A relação entre tutores e seus cães de estimação sempre foi algo especial, mas uma pesquisa recente mostra que, além da afinidade emocional, muitos tutores escolhem seus pets com base em uma semelhança física com eles próprios. Isso não é apenas uma observação popularizada em filmes, como em “101 Dálmatas”, mas um fenômeno psicológico estudado por cientistas. Pesquisas revelam que muitas vezes as pessoas se sentem atraídas por cães que apresentam características semelhantes às suas, seja no formato das orelhas, na textura do pelo ou até na expressão facial.
O estudo publicado em 2015, por exemplo, observou que mulheres com cabelos longos tendiam a preferir cães com orelhas igualmente longas, enquanto aquelas com cabelos curtos se inclinavam por cães com orelhas eretas. Esse fenômeno, que pode parecer trivial, tem raízes profundas no comportamento humano, como explicou Art Markman, cientista cognitivo da Universidade do Texas. “Se você estiver olhando para vários cães em um abrigo, um dos fatores que impulsiona sua escolha pode ser o fato de o animal parecer familiar, como uma extensão do que você já conhece de si mesmo”, afirmou.
O cientista Michael Roy, em outro estudo realizado em 2004, descobriu que as pessoas conseguiam identificar cães e donos com base apenas em fotos, identificando semelhanças no visual. “Nossa pesquisa mostrou que as pessoas conseguiam combinar fotos de cães e donos com uma taxa maior do que o acaso. Isso acontece porque cães de raça pura possuem características físicas e temperamentos previsíveis, o que facilita essa relação de semelhança”, comentou Roy. Para ele, essa afinidade pode ser tanto física quanto comportamental, como, por exemplo, a escolha de um Labrador por um tutor extrovertido e ativo.

Esse fenômeno pode ser explicado por um processo psicológico conhecido como “efeito de mera exposição”, que sugere que as pessoas tendem a preferir aquilo que já conhecem. Markman destaca que o reconhecimento do familiar pode aumentar o apego ao pet: “Se o animal se assemelha a algo que você já conhece, como seu próprio reflexo ou um cachorro que teve na infância, isso cria uma sensação de conforto e familiaridade”, explicou.
A atração por cães semelhantes a nós pode ser vista também no fenômeno de “acasalamento seletivo”, onde seres humanos, assim como em outros tipos de relações, escolhem parceiros ou amigos com características similares às suas. O cientista Klaus Jaffe, da Universidade Simón Bolívar, descreve isso como um reflexo de um padrão natural, onde, por questões evolutivas, escolhemos seres que compartilham características com nós mesmos. “As pessoas se cercam de outros que são semelhantes a elas, seja na aparência, comportamentos ou gostos”, afirmou.
Portanto, ao escolher um cão de estimação, o fator psicológico não deve ser motivo de preocupação. Markman tranquiliza os tutores, dizendo que, ao escolher um animal de estimação que se assemelha a si, o tutor não está fazendo uma escolha errada. “Se sua decisão é influenciada pela semelhança, isso não é algo ruim. Na verdade, pode ser até positivo, pois aumenta as chances de você criar um vínculo ainda mais forte com o seu pet”, finalizou Markman.
Fonte: CNN Brasil, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
FAQ
Por que as pessoas escolhem cães que se parecem com elas? As pesquisas mostram que a atração por cães que têm características físicas semelhantes às do tutor é um fenômeno psicológico. A familiaridade e o conforto gerados ao escolher um animal que lembra algo de nós mesmos — como o formato das orelhas, o tipo de pelo ou a expressão facial — fazem parte de uma resposta emocional natural. Isso ocorre porque o ser humano tende a se sentir atraído por aquilo que já conhece ou acha familiar, criando uma conexão mais imediata com o pet.
Isso é algo que ocorre apenas com cães de raça pura? Não, esse fenômeno pode ocorrer com cães de qualquer tipo. No entanto, um estudo de 2004 descobriu que a semelhança era mais facilmente identificada quando se tratava de cães de raça pura, devido à previsibilidade das suas características físicas e comportamentais. Isso facilita a identificação das semelhanças entre o tutor e o animal, mas a atração pela semelhança pode ser observada em cães de diferentes raças e misturas também.
O que é o “efeito de mera exposição” e como ele se aplica na escolha de um cão? O “efeito de mera exposição” é um fenômeno psicológico que sugere que as pessoas tendem a preferir coisas que já estão familiarizadas. No caso dos cães, isso significa que, ao estar exposto a certos tipos de cães (como por meio de amigos, mídia ou experiências anteriores), as pessoas podem começar a se sentir mais atraídas por esses animais, mesmo sem perceber. Esse reconhecimento do familiar pode aumentar o apego e a escolha do pet, tornando o processo mais intuitivo e emocional.
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