempo, configurando o cão como importante fonte de infecção”, destaca o pesquisador.

Diagnóstico. A identificação da doença costuma ser complexa. Primeiro envolve uma parte clínica, de avaliação dos sintomas, juntamente com dados obtidos a partir de um inquérito epidemiológico. Depois, são necessários exames laboratoriais de rotina, como hemograma e avaliação da função renal e hepática, além de testes sorológicos e moleculares para identificação da bactéria.

O médico-veterinário comenta que quando um animal é colocado para a adoção, não existe nenhum exame específico, rápido e prático que possa identificar se existe a bactéria em amostras de urina de animais aparentemente saudáveis. “Eu dispus de condições de fazer essa avaliação porque tive acesso a um laboratório com reagentes caros que foram financiados por meio de uma bolsa de estudos. Mas, em termos práticos, essa técnica não é aplicável no cotidiano de um canil”, lamenta o pesquisador.

Fonte: Jornal da USP, adaptado pela equipe Cães&Gatos.