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Clínica e Nutrição, Destaques

Pets com leishmaniose podem ter uma vida normal, desde que tratados adequadamente

Por Equipe Cães&Gatos
Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Muito ouvimos falar sobre a leishmaniose, principalmente durante esse mês, quando é realizada a campanha “Agosto Verde”, que chama atenção para a prevenção da doença. Esse “palavrão” assusta os tutores de cães e gatos que são diagnosticados, mas será que todos eles sabem como, de fato, é possível controlar a doença para que o animal acometido, ainda assim, tenha qualidade de vida?

O médico-veterinário e diretor da Clínica Veterinária Tabanez (Brasília-DF), Paulo Tabanez, recorda que a leishmaniose é uma doença que não tem sinais específicos nem patognomônicos. “Pode causar qualquer sinal clínico, como alterações dermatológicas, entre elas, dermatite ulcerativa, esfoliativa, descamativa e granulomatosa; alterações oftálmicas, como uveíte, ceratoconjuntivite seca, hifema entre outras; sinais sistêmicos, como apatia, prostração, emagrecimento, onicogrifose, esplenomegalia, linfadenopatia, hepatite, claudicação e alterações gatroentéricas”, cita.

Animal acometido pela leishmaniose, quando tratado, pode viver o mesmo que qualquer outro animal
(Foto: reprodução)

A doença, segundo Tabanez, pode, também, levar à anemia, trombocitopenia e coagulopatia, causando sinais de sangramento, petéquias, hematomas e epistaxe. “Outra alteração laboratorial é a inversão albumina globulina devido a hiperglobulinemia. A maior causa de óbito é a doença renal aguda e crônica. Gatos podem apresentar os mesmo sinais, contudo é muito comum a apresentação dermatológica, principalmente em cabeça, tronco e membros”, destaca.

Uma vez que o animal seja diagnosticado, Tabanez informa que não há legislação específica nem termo de compromisso oficial que obrigue o tutor a seguir determinados passos, caso seja de sua opção tratar o pet. “O tutor deve se comprometer em utilizar os repelentes inseticidas, tratar de acordo com as recomendações veterinárias e, após estável, acompanhar possíveis recaídas por toda a vida. Logo, deve-se traçar as datas de acompanhamento para prever e intervir em recaídas”, aconselha.

Quais as opções de tratamento disponíveis hoje?

Para tratar o cão, Tabanez comenta que o médico-veterinário deve fazer o diagnóstico adequado, diferenciar outras doenças e co-infecções e estadiar a leishmaniose. “O tratamento é uma conjunção de drogas leishmaniostáticas (reduz a síntese proteica, inibindo sua replicação), imunomoduladoras (equilibra a resposta imunitária desbalanceada pela infecção) e leishmanicida (reduz a carga parasitária). No Brasil, somente existe uma droga leishmanicida autorizada para o uso em cães, a miltefosina. Esta droga não deve ser utilizada em gatos pela sua toxicidade”, alerta.

Em relação ao valor médio do tratamento de um animal com a doença, Tabanez declara que não é possível ser preciso neste quesito: “Isso porque depende do estadiamento do paciente e das drogas que serão associadas nesta condução. Pacientes podem, por exemplo, precisarem de transfusão, de hemodiálise, de internações para se estabilizar o quadro e para que seja possível tratá-los adequadamente. Por exemplo, um animal de 10kg usaria um frasco de miltefosina de 30 ml em seu tratamento, que deve custar em torno de mil reais. Porém, essa droga, muitas vezes, é associada a outros medicamentos para compor a terapia”, explica.

No Brasil, somente existe uma droga leishmanicida autorizada para o uso em cães, a miltefosina (Foto: reprodução)

Com o tratamento em andamento, o médico-veterinário responsável pelo paciente saberá que os medicamentos administrados estão fazendo efeito conferindo a melhora e resolução das alterações clínicas e laboratoriais pré-existentes. “Vale lembrar que o animal acometido pela leishmaniose, quando tratado, pode viver o mesmo que qualquer outro animal”, assegura Tabanez.

E se o tratamento não vai bem?

Do contrário, quando o veterinário nota que os fármacos não estão resultando em melhora do animal, ele deve, de acordo com Tabanez, rever o tratamento, procurar outras causas para a não responsividade, comorbidades e co-infecções. “Também é importante procurar um veterinário especializado na condução dessa doença”, orienta.

O profissional menciona que a eutanásia é, sim, uma opção, porém, muitas vezes, está relacionada à inabilidade e inexperiência na condução do caso. “A eutanásia deve ser uma opção para quando não houver mais responsividade às terapias conduzidas adequadamente”, finaliza.

Vale lembrar que, a fim de evitar que o animal contraia a leishmaniose, assim como em muitas doenças, a melhor forma para evitar a leishmaniose é a prevenção, que deve ser realizada por um conjunto de medidas, como o uso de produtos tópicos com ação repelente, como a coleira antiparasitária para cães à base de deltametrina, e a vacinação.

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