Segundo veterinária, se o animal tiver outra doença concomitante, pode ter a expectativa de vida diminuída
Cláudia Guimarães, em casa
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Quem nunca quis que o animal adotado fosse um filhote para sempre, não é? O tamanho pequeno de pets é tão encantador quanto bebês recém-nascidos. E, na verdade, algumas vezes, isso pode ocorrer: o animal pode ser para sempre pequeno, mas isso se dá devido ao nanismo, que atinge alguns cães e gatos.
O nanismo, segundo a médica-veterinária especialista em saúde felina e responsável pela primeira clínica Cat Friendly Practice Gold, Vanessa Zimbres, é uma anormalidade genética e/ou endócrina que faz com que um animal seja menor do que o padrão de sua raça e sem capacidade de crescimento normal. “Duas categorias gerais do nanismo são definidas: nanismo desproporcional (ou acondroplasia) e proporcional (ou nanismo pituitário)”, explica.
Entre os felinos, a raça Munchkin foi criada paraproduzir indivíduos anões (Foto: reprodução)
No nanismo desproporcional, conforme explicado por Vanessa, existe uma deficiência na formação da cartilagem e impedimento do crescimento normal dos ossos longos. “Sendo assim, os animais possuem membros encurtados com um tronco normal. Já no nanismo proporcional, os animais são uniformemente pequenos devido à deficiência na produção de hormônio do crescimento”, aponta.
A veterinária ressalta que, em cães, o nanismo hipofisário ocorre secundariamente à distensão cística na glândula pituitária. “Essa condição não é bem documentada em gatos. A maioria dos gatos anões apresenta hipotireoidismo ou mucopolissacaridose segundo pesquisas. Além das causas citadas, desnutrição e doenças crônicas também podem ser responsáveis pela deficiência no crescimento dos felinos”, adiciona.
O problema gera outros? De acordo com Vanessa, os animais, especialmente cães com nanismo hipofisário, podem ter atraso ou falha na dentição permanente, mau desenvolvimento da pelagem, atraso no fechamento da epífise, além das consequências da disfunção endócrina secundária, como o hipotireoidismo e/ou hiperadrenocorticismo.
Como apontado pela profissional, o nanismo desproporcional é mais comum e as complicações estão relacionadas à osteoartrose que leva, principalmente, à deformidade de membros e dor. “Já em gatos, observa-se um potencial de dificuldade de locomoção, osteoartrite e doença do disco intervertebral relacionados à osteocondrodisplasia”, declara.
Duas categorias gerais do nanismo são definidas:nanismo desproporcional e proporcional(Foto: reprodução)
A veterinária revela que as raças de cães Corgis e Dachshunds foram criadas para produzir indivíduos anões e o mesmo ocorreu com a raça de gatos Munchkin, que apresenta nanismo desproporcional. “Os cães da raça Pastor Alemão são os que mais apresentam relatos de nanismo proporcional, sendo considerados mais predispostos ao problema”, relata.
Há como prevenir? Vanessa informa que tudo vai depender do tipo de nanismo identificado no animal. “O acompanhamento com exames radiográficos e a análise de condições crônicas são suficientes para o médico-veterinário orientar o tutor quanto à melhor forma de nutrição e manejo desses pacientes. O nanismo hipofisário exige mais atenção, pois outras endocrinopatias podem estar associadas. Nesse último caso, o manejo da alteração hipofisária em si não é possível, mas as doenças concomitantes podem ser controladas aumentando a expectativa de vida do animal”, discorre.
Segundo a profissional não existem tratamentos para a correção de má formação quando se trata de nanismo pituitário ou osteocondrosdisplasia. “No caso de animais que não se desenvolveram adequadamente por consequência de hipotireoidismo ou má nutrição, o manejo dessas doenças pode até ser possível, com cuidados paliativos, por exemplo, mas a cura, raramente, é alcançada”, destaca.
Saúde dos anões. Os gatos anões, de acordo com Vanessa, geralmente, não excedem 25 centímetros de altura. “Em cães, não tem um tamanho estabelecido, pois existem uma grande variação entre as raças. O comparativo se faz com o tamanho do restante da ninhada e tamanho médio dos indivíduos da mesma raça”, explica.
A médica-veterinária ainda salienta que se os pacientes tiverem outras doenças hormonais concomitantes, com má formação genética, que envolvam, também, menor desenvolvimento dos órgãos ou sofrerem de dor crônica, a expectativa de vida diminui consideravelmente.