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Pets e Curiosidades, Destaques

Gatos podem passear na coleira com cuidados adequados e treinamento gradual

Veterinária comportamentalista destaca que é importante saber identificar sinais de estresse ou desconforto no felino
Por Cláudia Guimarães
coleira
Por Cláudia Guimarães

Você já viu, por aí, um gato na coleira passeando com seu tutor? Parece impossível, não é? Mas não é bem assim. Diferentemente do passeio que ocorre com os cães, que está associado, inclusive, à melhora do bem-estar físico e mental dos animais, quando o assunto é felinos, dá para ser feito, mas os cuidados devem ser redobrados.

Segundo a médica-veterinária comportamentalista Marina Giangiardi Meireles, do Centro Veterinário Nouvet, os gatos possuem características comportamentais que os diferenciam dos cães e isso interfere diretamente na forma como lidam com passeios fora de casa.

Para alguns gatos mais sociáveis e curiosos, o passeio pode proporcionar estímulos interessantes e agradáveis (Foto: reprodução)

Marina, formada em Psiquiatria Veterinária e pós-graduanda em Etologia Clínica, explica que, embora os passeios com cães sejam extremamente importantes para atender às suas necessidades físicas, mentais e sociais, os gatos são mais reservados quanto ao contato com o ambiente externo. “Para os cães, o passeio vai além da atividade física, é um momento de explorar o mundo, principalmente por meio do olfato, e interagir com pessoas e outros animais. Já os gatos, por serem semissociais, não precisam desse tipo de interação para garantir seu bem-estar”, esclarece.

Mesmo com essa diferença comportamental, há casos em que passear com gatos na coleira pode ser uma atividade positiva. Marina comenta que, para alguns gatos mais sociáveis e curiosos, o passeio pode proporcionar estímulos interessantes e agradáveis, permitindo que eles explorem o ambiente externo de forma segura. “Há felinos que se mostram relaxados durante o passeio, não demonstrando medo ao encontrar pessoas ou animais desconhecidos. No entanto, a decisão de levar um gato para passear deve ser feita com cautela e analisada individualmente, pois muitos felinos podem encontrar a experiência estressante por estarem fora de seu território”,  salienta.

Um processo gradual e delicado

Segundo a veterinária, para que o passeio na coleira seja uma experiência tranquila, o ideal é que o gato seja acostumado desde filhote. “Nessa fase, eles possuem maior plasticidade cognitiva, o que facilita a adaptação a novos estímulos”, informa. Ela também menciona que o processo de adaptação deve ser feito em etapas, começando com a introdução da coleira peitoral. “Muitas pessoas não sabem, mas gatos podem ser treinados! O treino envolve acostumar o pet a vestir a coleira dentro de casa, para que ele se sinta confortável antes de qualquer passeio na rua. Esse processo pode levar tempo, pois o gato precisa associar a coleira a algo positivo”, orienta.

Marina frisa que, sem esse preparo, o passeio pode se transformar em uma experiência negativa para o animal. “Se o gato for levado diretamente para a rua, sem antes ter se acostumado à coleira ou ao ambiente externo, ele pode se sentir vulnerável e entrar em pânico ao ser exposto a estímulos novos, como carros, pessoas e outros animais. Isso pode levar o gato a tentar escapar do equipamento, ou até a se tornar agressivo para fugir da situação. Gatos são extremamente sensíveis ao ambiente, e qualquer mudança brusca pode gerar estresse”, reitera.

No caso de gatos adultos, o processo de treinamento também pode ser realizado, mas é importante fazer uma avaliação cuidadosa da personalidade do animal. “Gatos adultos podem aprender a passear, mas é essencial avaliar se o passeio será benéfico para eles. Nem todos os gatos irão gostar de sair de casa, e forçar essa situação pode causar mais estresse do que benefícios. Um profissional especializado em comportamento animal pode ajudar o tutor a identificar se o gato tem perfil para passeios”, recomenda.

Cuidados no primeiro passeio

Para garantir a segurança e o bem-estar do gato durante o primeiro passeio, o tutor deve estar atento a uma série de fatores. O principal é conhecer bem o comportamento do animal e saber identificar sinais de estresse ou desconforto. “A linguagem corporal do gato diz muito sobre como ele está se sentindo. O tutor precisa estar atento a esses sinais durante o passeio e, ao menor indício de desconforto ou medo, retirar o animal da situação”, indica a profissional.

Gatos que foram resgatados das ruas e, agora, vivem em ambientes fechados, por exemplo, podem se beneficiar de passeios (Foto: reprodução)

Além disso, é fundamental utilizar equipamentos adequados para o passeio. A coleira peitoral deve ser testada dentro de casa para garantir que seja segura e confortável. “Um erro comum é utilizar uma coleira inadequada ou não ajustá-la corretamente, o que pode facilitar que o gato se desprenda e fuja. É importante realizar testes antes de sair para a rua”, reforça.

Outro ponto importante é que o gato esteja devidamente vacinado. “As vacinas são essenciais, principalmente contra doenças como FIV (AIDS Felina) e FeLV (Leucemia Felina), que podem ser transmitidas por meio do contato com outros gatos. Mesmo em passeios curtos, o gato pode se expor a esses riscos”, alerta.

Bem-estar felino

Embora nem todos os gatos precisem de passeios para garantir seu bem-estar, há casos em que essa atividade pode ser altamente benéfica. Gatos que foram resgatados das ruas e, agora, vivem em ambientes fechados, por exemplo, podem se beneficiar de passeios, pois o confinamento pode gerar estresse nesses animais. “Alguns gatos que viviam ao ar livre podem se sentir entediados ou frustrados com a vida dentro de casa e os passeios oferecem uma forma de eles voltarem a explorar o mundo de maneira segura”.

No entanto, é importante que os tutores compreendam que nem todos os gatos vão se adaptar ou gostar dessa experiência e isso não significa que o felino não esteja bem cuidado. “Parte do encanto dos gatos está em sua individualidade. Cada gato tem suas particularidades e respeitar isso é fundamental para o bem-estar dele. Um gato que não gosta de passeios pode ter sua necessidade de estímulos atendida de outras formas, como brincadeiras dentro de casa ou a criação de um ambiente enriquecido com arranhadores, brinquedos e prateleiras para escalar”, comenta.

No Centro Veterinário Nouvet, onde Marina atua como comportamentalista, há uma preocupação constante com o preparo de cães e gatos para passeios e o convívio social. “Na Escola Nouvet, criamos um ambiente rico em estímulos para que os pets possam se preparar para essas atividades de maneira segura e gradual. Nossa metodologia valoriza a individualidade de cada animal, respeitando seus limites e comportamentos”, compartilha.

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