Centenas de animais resgatados das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul ainda vivem em abrigos, revelando o colapso do sistema de proteção animal no Brasil. Estimativas apontam que entre 15 mil e 19 mil cães e gatos foram salvos das águas, mas muitos deles permanecem em ONGs ou sob a tutela de pessoas comuns que improvisaram locais de acolhimento. “Não tem nenhuma cidade que a gente visite que não tenha abrigo superlotado”, relata Carine Zanotto, designer de software e cofundadora do Arca Animal, uma das iniciativas criadas para ajudar a organizar e resgatar esses pets.
A sobrecarga dos voluntários e a falta de apoio estrutural evidenciam a ausência de políticas públicas efetivas. Carine conta que a Arca Animal surgiu como uma ferramenta para facilitar adoções e localizar tutores, mas agora busca atuar no mapeamento sistêmico da situação dos animais de rua. “Visitamos abrigos públicos de todos os lugares no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Todos colapsaram. As protetoras estão adoecendo, enlouquecendo e morrendo”, denuncia. O objetivo da organização é transformar os dados levantados em base para políticas públicas, como o projeto de lei que institui o Estatuto do Animal Doméstico.

Na região metropolitana de Porto Alegre, a Associação 101 Viralatas acolheu cerca de 400 animais durante o desastre. France Amaral, gerente da ONG, destaca que o apoio recebido no início da tragédia já não existe mais. “Nosso contingente atual é de aproximadamente 400 animais entre cães e gatos e a gente não recebe nenhum tipo de apoio mais, fora a ajuda de pessoas físicas”, afirma. A instituição busca parcerias com profissionais da saúde mental para atender os voluntários, que sofrem com exaustão emocional após meses de trabalho intenso.
Além dos cães e gatos, outros animais também foram impactados. O cavalo Caramelo, resgatado de um telhado em Canoas, se tornou símbolo da tragédia e foi acolhido por uma universidade. No campo, as perdas foram severas: mais de um milhão de aves e dezenas de milhares de bovinos, suínos e abelhas morreram. A catástrofe não apenas expôs a fragilidade da resposta emergencial, mas também escancarou a urgência de uma política nacional sólida de proteção e bem-estar animal.
Fonte: ICL Notícias, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
FAQ – Animais Resgatados nas Enchentes do RS
1. Quantos animais foram resgatados nas enchentes do Rio Grande do Sul e qual a situação atual deles?
Estima-se que entre 15 mil e 19 mil cães e gatos foram resgatados. Embora muitos tenham sido adotados ou reencontrado seus tutores, centenas ainda vivem em abrigos improvisados ou sob os cuidados de ONGs e voluntários, enfrentando superlotação e falta de recursos.
2. Por que a situação dos abrigos está tão crítica?
Os abrigos enfrentam colapso por falta de apoio público, recursos financeiros e infraestrutura adequada. Segundo Carine Zanotto, do projeto Arca Animal, a ausência de políticas públicas efetivas e a sobrecarga dos voluntários contribuíram para um cenário de esgotamento físico e emocional.
3. Que tipo de apoio as ONGs e voluntários ainda precisam?
ONGs como a 101 Viralatas precisam urgentemente de doações, apoio veterinário, ração, medicamentos e assistência psicológica para os cuidadores. Além disso, há um apelo por políticas públicas permanentes que garantam estrutura, microchipagem e campanhas de adoção e castração.
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