Diariamente, as clínicas veterinárias recebem muitos pets com crises convulsivas (também chamadas de crises epilépticas), mas entender o que causou essa condição é tão importante quanto a rápida avaliação de um especialista. O primeiro atendimento em uma crise tem como objetivo estabilizar o paciente e tirá-lo do risco de sequelas neurológicas e morte. Depois de estabilizado pelo médico-veterinário (clínico geral, plantonista ou intensivista), aí sim, é essencial a avaliação de um veterinário especialista em neurologia para que a causa seja investigada e a prescrição do tratamento mais indicado para o pet seja realizada.
A epilepsia é um distúrbio do sistema nervoso central caracterizado pela predisposição em gerar crises recorrentes e espontâneas, causada por descargas ou impulsos elétricos incorretos emitidos pelos neurônios. Esse distúrbio neurológico ocorre com frequência em cães e gatos, mas, se tratado corretamente, a epilepsia pode ser controlada e o pet poderá levar uma vida normal, com poucas ou sem restrições.
“A epilepsia não é uma doença, é um sintoma. Por isso, é muito importante entender o que está causando as crises no animal. As crises epilépticas não tratadas ou incorretamente tratadas podem ter um impacto significativo na longevidade e na qualidade de vida do pet”, afirma a neurologista veterinária do Hospital Veterinário Veros, Raquel Cantarella.
Segundo a profissional, no momento da crise, os sintomas mais comuns nos animais são perda total ou parcial da consciência, rigidez dos membros e pescoço, movimentos repetitivos de pedalagem, tremores musculares e faciais, vocalização, salivação excessiva, micção e defecação no ato do episódio. Outras formas menos comuns de sintomas de crise epiléptica são: lambeduras repetitivas no próprio corpo, chão ou ar; momentos de ausência de consciência sem rigidez muscular e tremores faciais repetitivos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precisa ser feito por especialistas por meio do acompanhamento de um veterinário neurologista – profissional especializado em tratar de doenças relacionadas ao sistema nervoso – que irá identificar a doença, suas causas e indicar o tratamento correto, evitando ou diminuindo as crises convulsivas.
Para identificar o problema é preciso começar pelo levantamento do histórico de saúde do paciente e uma análise de comportamento relatada pelo tutor sobre como e quantas vezes as crises são observadas. Caso o pet seja atendido no pronto-socorro, o clínico fará o atendimento inicial, exames de check-up de rotina auxiliar na estabilização do paciente e o encaminhamento para o especialista, sendo o último responsável por solicitar exames mais específicos para conclusão diagnóstica e o correto manejo terapêutico. Exames de imagem como ressonância magnética e análise de líquor poderão ser solicitados para a visualização de órgãos internos e detectar se existe alguma alteração ou doença no encéfalo. “É importante que todos os exames sejam realizados para que possamos identificar a causa das epilepsias e indicar o melhor tratamento”, completa a neurologista.
Para entender se a epilepsia tem cura é necessário, primeiro, responder qual é a doença que está causando as crises. Porém, com tratamento correto o pet poderá ter qualidade de vida, considerando que a incidência de animais que não respondem ao tratamento adequado é baixo. Com o diagnóstico em mãos, o neurologista poderá indicar o tratamento medicamentoso mais adequado para diminuir a frequência das crises. “Outro ponto que sempre reforço com os tutores é que, no momento da crise, evitem pegar no colo, colocá-los de barriga para cima, jamais segurem o focinho ou coloquem a mão dentro da boca para abri-la ou segurar a língua. Como neste momento o paciente está sofrendo movimentos involuntários, é possível ocorrer acidentes graves ou complicações maiores”, finaliza Raquel.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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