Cláudia Guimarães, em casa
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Quando escolhemos a profissão a seguir, além de vocação e gosto pessoal, também a escolhemos pensando em consolidar uma carreira de sucesso ou, no mínimo, que possa nos garantir uma vida confortável. Para quem escolhe a Medicina Veterinária não é diferente, apesar de muitos desavisados acreditarem que os veterinários só os são por amor aos animais – bem como São Francisco de Assis. Mas, na verdade, eles também são gente como a gente, com boletos a pagar. Mas qual o piso salarial do médico-veterinário?
No Brasil, isso ainda não é muito bem definido. A média salarial do veterinário é de R$ 3.968,81 para uma jornada de trabalho de 39 horas semanais, segundo levantamento do site Salário. Os dados indicam, ainda, que o teto salarial chega a R$ 9.178,62. No entanto, o salário mínimo deste profissional varia de Estado para Estado e é determinada pelas convenções e acordos coletivos firmados nos sindicatos. No geral, o valor varia conforme carga horária de dedicação, função exercida e setor onde o profissional atua.
De acordo com a pesquisa do site Salário, os pisos salariais de veterinários no Brasil se apresentam da seguinte forma: No Estado de São Paulo, o piso é R$ 4.538,96; no Distrito Federal, o piso é R$ 4.338,19; no Estado do Amazonas, o piso é R$ 4.296,24; no Estado de Goiás, o piso é R$ 3.688,83; no Estado do Rio de Janeiro, o piso é R$ 3.464,83; no Estado do Acre, o piso é R$ 2.904,43.
Em contrapartida, existe a Lei nº 4.950-A/1966, que regulamenta a remuneração de profissionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Essa lei determina que a remuneração desses profissionais deve estar vinculada ao valor do salário mínimo vigente e à jornada diária do profissional, independentemente do local de atuação. Na teoria, então, seria: jornada de 6 horas equivale a 6 salários mínimos; jornada de 7 horas equivale a 7,25 salários mínimos; jornada de 8 horas equivale a 8,5 salários mínimos.
Quanto ganha um veterinário da Marinha? Mas, para quem busca informações específicas de determinadas áreas da Medicina Veterinária, também listamos algumas que podem despertar interesse, como é o caso da carreira nas Forças Armadas: os salários variam entre R$ 6.993,00, como no Exército e na Aeronáutica, a até R$ 9.021,07, na Marinha. O médico-veterinário militar desempenha diversas atividades, como de saúde pública e biossegurança dos quartéis e das operações militares, controle de qualidade e inspeção de alimentos, atendimento aos animais em clínica e cirurgia de caninos e equinos, entre outros.
Outra opção é o médico-veterinário atuar como analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. O salário inicial para o cargo é R$ 9.389,84. Ou mesmo se tornar veterinário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), onde irá atuar na fiscalização e controle das instalações para produção e comercialização de alimentos e medicamentos, como também na elaboração de normas para regulação do mercado, entre outras atividades. O salário inicial do último concurso, em 2017, foi de R$13.807,57. O teto atual é de R$19.564,36 com carga horária de 40h semanais.
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Apresentados todos esses montantes, as grandes questões podem girar em torno de “quanto ganha um veterinário de cães e gatos?; quanto ganha um veterinário de cavalos e de grandes animais?; quanto ganha um veterinário de zoológico?; quanto recebe quem trabalha em patologia clínica, diagnóstico por imagem ou em outras tantas amplas opções que a Veterinária oferece? Em todas elas, o que se pode afirmar, de fato, é que o piso salarial pode ser adequado, como já dito anteriormente.
Mas, como modo geral, o médico-veterinário que atua na área de Dermatologia, Fábbio Ygor Silva Rezende, lembra que o piso salarial definido pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) é de 6 salários mínimos. “Acho justo para início de carreira, tendo em vista a grande possibilidade de crescimento futuro. Porém, infelizmente, esse piso não é praticado”, denuncia.
Segundo narrado por ele, a maioria dos veterinários não recebem esse piso e, inclusive, recebem muito menos. “O reconhecimento do médico-veterinário como um profissional de saúde de importância relevante para a sociedade iria favorecer muito a valorização do profissional. Somos de grande importância para a Saúde Pública. A capacitação com reconhecimento obrigatório pelos conselhos, além do posicionamento do profissional como médico de fato, favoreceria, também, a readequação do mercado e, consequentemente, a prática de salários justos”, opina.