O dia 28 de setembro é uma data marcada pela luta contra uma das doenças mais letais que afetam tanto animais quanto humanos: a raiva. Estabelecido pela Aliança Global para o Controle da Raiva (GARC) e reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial Contra a Raiva é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre a importância da prevenção, vacinação e controle da doença.
Mais do que somente conscientizar a população, também é importante ações de combate à doença. A vacinação é o melhor método de prevenção à enfermidade, e as pessoas, principalmente as que possuem animais de estimação, precisam estar atentas ao cronograma de vacina das cidades e Estados, participando e apoiando as campanhas de vacinação.
Mas, afinal, o que é a raiva?
Para entender a relevância desse dia, é essencial conhecer a doença. “A raiva é uma infecção viral aguda causada pelo vírus do gênero Lyssavirus. A doença afeta principalmente mamíferos, incluindo seres humanos, e se caracteriza por uma encefalite progressiva, levando à morte em quase 100% dos casos”, explicou a médica-veterinária do Hospital Veterinário Taquaral, Beatriz Ferlin. “A transmissão do vírus ocorre principalmente por meio da saliva de animais infectados, por meio de mordidas, arranhões ou lambeduras em feridas abertas”, complementou a profissional.
Em cães e gatos, os sinais clínicos da raiva geralmente surgem de 2 a 5 dias após a infecção, e a morte do animal ocorre, em média, de 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas. “A preocupação se amplia com a presença de animais silvestres, como morcegos, que podem portar o vírus sem apresentar sintomas”, explica a veterinária.
Prevenção: a chave para o controle da doença
A principal forma de prevenção da raiva é a vacinação, tanto de animais quanto de humanos. A veterinária Beatriz explica que “a vacinação de cães e gatos deve ser realizada pela primeira vez entre os 3 e 4 meses de idade, com reforços anuais, conforme recomendações da WSAVA”. Em muitas cidades, campanhas de vacinação gratuita são oferecidas, especialmente em agosto, como parte das políticas públicas de controle da doença.
Além da vacinação, a veterinária ressalta a importância de medidas preventivas adicionais, como “o controle da população de animais de rua, evitando contato com animais selvagens e educando a população sobre como agir em caso de mordidas ou arranhões. Lavar imediatamente a área afetada e procurar atendimento médico é crucial”.
A conscientização é fundamental para combater os mitos que cercam a raiva. “Um dos enganos mais comuns é que apenas cães podem transmitir a doença. No entanto, gatos, morcegos e outros mamíferos também são portadores do vírus”, destacou a veterinária. Outro mito é que somente mordidas transmitem a raiva. “Na verdade, a doença pode ser transmitida por meio de arranhões e contato da saliva com mucosas ou feridas abertas”, complementa Beatriz. Esses mal-entendidos podem subestimar os riscos da doença e dificultar as ações de prevenção.
A conscientização não apenas reduz os casos de raiva, mas também é vital para a saúde pública. Quando a população está bem-informada, a vacinação regular de animais domésticos diminui a transmissão para humanos. “O tratamento da raiva após a infecção é custoso e envolve sofrimento físico e psicológico, tornando a prevenção uma opção muito mais econômica e eficaz”, informa a profissional.
Ademais, conscientizar sobre os riscos do contato com animais silvestres ajuda a preservar o equilíbrio ecológico, prevenindo a propagação da raiva entre as populações de animais selvagens. “Essa abordagem multifacetada não só melhora a segurança das comunidades, mas também propicia um ambiente onde a convivência com animais domésticos é mais segura”, comenta.
Os avanços e desafios da raiva no Brasil
O Brasil tem avançado significativamente no controle da raiva transmitida por cães. Desde 2013, o país não registra casos de raiva humana proveniente de cães, graças a campanhas eficazes de vacinação e profilaxia. Contudo, o cenário se complica com o aumento de casos relacionados a animais silvestres, principalmente morcegos. “Atualmente, a transmissão por morcegos é a principal fonte de infecção da raiva em humanos no Brasil”, informou a veterinária do Hospital Veterinário Taquaral.
Dados do Ministério da Saúde mostram um aumento nos casos de raiva humana entre 2015 e 2024, com um número crescente de transmissões por morcegos e outros animais silvestres. “Essa mudança de perfil ressalta a necessidade urgente de intensificar campanhas de conscientização e vacinação, além de um monitoramento eficaz das áreas afetadas”, frisa.
O Dia Mundial Contra a Raiva é mais do que uma data comemorativa; é um apelo à ação coletiva para proteger a saúde pública. O trabalho conjunto de cidadãos, profissionais de saúde e autoridades é essencial para erradicar a raiva. “O compromisso de todos com a vacinação e a conscientização pode criar uma rede de proteção robusta contra essa doença letal”, reforça Beatriz.
A veterinária relembra a fala de Louis Pasteur: “O médico cura o homem, mas o médico-veterinário cura a humanidade”. “A prevenção e o controle da raiva dependem de um esforço coletivo que envolve tanto a proteção dos animais quanto a saúde da população. Neste 28 de setembro, a mensagem é clara: vacine, conscientize-se e ajude a combater a raiva”, encerra.