Diminuição de seu habitat e caça os transformam em espécie alvo na natureza
Cláudia Guimarães, da redação
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Eles são temidos, mas, ao mesmo tempo, despertam grande fascinação nos seres humanos. Fazem parte de diversas lendas, que, segundo o médico-veterinário Thiago Luczinski, realmente, não passam de boatos, já que preferem fugir e se esconder do que um enfrentamento. Estamos falando dos felinos silvestres, com destaque para a onça pintada.
O profissional é responsável técnico (RT) do Instituto NEX, cujo principal objetivo é a preservação e defesa dos felídeos da fauna silvestre do Brasil em processo de extinção. Luczinski explica que se trata de um criadouro científico que não possui finalidade econômica. “Nosso objetivo é auxiliar programas de conservação ex situ e programas de reintrodução/recuperação das espécies alvo na natureza”, menciona.
Atualmente, 24 animais, entre pumas, jaguatiricas, onçaspintadas e outros estão no instituto (Foto: divulgação)
Com suas atividades iniciadas em 2001, o criadouro possui 172 hectares, está localizado em Corumbá de Goiás, a 80 Km de Brasília (DF) e, atualmente 24 animais, entre pumas, jaguatiricas, gatos mouriscos e onças pintadas, recebem os cuidados necessários de seus profissionais. “A equipe que trabalha diretamente com os animais é formada por dois veterinários, dois biólogos e três tratadores”, descreve.
Eles merecem cuidados. Para a manutenção dos animais, o profissional conta que a equipe se apoia em um tripé formado pelos seguintes itens: manejo, enriquecimento ambiental e medicina preventiva. “Um manejo correto, respeitando o indivíduo e suas particularidades, juntamente com um recinto adequado onde ele possa desenvolver suas capacidades (escalar, se entocar, nadar…); o enriquecimento ambiental, onde ele é desafiado a realizar atividades, como por exemplo, trilhas de cheiro, encontrar alimento escondido, interação com objetos, entre vários outros; e a medicina preventiva, onde tomamos todos os cuidados visando evitar que estes animais fiquem enfermos. Para isso, eles recebem uma dieta adequada, com suplementação vitamínica, baixos níveis de estresse, vermifugação periódica, check-ups regulares, tudo que é necessário para manter a higidez do animal”, compartilha.
Para Luczinski, o principal desafio em ser o responsável pelo criadouro é, justamente, manter o animal bem, tanto física, como psicologicamente, permitindo que ele desenvolva toda a sua capacidade. “Quando há necessidade de realizar algum tipo de tratamento médico, fazemos, na maioria das vezes, sem tocar no bicho, apenas interpretando os sinais que ele nos mostra”, revela.
Ajuda necessária. Os profissionais do instituto realizam todo o tipo de procedimento necessário para que eles fiquem bem e se recuperem por completo, conforme comenta o veterinário: “Desde exames laboratoriais, cirurgias, tratamento odontológico, tomografia e ultrassonografia. Possuímos vários parceiros que nos dão apoio em diversas áreas quando precisamos”, reconhece.
De acordo com Luczinski, alguns animais, depois de recuperados, são destinados a outros criadouros e, se tiverem condições, a programas de soltura, sempre com a anuência do órgão competente, que, geralmente, verifica se o local de destino tem capacidade para o recebimento do animal. “Os bichos que estão aqui são aqueles que vêm sofrendo muito com a ação antrópica, tanto pela diminuição drástica de seu habitat, quanto pela caça. Precisamos nos conscientizar da importância destes animais e, assim, conservá-los. Essa iniciativa serve tanto para que possam continuar mantendo seu papel na natureza, quanto para que as gerações futuras possam conhecê-los em seu habitat”, conclui.