Por flexibilização no trabalho, as pessoas estão dedicando mais tempo aos pets
Duas investigadoras do Instituto Universitário da Maia (ISMAI), em Portugal, apesar dos alertas de associações para a possibilidade de se registar um aumento dos maus-tratos durante o isolamento social, estreitaram o seu vínculo com os seus animais de companhia. Por isso mesmo, decidiram realizar um inquérito para avaliar a realidade comportamental dos tutores portugueses em relação aos seus animais de companhia durante a pandemia.
O estudo foi realizado no âmbito do projeto de investigação “A relação entre os maus-tratos aos animais e a violência interpessoal”, da Unidade de Investigação em Criminologia e Ciências do Comportamento (UICC) e do ISMAI, e coordenado por Vera Duarte e Susana Costa.
“Percebemos que os poucos estudos de atitudes face aos animais de companhia que foram realizados em outros países, como Espanha, apontam neste sentido de maior proximidade, quando as relações já eram boas”, explica Vera Duarte, uma das investigadoras responsáveis pelo questionário on-line, em declarações ao Público. Segundo ela, a crise financeira, que parece ser duradoura, pode contribuir para um aumento de situações que afetem o bem-estar do animal.
De acordo com este inquérito, 85% dos entrevistados referem ter animais – 70% têm cães e 54% têm gatos –, dos quais 44,6% assumem que, durante a pandemia, começaram a dedicar mais atenção a esses pets e 58% referem, ainda, sentir-se mais próximo deles.
Caracterizando a amostra, a média de idades dos inquiridos é de cerca e 38 anos e 45% referem ter licenciatura. A maioria dos que responderam ao questionário (83%) é do gênero feminino.
Perante a situação de pandemia, 32% referem estar em teletrabalho e 35% em lay-off, o que se traduz em muito mais tempo em casa. Como consequência, verificou-se um aumento dos entrevistados que referem brincar mais de duas horas por dia com os seus pets (mais 22%), bem como a percentagem que indica que o seu animal nunca fica sozinho – 54%, contra os 15% anteriores.
As associações sugerem que os tutores definam uma rede de apoio para cuidar do animal, em caso de doença por parte do tutor ou isolamento físico, porém os tutores que assumem a possibilidade de deixar o animal com familiares e amigos ou hotéis registou uma diminuição.
Ainda, 65% afirmam ter pesquisado informações sobre animais e a doença relacionada com o vírus SARS-CoV-2 e 43% afirmam ter medo de não cuidar do seu animal, o que, de acordo com a investigadora, demonstra a relação cada vez maior entre as pessoas e os animais de companhia, quase sempre os cães e os gatos.
Este questionário foi aplicado entre 11 de maio e 1º de junho, a indivíduos com mais de 16 anos, com ou sem animal de companhia, apresentando 2.198 respostas validadas.
Fonte: Veterinária Atual, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.