Escolher a ração adequada para cães e gatos pode ser uma tarefa complexa, dada a variedade de opções disponíveis no mercado. A médica-veterinária especializada em nutrição pet, Carla Maion, comenta os principais tipos de dieta – seca, úmida e semiúmida – e como eles podem influenciar a saúde e o bem-estar dos pets.
Segundo a profissional, os tipos de ração variam significativamente em sua composição nutricional. “A ração seca, contendo aproximadamente 10-12% de umidade, auxilia na manutenção da saúde dental devido à ação mecânica da mastigação. Ela ajuda a reduzir a placa bacteriana e o tártaro. Já a ração úmida, por outro lado, possui cerca de 80% de umidade e é altamente palatável, além de ajudar na hidratação, especialmente em gatos, que são menos propensos a beber água em quantidade suficiente. A ração semiúmida, com 25-35% de umidade, oferece uma textura macia e é uma opção intermediária, embora possa conter açúcares e conservantes que precisam ser considerados”, explica.
Os diferentes formatos de ração também influenciam a ingestão, a digestão e a saúde gastrointestinal de maneira distinta, como mencionado pela veterinária. “A ração seca é ideal para pets que preferem uma textura crocante, enquanto a úmida é benéfica para a hidratação e mais fácil de digerir para animais com problemas dentários ou sensíveis. A ração úmida requer cuidados adicionais para evitar o acúmulo de resíduos nos dentes”, acrescenta.
Mas Carla salienta que, antes de escolher o alimento a ser ofertado, é fundamental considerar as necessidades específicas de cada animal. “Fatores como idade, peso, nível de atividade, condição reprodutiva e de saúde, pelagem e raça são cruciais para determinar a alimentação mais adequada. Animais jovens e ativos necessitam de rações ricas em proteínas e calorias, enquanto animais mais velhos podem se beneficiar de dietas com menos calorias e mais fibras”, frisa.
Mixfeed
Uma dieta balanceada, que combine diferentes tipos de ração, pode trazer benefícios significativos. “A combinação de ração seca e úmida pode proporcionar uma ingestão mais equilibrada de nutrientes, melhorar a hidratação e ajudar na manutenção da saúde dental. Estudos indicam que dietas mistas (mixfeed) podem aumentar a palatabilidade e a aceitação alimentar, além de fornecer uma variedade de texturas e sabores que estimulam o apetite dos animais”, expõe.
Para animais com necessidades dietéticas especiais, a escolha de rações formuladas especificamente para essas condições é crucial. “Rações hipoalergênicas ou dietas de exposição e observação são formuladas com proteínas novas ou hidrolisadas para minimizar reações adversas. Estudos mostram que dietas fixas e restritivas podem ajudar na gestão de alergias alimentares e na manutenção da saúde geral”, menciona.
Em termos de praticidade, a ração seca é frequentemente preferida por sua facilidade de armazenamento, rendimento e vida útil. Carla informa que, para animais que precisam de maior ingestão de água, a ração úmida pode ser mais adequada, embora tenha uma vida útil mais curta após aberta.
As preferências individuais dos animais também influenciam significativamente a aceitação da ração. “Alguns animais são seletivos e podem rejeitar certas texturas ou sabores. Estudos sugerem que uma transição gradual para novas rações pode minimizar o risco de distúrbios digestivos e melhorar a aceitação”, cita.
Além disso, certas raças de cães e gatos têm necessidades nutricionais específicas. “Raças de cães grandes, como labradores e pastores alemães, podem se beneficiar de rações formuladas para melhorar a saúde das articulações, enquanto raças de gatos, como os persas, podem necessitar de rações que ajudem a prevenir bolas de pelo”, exemplifica.
Oferecer um formato de ração adequado à raça ou morfologia do animal é essencial para garantir que todas as suas necessidades nutricionais sejam atendidas. “Sinais de que um animal não está se beneficiando adequadamente de sua dieta atual incluem perda de peso, pêlos opacos ou em queda, problemas digestivos e mudanças no apetite. Ajustar o tipo ou formato da ração pode ajudar a melhorar esses sinais, resultando em uma melhor qualidade de vida para o animal”, conclui.
