Um caso recente no Paraná, no qual uma criança de 9 anos invadiu uma propriedade e matou 23 animais de pequeno porte, levanta reflexões sobre a necessidade de intervenções multidisciplinares para prevenir comportamentos violentos. O ocorrido reforça o papel dos médicos-veterinários não apenas no cuidado com os animais, mas também como agentes fundamentais na identificação de problemas familiares e sociais, principalmente no contexto da saúde única.
Conhecida no Brasil como Teoria do Elo (Link Theory), propõe que a violência é cíclica, afetando tanto seres humanos quanto animais. O agressor, muitas vezes, busca vítimas vulneráveis, e a crueldade contra animais pode ser um indicador de comportamentos violentos futuros. Em crianças, a prática de atos de crueldade contra animais merece atenção especial, já que esses comportamentos podem ser reflexos de um ciclo de violência vivido no ambiente familiar ou sinalizar tendências violentas que, se não tratadas, podem se agravar.
A médica-veterinária Adriana Lucia Souza Netto Serpa (CRMV-RJ 7342) destaca a gravidade da situação: “Segundo o FBI, 80% dos assassinos começam torturando animais”. Ela ressalta a importância de capacitar médicos-veterinários para identificar sinais de maus-tratos, que podem variar desde a ausência das cinco liberdades básicas dos animais até casos de crueldade extrema. Esses profissionais desempenham um importante papel ao comunicar esses casos às autoridades, garantindo que o agressor responda criminalmente.
No entanto, a atuação dos médicos-veterinários em unidades de saúde da família, inseridas no Sistema Único de Saúde (SUS), é essencial não apenas para garantir o bem-estar dos animais, mas também para identificar dinâmicas familiares que possam indicar violência doméstica ou outros problemas sociais. O olhar atento desses profissionais pode, muitas vezes, revelar situações que necessitam de acompanhamento por outros especialistas, como psicólogos e assistentes sociais.
“O monitoramento e acompanhamento médico especializado do agressor é de suma importância, principalmente quando identificado na infância, atuando preventivamente na proteção dos animais e dos seres humanos,” explica Adriana. Ou seja, o trabalho conjunto entre médicos-veterinários e outros profissionais da saúde é essencial para quebrar o ciclo de violência e promover a segurança e bem-estar de todos.
A abordagem precoce e o tratamento adequado podem ajudar a prevenir crimes futuros, garantindo a proteção de animais e pessoas e colaborando para um ambiente mais saudável.
A teoria do elo é uma tríade relacionada à violência que envolve a vida humana, animal e o ambiente e, portanto, é um problema de Saúde Pública. Enquanto um dos componentes dessa tríade estiver em desequilíbrio com os demais, todos serão afetados. Por esta razão, o CRMV-RJ sempre procura enfatizar aos parlamentares a importância dos médicos-veterinários na saúde pública, já que são eles que realizam as visitas domiciliares para diagnóstico de risco à saúde na interação entre seres humanos, animais e meio ambiente.
Fonte: CRMV-RJ, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
FAQ
Como os veterinários podem contribuir com a saúde pública?
Os profissionais, além dos cuidados com os animais, podem identificar casos de violência e maus-tratos, identificando cenários onde há algum distúrbio social que necessite de uma atenção especializada.
É necessário capacitar os profissionais para essa atuação?
Sim, é necessário que os profissionais seja capacitados e treinados para identificar estes sinais de maneira precoce.
Qual a melhor forma de prevenir casos de violência doméstica?
A melhor maneira é identificar os sinais de maneira precoce, acionando os órgãos competentes para que as primeiras medidas sejam tomadas, evitando que a situação se agrave.
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