Pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) estão selecionando cães diagnosticados com osteoartrite para participarem de um ensaio clínico randomizado que vai avaliar o tratamento com extrato de cannabis. O objetivo do estudo é analisar se as substâncias da planta são capazes de reduzir a inflamação e a dor, além de melhorar a locomoção dos cães portadores da doença, que é bastante comum em animais com idade avançada.
A osteoartrite é uma doença que surge como resultado do envelhecimento das articulações e causa dor crônica. De acordo com a médica veterinária e mestranda em Biociências na Unila, Neide Griebeler, os tratamentos disponíveis atualmente não são muito efetivos e causam diversos efeitos colaterais. “Os pacientes, normalmente, apresentam alterações renais, hepáticas e gástricas, e não conseguimos ter um bom manejo da dor. Então, a cannabis pode ser uma alternativa para trazer mais qualidade de vida e, talvez, até uma regeneração articular”, explicou Neide, que atualmente trabalha como anestesista veterinária. Também faz parte do estudo o mestrando em Biociências e farmacêutico, Ricardo Penayo Cremonese, que irá analisar o perfil de segurança do Canabidiol (CBD) e do Tetrahidrocanabnil (THC) – substâncias químicas canabinóides que apresentam efeito terapêutico – em cães a longo prazo.
A pesquisa é inédita no Brasil. “Existem diversos estudos em humanos que mostram que os canabinóides possuem efeitos analgésicos e anti-inflamatórios. Nossa ideia, agora, é verificar se esses efeitos podem ser verificados também nos cães”, salientou o professor Francisney Nascimento, coordenador do Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila. Desde 2017, o Laboratório realiza pesquisa clínica sobre atividades farmacológicas da cannabis em doenças neurológicas, reumatológicas e psiquiátricas.
Os resultados do estudo também poderão ajudar a embasar a legislação nacional que, atualmente, tem lacunas sobre o uso veterinário da substância. “No Brasil, temos um grande número de veterinários que prescrevem cannabis para cães, principalmente em casos de epilepsia, dor e agitação. Porém, não existe legislação específica para animais no que se refere à fabricação desses produtos e, muito menos, em relação à prescrição”, disse Ricardo Cremonese.
Como participar
Pelo menos 24 cães são necessários para dar seguimento ao estudo. Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail laricanvet@gmail.com ou pelo whatsapp (45) 99151-9740. Os cachorros podem ser de qualquer raça e é necessário o diagnóstico comprovado de Osteoartrite. Os tutores devem se comprometer a administrar diariamente a medicação e a levar o paciente para avaliações clínicas e exames bioquímicos mensais. A participação é totalmente gratuita.
A pesquisa – autorizada pelo Comitê de Ética e Uso de Animais (CEUA) – está sendo realizada pelo Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila, em parceria com o Hospital Veterinário Pop Vet, de Foz do Iguaçu, e a Associação Santa Cannabis, de Florianópolis.
Fonte: Unila, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
LEIA TAMBÉM:
Aumento do número de gatos nos lares brasileiros exige maior conhecimento sobre a espécie
Insuficiência Cardíaca Congestiva é a principal consequência das doenças cardíacas em pets
Treinar cães domésticos com buzinas pode afetar o aparelho auditivo desses pets