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Pets e Curiosidades

Setembro Amarelo impulsiona debates sobre cuidados com a saúde mental dos veterinários

Ações de enfrentamento e compreensão dos sentimentos são essenciais para a qualidade de vida dos profissionais
Por Matheus Oliveira
setembro amarelo
Por Matheus Oliveira

A saúde mental dos médicos-veterinários tem se tornado um tema cada vez mais relevante, especialmente em um cenário onde esses profissionais lidam, diariamente, com situações emocionalmente desgastantes. As entrevistas e pesquisas realizadas mostram que os veterinários enfrentam uma série de fatores estressores que impactam não apenas sua saúde emocional, mas, também, sua capacidade de exercer a profissão de forma saudável e eficaz.

Neste Setembro Amarelo, o Portal Cães e Gatos conversou com a professora e psicóloga Bianca Gresele, que é coordenadora do projeto de Saúde Mental na Medicina Veterinária, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG).

Lidar com a perda de pacientes é uma realidade constante, e muitos profissionais afirmam que o processo de luto pode ser intenso (Foto: Reprodução)

Um panorama pelos fatores estressores

Os principais fatores que contribuem para o estresse na Medicina Veterinária, de acordo com a psicóloga, incluem a dificuldade de equilibrar a vida pessoal e profissional, o gerenciamento de eventos adversos, a relação com clientes e questões financeiras. “A pressão para atender a altas demandas, juntamente com a necessidade de lidar com situações que fogem do treinamento técnico — como questões administrativas e emocionais — cria um ambiente de trabalho desafiador”, menciona Bianca.

Um dos aspectos mais críticos relatados pelos veterinários é o sentimento de desvalorização. Isso se manifesta não apenas na forma como a sociedade percebe a profissão, mas, também, nas interações diárias com os clientes. “Muitos veterinários expressam que se sentem desrespeitados e desvalorizados, especialmente quando são alvo de críticas ou descontentamento. Essa falta de reconhecimento afeta diretamente sua motivação e saúde mental”, pontua.

A questão financeira também pesa sobre a categoria, onde diversos profissionais relatam conflitos entre as necessidades éticas de oferecer cuidados de qualidade e a realidade econômica de clientes que não podem arcar com os custos dos tratamentos. “Esse dilema gera um estresse adicional, intensificando o impacto emocional da profissão”, comenta a profissional.

Outro ponto relevante levantado por Bianca é a relação dos veterinários com a morte e a eutanásia. Lidar com a perda de pacientes é uma realidade constante, e muitos profissionais afirmam que o processo de luto pode ser intenso. No entanto, a cultura ainda não valoriza a expressão dos sentimentos nesse contexto, criando uma barreira para que os veterinários busquem apoio emocional. “Normalizar esses sentimentos é fundamental.”, afirma um especialista em saúde mental. “Os veterinários precisam de um espaço seguro para expressar sua dor e frustração”, reforça a especialista em saúde mental.

A saúde mental dos médicos-veterinários é um tema que merece atenção e ação imediata (Foto: Reprodução)

Estratégias de enfrentamento e cultura de apoio

Para enfrentar esses desafios, é crucial que haja uma mudança na cultura das clínicas e hospitais veterinários, conforme apontado por Bianca. “As instituições devem ser mais conscientes da importância da saúde mental e oferecer suporte aos seus colaboradores. Isso pode incluir a implementação de programas de saúde mental, rodas de conversa e espaços seguros para que os profissionais compartilhem suas experiências e sentimentos”, destaca.

Uma abordagem sugerida pela psicóloga é a criação de uma rede de apoio entre os veterinários, onde os mais experientes possam compartilhar suas vivências com os mais novos. Essa troca de experiências pode ajudar a desmistificar a ideia de que um bom profissional deve ser insensível e frio. “Profissionais com uma inteligência emocional bem desenvolvida tendem a ser mais eficazes na comunicação com os tutores, o que contribui para uma melhor relação e, consequentemente, um ambiente de trabalho mais saudável”, assegura.

Além disso, é fundamental que os veterinários se dediquem ao autocuidado. Isso inclui a adoção de rotinas que favoreçam a qualidade de vida, como sono adequado, alimentação balanceada e prática de atividades físicas. “Momentos de lazer e desconexão do trabalho também são essenciais para restaurar a saúde mental”, adiciona Bianca.

As universidades e faculdades de Psicologia têm um papel importante a desempenhar, oferecendo serviços acessíveis aos profissionais da Veterinária. “Muitas instituições oferecem atendimentos a preços reduzidos, proporcionando uma oportunidade para que os veterinários busquem ajuda sem comprometer suas finanças”, indica.

Uma abordagem sugerida pela psicóloga é a criação de uma rede de apoio entre os veterinários (Foto: Reprodução)

Rumo a um futuro mais saudável

A saúde mental dos médicos-veterinários é um tema que merece atenção e ação imediata. Compreender os fatores que contribuem para o estresse e promover um ambiente de trabalho mais acolhedor e empático são passos fundamentais para melhorar a qualidade de vida desses profissionais. “A implementação de estratégias de apoio e autocuidado não apenas beneficiará os veterinários, mas, também, refletirá na qualidade do atendimento prestado aos animais e seus tutores”, salienta.

É hora de normalizar a conversa sobre saúde mental na Medicina Veterinária, garantindo que todos os profissionais tenham acesso aos recursos e suporte necessários para lidar com os desafios da profissão. Somente assim será possível cultivar um futuro onde a saúde mental dos médicos veterinários seja tão valorizada quanto sua capacidade técnica.

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