Ana Catarina Veloso, da redação
Não é incomum se deparar com campanhas de castração promovidas pelas Prefeituras dos municípios, clínicas e universidades. Todo esse empenho em disseminar o procedimento se dá ao fato de que o mesmo, além de evitar filhotes indesejados, ajuda a prevenir diversas doenças em machos e fêmeas.
Conversamos com a docente e cirurgiã do Hospital Veterinário (HOVET), da Universidade São Judas, Thais Fernanda S. Machado Camargo, e, também, com a médica-veterinária Maria Carolina dos Santos Mello. Ambas consideram importante frisar que, antes de realizar a operação, é necessário solicitar uma avaliação médica e seguir as recomendações de um profissional qualificado.
Maria Carolina esclarece que a castração em fêmeas evita a gravidez indesejada e diminui as chances de algumas doenças se desenvolverem, como, infecções uterinas, o câncer em ovários e em corpos uterinos, além do câncer de mama. Já no caso dos machos, a médica-veterinária explica que a cirurgia previne o câncer de testículo e a ocorrência de hiperplasias prostáticas em idade mais avançada.
Idade ideal
O tutor deve estar ciente de todas as consequências acarretadas após a cirurgia, então, para isso, é necessário pensar bem sobre quando levar o pet para castrar. “Os animais mais jovens tendem a se recuperar mais rapidamente do procedimento, e, por conta disso, é necessário levar em consideração o alerta para a castração do animal ainda jovem”, recomenda a médica-veterinária Thais Camargo.
Segundo a profissional, é importante lembrar que, por outro lado, quando a cirurgia é realizada em animais muito jovens, podem surgir problemas futuros relacionados aos hormônios. “Estes podem influenciar no crescimento ósseo, desenvolvimento insuficiente da genitália externa e incontinência urinária”, sinaliza.
Maria Carolina também reforça o alerta: “Do ponto de vista da saúde pública, há indicação da realização de castrações pediátricas para controle populacional e da transmissão de zoonoses. Mas, do ponto de vista do paciente, como indivíduo, a castração pediátrica é desaconselhada, uma vez que estudos já apontam que a ausência do estímulo hormonal (que ocorre no primeiro cio) pode dar origem ao mau desenvolvimento do sistema gênito-urinário e músculo-esquelético”, salienta.
O animal engorda após a castração?
De fato, o animal pode, sim, ganhar peso, segundo as profissionais, mas isso não ocorre por conta do procedimento cirúrgico. “O ganho de peso se dá pela diminuição da intensidade de atividades. Muitos pets acabam ficando mais sedentários, portanto, se continuarem comendo a mesma quantidade de ração que comiam antes da esterilização, engordarão”, declara Maria Carolina.
Por isso, é necessário que o tutor esteja preparado para proporcionar uma alimentação mais saudável para o animal de companhia. “Oferecer uma dieta balanceada fará toda a diferença no pós-operatório do pet, ajuda na recuperação e evita o ganho de peso”, discorre Thais Camargo.
Benefícios do procedimento
Como já mencionado anteriormente, a castração é uma grande aliada na prevenção de doenças. “Além disso, promove muito mais benefícios para o paciente do que prejuízos”, cita Maria Carolina. A veterinária Thais Camargo completa dizendo que o procedimento pode ajudar na diminuição de agressividade, urina em locais impróprios e hábitos de fuga que alguns felinos apresentam.
“Vale ressaltar que, apesar de ser um procedimento comum, trata-se de uma intervenção cirúrgica, que envolve riscos. A ação deve ser realizada somente por médicos-veterinários habilitados e acostumados com tal prática. A anestesia deve ser adequada à técnica cirúrgica e às características do paciente”, reforça Thais Camargo.