A consulta com o médico-veterinário agora não precisa mais ser feita presencialmente. É isso que o aplicativo MédicoVet passa aos donos de animais. O aplicativo foi lançado há duas semanas pela empresa Brasil Telemedicina (Campinas/SP), que também oferece emissão de laudos e atendimento médico e psicológico à distância.
Dedicado a cães e gatos, a plataforma está presente em todo o território nacional, 24 horas por dia, com corpo clínico de diversas especialidades e documentação validada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). Além de receita médica e orientações encaminhadas por e-mail, o aplicativo disponibiliza prontuário eletrônico para cada animal cadastrado.
Orientações são passadas por um veterináriopor videoconferência em data ehorário escolhidos (Foto: reprodução)
Para o cardiologista e idealizador da Brasil Telemedicina, Carlos Camargo, a vantagem do novo aplicativo está não só na comodidade como na agilidade, pois quanto mais rápido o diagnóstico de doenças, mais eficaz o tratamento. “É um serviço sob medida para quem tem um animal de estimação e não tem tempo a perder, com a facilidade de ter sempre um médico-veterinário onde quer que o paciente esteja, a qualquer hora. O sistema oferece atendimento por videoconferência, o que significa que o dono, seu animal e o veterinário poderão se ver em tempo real durante toda a assistência”, comenta.
Após acessar o site ou o aplicativo, deve ser efetuado o cadastro do animal na área do cliente. Em seguida, é preciso escolher o médico-veterinário de acordo com os filtros disponibilizados, efetuar o pagamento com cartão de crédito e agendar a sessão. Confirmado o pagamento, é liberada a orientação com o profissional por videoconferência na data e horário escolhidos.
Repercussão. Após circulação da matéria do Jornal Correio Popular (Campinas/SP), alguns médicos-veterinários ficaram tão indignados com a novidade que criaram um abaixo-assinado on-line a fim de esclarecer à sociedade que toda e qualquer avaliação clínica de animais de companhia deve ser realizada de forma estritamente presencial. “Somos profissionais capacitados, médicos-veterinários por formação, não aceitamos balconistas que prescrevem medicamentos e entendemos que esse aplicativo se assemelha àquilo que chamamos de ‘olhadinha’. Durante a consulta, checamos parâmetros fisiológicos, frequência cardíaca, palpamos o animal, para elaborar uma suspeita clínica e prestar atendimento ou socorro necessário e eficiente. Por isso, pela saúde e segurança do seu animal de estimação e das doenças que ele, eventualmente, pode transmitir à sua família, pedimos que o CRMV tome providências cabíveis e suspenda o aplicativo”, dizem no documento.
O CFMV e o CRMV-SP divulgaram notas afirmando queapp não possui registro (Foto: reprodução)
Comunicados. O CRMV-SP divulgou uma nota sobre o assunto. No texto, o Conselho informa que tomou conhecimento do aplicativo por meio da matéria, publicada no dia 09 de julho, e que, imediatamente, convocou para uma reunião em sua sede o diretor técnico e idealizador do projeto, o médico cardiologista Carlos Eduardo Cassiani Camargo, assim como com o médico-veterinário responsável pela área veterinária da empresa para os esclarecimentos necessários. O CRMV-SP informa ainda, contradizendo o que os desenvolvedores do app afirmam, que não registrou ou validou qualquer documentação referente a Brasil Telemedicina Serviços Diagnósticos Ltda ou do referido aplicativo. Ressalta-se que os serviços oferecidos pelo aplicativo ferem a legislação vigente relacionada ao exercício da Medicina Veterinária no País e que as providências cabíveis já estão sendo tomadas por esta entidade.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, Brasília/DF) esclarece que esse tipo de serviço não é permitido pelo Código de Ética do Médico Veterinário e que, ao contrário da informação erroneamente divulgada em reportagem, o Conselho confirma que o aplicativo não tem o respaldo ou qualquer tipo de validação do CFMV ou de qualquer Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV).
A prática fere o Art. nº 13 do Código de Ética do Médico Veterinário, que veda ao profissional receitar sem prévio exame clínico do paciente, e pode resultar em processos ético-profissionais aos médicos-veterinários envolvidos. De acordo com o Art. nº 14 do Código de Ética, “o médico-veterinário será responsabilizado pelos atos que, no exercício da profissão, praticar com dolo ou culpa, respondendo civil e penalmente pelas infrações éticas e ações que venham a causar dano ao paciente ou ao cliente”, incluindo atos profissionais que caracterizem a imperícia, a imprudência ou a negligência.
O CFMV alerta aos responsáveis por animais que esse tipo de prática representa um grave risco à saúde animal, e adverte a população a não procurar “consultas online” ou quaisquer tipos de serviços que ofereçam exames ou receitas via meio virtual, eletrônico ou telefônico. Os responsáveis por animais devem sempre procurar um profissional inscrito no CRMV de seu Estado, e que atenda em estabelecimentos que atendam às exigências determinadas pelas resoluções do CFMV e da sua região.
Confira alguns comentários:
Redação Cães&Gatos VET FOOD.