Nesta semana, soubemos da fatalidade envolvendo a morte de um cão durante o transporte aéreo e esse acontecimento ressalta a necessidade urgente de uma avaliação criteriosa do estado e das condições dos animais antes de qualquer viagem. Esse incidente destaca os riscos consideráveis associados ao transporte de animais como carga viva e a urgência das companhias aéreas e dos aeroportos em atualizar suas práticas e condições de transporte. Além do estresse gerado pela mudança de ambiente e condições desconhecidas, erros logísticos podem resultar em consequências trágicas.
Portanto, a segurança e o bem-estar dos animais devem ser prioridades absolutas em todas as situações de transporte, demandando procedimentos rigorosos de avaliação e supervisão para evitar tragédias semelhantes. Se as recomendações de segurança já são exigentes quanto às pessoas, com os bichinhos não seria diferente.
Viagens nacionais
Para viagens aqui, no próprio país, o animal deve passar por um processo de adaptação para se sentir seguro durante o voo. “Por exemplo, ao comprar a caixa de transporte do tamanho ideal, a deixe aberta em um local visível para o pet explorar e se familiarizar com o espaço. Também é importante brincar com o gato ou cachorro quando ele estiver dentro da caixa, assim como oferecer comidas, mostrando que receberá atenção quando necessário. A última dica é fechar a portinha para ele se acostumar. Comece com alguns minutos de permanência e aumente aos poucos”, explica a professora do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Maurício de Nassau Recife (UNINASSAU), Thaiza Tavares.
Outra dica importante é viajar com o pet de banho tomado, para evitar mal cheiro no ambiente fechado, e com as unhas aparadas para ele não se machucar, oferecer alimentos leves e água horas antes do embarque para evitar enjoos e colocar um tapete higiênico dentro da caixa de transporte, também é necessário. O tutor também deve hidratar o animal no aeroporto e depois da viagem, assim como passear e brincar antes do voo.
“Antes de comprar a passagem do pet, confirme se a companhia aérea aceita transportá-lo e, em seguida, o leve para uma consulta no veterinário para saber se a viagem não prejudicará sua saúde. Com a autorização do profissional, escolha trajetos curtos para diminuir o tempo do cachorro ou gato no avião, evitando crises de ansiedade e desidratação”, conclui Thaiza.
Viagens internacionais
Conhecer todas as regras e se preparar com antecedência para atendê-las é um gesto vital para evitar surpresas desagradáveis ao longo do processo.
Um dos primeiros fatos a se tomar conhecimento é que existem diferenças no embarque de cães e gatos com relação a demais espécies, como aves, roedores e outros. “São diversos pontos que podem interferir na forma que o animal viajará, alguns destinos não aceitam pets na cabine (seja qual espécie for), outros aceitam apenas cachorros/gatos e que estejam com o peso dentro das regras da companhia aérea. Além disso, roedores também podem encontrar problemas para viajar, sendo que alguns conseguem ser transportados apenas no porão da aeronave (como ‘excesso de bagagem’ ou ‘carga viva’)”, pontua o diretor de Marketing da PETFriendly Turismo, Rodrigo Ferlini.
Ele explica que, para viagens internacionais de “carga viva”, é necessário a contratação de uma equipe especializada para realizar todo trâmite de embarque e desembarque. Neste caso, os despachantes aduaneiros são os responsáveis por tratar dessa etapa.
A gerente e especialista em Embarque Internacional de Animais na empresa Alianza Pets, Daniela Nunes Lopes, indica algumas diferenças em exigências sanitárias para alguns países, diferenciadas entre gatos e cachorros.
“O embarque de gatos com destino aos Estados Unidos, por exemplo, exige somente a vacina de raiva para saída do Brasil e o Atestado de Saúde emitido dentro dos 10 dias anteriores ao embarque”, diz e acrescenta: “Para saída de cães, é necessário a vacina da raiva, microchip, laudo sorológico de titulação de anticorpos da raiva, Import Permit autorização de entrada do pet emitida pelos Estados Unidos e o Atestado de Saúde emitido dentro dos 10 dias anteriores ao embarque”.
Caixa de transporte na cabine ou no porão do avião?
As formas de embarque possíveis para levar os peludos à viagem é um dos pontos mais polêmicos deste assunto. “Seja na cabine ou como excesso de bagagem/carga viva, há diversas regras impostas pela companhia aérea para a permissão ou não de um animal dentro da aeronave”, afirma a profissional da Alianza Pets.
É necessário entender se o pet atende às regras de tamanho, peso e raça. Isso mesmo, raça. Ela conta que o embarque de raças braquicefálicas (como bulldog francês, bulldog inglês, pug, shih tzu, Ilhasa apso, pitbull, bull terrier, gatos persas, entre outras) é restrito ou, muitas vezes, as companhias delimitam época sazonais para embarcá-las, como exemplo, não embarcar com temperatura acima de 29 graus Celsius, ou menor que 6 graus celsius.
“Outra dificuldade é em relação a algumas raças que são consideradas perigosas, como pitbull, bull terrier, staffordshire terrier, rottweiler, dogo argentino e fila brasileiro. Para essas raças, é necessário uma caixa de transporte diferenciada, feita sob medida, em madeira e reforçada”, pontua Daniela.
Seja qual for a forma de embarque – na cabine ou no compartimento de carga –, para a viagem ocorrer de forma tranquila, um dos principais fatores está totalmente atrelado à adaptação do animal na bolsa/caixa de transporte.
Rodrigo informa que o pet deve ter tamanho suficiente para ficar de pé e conseguir dar uma volta completa (360°) em seu corpo, sem encostar nas laterais da caixa. Após escolher a Bolsa/Caixa correta, ele conta que o tutor deverá iniciar o processo de adaptação do pet, para que ele se sinta confortável e seguro. “Este processo leva tempo, ou seja, indicamos que faça com bastante antecedência da viagem. Quanto antes, melhor para o seu animal”, enfatiza.
De um País para outro, as regras mudam!
A vida de um pet é muito importante para a família. E, por isso, é importante colocar atenção sobre quais regras específicas cada destino tem – seja para uma viagem de férias ou para uma mudança internacional.
“Existe diferença para uma viagem só de ida em relação a uma viagem de ida e volta”, confirma Rodrigo. De acordo com ele, cada País impõe sua regra para entrada ou saída e, muitas vezes, o tutor não conseguirá utilizar o mesmo documento para voltar. “Por exemplo, no caso de pets que vêm da Europa para o Brasil e, posteriormente, desejam voltar para a Europa, os trâmites não são iguais”, diz.
Ele conta que, para entrar no Brasil, o processo sanitário é simples. “Não exigem o exame da sorologia da raiva junto à quarentena de 90 dias, portanto, no momento de volta para Europa, o pet precisará cumprir as etapas completas – incluindo a sorologia”, fala. Neste caso em específico, ele recomenda prestar bastante atenção às datas: o tutor precisa ter em mente que é um processo que pode levar de 5 a 6 meses de preparo.
Essa preocupação com a sorologia da raiva nos outros países é contextualizada pela gerente da Alianza Pets. “No Brasil, no período de 2010 a 2020, foram registrados 38 casos de raiva humana, sendo que, em 2014, não houve nenhum caso. Por isso, os países no exterior têm sido muito rigorosos para a entrada de animais saindo do Brasil”, finaliza.