O vínculo emocional entre tutores e animais de estimação tem ganhado reconhecimento jurídico no Brasil, especialmente em casos de separação conjugal. A guarda de pets, antes considerada uma questão secundária, hoje ocupa espaço nas disputas judiciais e em acordos de convivência, refletindo mudanças na forma como a sociedade enxerga os animais: como membros da família.
Ariadne Maranhão, advogada especializada em Direito das Famílias e Sucessões, explica que, embora não exista uma legislação específica sobre o tema, os tribunais brasileiros têm adotado decisões que consideram o bem-estar do animal e as condições oferecidas pelos tutores. “O entendimento é que o pet não deve ser tratado como objeto, mas como um ser que requer cuidado, afeto e atenção. Assim, a guarda compartilhada ou unilateral pode ser determinada com base no melhor interesse do animal”, esclarece.
Nos casos em que a decisão vai para a esfera judicial, alguns critérios costumam ser avaliados:
- Rotina do tutor: Quem tem mais disponibilidade para cuidar do animal diariamente.
- Condições financeiras: Qual das partes pode arcar com custos como alimentação, saúde e higiene.
- Histórico de convivência: Quem esteve mais presente no dia a dia do pet ao longo do relacionamento.
Além disso, assim como em disputas envolvendo crianças, é possível estabelecer um regime de convivência, garantindo que ambos os tutores mantenham contato com o animal.
Para evitar conflitos prolongados, Ariadne recomenda a mediação como alternativa. “A mediação pode ajudar as partes a chegarem a um acordo amigável, reduzindo o impacto emocional tanto para os tutores quanto para o animal, que é diretamente afetado pelo ambiente em que vive”, afirma.
Embora o tema ainda esteja em desenvolvimento no Brasil, outros países, como Espanha e Argentina, já possuem leis específicas que reconhecem os animais como seres sencientes, facilitando decisões judiciais mais adequadas. Segundo a especialista, o Brasil caminha na mesma direção, mas o avanço ainda depende de maior atenção legislativa ao tema.
“A guarda de pets é mais um reflexo da transformação das famílias contemporâneas. Cada vez mais, os animais são vistos como parte essencial do núcleo familiar, e o direito precisa acompanhar essa realidade”, conclui Ariadne.
Fonte: Advogada Ariadne Maranhão, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
FAQ
Existe lei ou determinações legais atualmente no Brasil sobre o caso de guarda de pets?
Embora não exista uma legislação específica sobre o tema, os tribunais brasileiros têm adotado decisões que consideram o bem-estar do animal e as condições oferecidas pelos tutores.
Qual a melhor ação para evitar uma disputa judicial?
A mediação pode ajudar as partes a chegarem a um acordo amigável, reduzindo o impacto emocional tanto para os tutores quanto para o animal, que é diretamente afetado pelo ambiente em que vive.
O que leva o juiz a considerar a guarda compartilhada?
O entendimento é que o pet não deve ser tratado como objeto, mas como um ser que requer cuidado, afeto e atenção. Assim, a guarda compartilhada ou unilateral pode ser determinada com base no melhor interesse do animal
LEIA TAMBÉM:
Advogada comenta as responsabilidades jurídicas dos “pais de pet”
Pets têm direito a pensão na separação do casal? Advogada explica sobre o conceito
Advogada comenta desafios da convivência humana e animal em condomínios residenciais