Uma pesquisa desenvolvida no Amazonas identificou quais genes estão associados à imunidade ou à cicatrização de lesões na pele em pessoas diagnosticadas com leishmaniose. Ao todo, 1.600 amostras biológicas foram analisadas no estudo, realizado na Fundação de Medicina Tropical, Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
Os pesquisadores investigaram o que torna um indivíduo suscetível a desenvolver a doença, enquanto outros se mostram resistentes, mesmo vivendo em um ambiente com incidência de leishmaniose. A doença não é contagiosa e é causada pelo protozoário Leishmania, transmitido aos humanos e aos animais silvestres pela picada do mosquito-palha infectado.
Uma análise de associação genética foi realizada, na qual foram verificadas variações nas sequências de DNA – chamadas de poliformismos genéticos – presentes em genes que codificam proteínas que desempenham papéis importantes para o sistema imunológico.
Foram analisados 800 pacientes com diagnóstico positivo para a doença e 800 indivíduos do grupo controle – sem histórico de leishmaniose, procedentes das mesmas áreas endêmicas dos pacientes infectados. Com isso, o projeto identificou os marcadores genéticos associados à resposta imune do hospedeiro, mecanismos moleculares envolvidos na cicatrização ou mesmo no desenvolvimento das lesões na pele.
O estudo demonstrou que pessoas com baixo nível de citocina IFN (Interferon gamma), associada a um conjunto de polimorfismos, são mais susceptíveis à infecção. As variações genéticas de IL-1B, citocina pró-inflamatória – cuja produção excessiva está ligada à severidade da doença – e os baixos níveis de IL-1RA, parecem estar associados à suscetibilidade à infecção. Já polimorfismos dos genes IL-2, IL-2RB e JAK3 não conferem suscetibilidade ou proteção contra a leishmaniose cutânea.
O projeto “Perfis citocinas e variantes dos genes envolvidos na resposta imune e na cicatrização das lesões em pacientes com leishmaniose cutânea em uma população caso-controle de Manaus, Amazonas” foi desenvolvido na FMT-HVD e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Histórico de casos confirmados. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/Astec) apontam que 710 novos casos de leishmaniose cutânea foram notificados de janeiro a julho deste ano no Amazonas. Em 2018, foram 1.612 novos casos registrados no estado.
De 2007 a 2017, foram notificados 18.677 casos novos da doença. Com isso, a Organização Pan-Americana de Saúde classificou o Amazonas como área com transmissão muita intensa.
Fonte: G1 Amazonas, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.