Título de especialista em Oncologia Veterinária foi homologado pelo CFMV
Cláudia Guimarães, da redação
claudia@ciasullieditores.com.br
Desmistificar a doença, realizar medidas de prevenção e diagnóstico precoce, oferecer possibilidades de tratamento, conscientizar sobre a evolução e prognóstico do tumor. Essas são algumas das funções do médico-veterinário especializado em oncologia pet.
Com o desenvolvimento da Medicina Veterinária e a mudança da relação homem-animal, hoje cães e gatos estão tendo maior longevidade. Assim, doenças crônicas como cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, endocrinopatias e câncer ficaram mais frequentes. Apesar disso, como comenta o diretor da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet, São Paulo/SP), Rodrigo Ubukata, atualmente, não existem especialistas certificados em Oncologia Veterinária no Brasil, portanto, todos os profissionais atuantes hoje são pessoas que se dedicaram à área pelo interesse à especialidade.
Além da atuação clínica, os Oncologistas estão também na área de ensino e pesquisa (Foto: reprodução)
Para Ubukata, um profissional com treinamento específico em Oncologia é de fundamental importância para prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes com câncer. “Cada tipo de tumor em cada espécie tem comportamentos e formas de tratamentos diferentes. Lidar com essas particularidades, bem como expectativas de controle, depende do conhecimento e experiência do profissional especializado”, explica.
O médico-veterinário relata que a atuação do Oncologista é bastante ampla, permitindo aos profissionais atuarem apenas na Oncologia Clínica e como Oncologistas Cirúrgicos, o que faz total diferença no prognóstico do paciente. “Já é mais do que documentado na Medicina, que um cirurgião treinado especificamente em Oncologia tem impacto direto na ocorrência de metástases e sobrevida do paciente com câncer. Estudos demonstraram que a taxa de recidiva variava de 6% contra 83% de recidivas quando as cirurgias eram realizadas por cirurgiões gerais. O conhecimento sobre todas as formas de tratamento e vias de metástases são de fundamental importância na tomada da decisão cirúrgica”, declara. Além da atuação clínica, os Oncologistas estão também na área de ensino e pesquisa, de acordo com Ubukata. “As principais pesquisas no País hoje são as que abordam o câncer. Além disso, na indústria, para o desenvolvimento de novos fármacos e também alimentos e suplementos para os animais com câncer estão cada vez mais frequentes”, insere e menciona que, também de forma indireta, os profissionais especializados estão presentes no setor de diagnósticos, colaborando com a realização e interpretação dos exames, bem como no desenvolvimento de novas técnicas.
Além das funções já citadas, Ubukata acredita que manter a qualidade de vida dos animais é a principal missão do médico-veterinário Oncologista. “Essa é uma especialidade multidisciplinar, acredito que uma das que mais trabalham em conjunto com outras especialidades em busca da melhor qualidade de vida possível. Nenhum Oncologista trabalha sozinho”, pondera.
A Abrovet será a responsável pela avaliação e concessão dos títulos de especialistas em Oncologia Veterinária (Foto: reprodução)
Reconhecimento. Em janeiro, o título de especialista em Oncologia Veterinária foi homologado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, Brasília/DF). A Abrovet será a responsável pela avaliação e concessão dos títulos aos futuros candidatos. Em uma visão geral, segundo o diretor, o candidato deve apresentar obrigatoriamente alguns pré-requisitos para a primeira fase: ser médico-veterinário graduado em instituição reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC, Brasília/DF) há, no mínimo, cinco anos, ser inscrito no CRMV de sua região, ser associado efetivo e ininterrupto da Abrovet há, no mínimo, três anos e apresentar currículo documentado compatível com a especialidade (comprovação de dedicação e vivência na área). “Após análise dos documentos mencionados, o candidato, se selecionado na primeira fase, deverá realizar prova escrita e prova prática-oral”, revela. Para aprovação na segunda fase, Ubukata conta que será necessário que o candidato atinja 70% de respostas corretas na prova teórica e nota 7,0 na prova prática-oral, realizada por três examinadores.
Além da valorização profissional do médico-veterinário, o diretor acredita que o título trará maior solidez para a especialidade. “A seriedade com que a Abrovet trata este tema é para que o especialista tenha credibilidade frente à sociedade, assim como ocorre na Medicina Humana. Você trataria um câncer com um clínico ou cirurgião geral? Por que com os nossos animais seria diferente? Em breve, a evolução trará, inclusive, a divisão da especialidade como: onco-hematologista, mastologistas, onco-endocrinologistas, onco-ortopedistas, etc”, garante.
A Abrovet visa atingir o mesmo grau de reconhecimento e respeito que o American College of Veterinary Internal Medicine (Acvim) e o European College of Veterinary Internal Medicine (Ecvim) atingiram ao iniciar as provas de títulos das diversas especialidades em Medicina Veterinária nos seus países e com importância internacional. “Esse título trará para a sociedade a segurança de que o profissional habilitado possui conhecimento e treinamento específico em Oncologia, com formação sólida e atualizada na área, pois, para os profissionais que não se mantiverem atuais, o título poderá ser revogado”, conclui.
Na edição de março, a Revista Cães&Gatos VET FOOD trará uma reportagem sobre a radioterapia, uma opção de tratamento para o câncer ainda pouco utilizada na Medicina Veterinária. Acompanhe em revistacaesegatos.com.br.