É fato que os animais estão vivendo mais, o que, para os tutores, tem sido algo muito bom e, ao mesmo tempo, desafiador. À medida que os animais envelhecem, mais demandam cuidados, e estar preparados para ajudar os animais e seus tutores nessa fase e, até mesmo, anterior a ela, prevenindo doenças, é o papel do médico-veterinário.
O médico-veterinário presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria Veterinária (SBGV), que realiza atendimento de geriatria em Rio Claro (VolpeVet), Campinas (Sante Vié) e Home Care, Enore Augusto Massoni, explica os sinais de envelhecimento em cães e gatos.
“Eles são muito diversos, vão desde alterações visíveis e facilmente associadas ao envelhecimento como a perda da elasticidade da pele e surgir algo parecido com rugas em humanos e o aumento de pelos brancos, principalmente, ao redor dos olhos boca e em extremidade até alterações mais difíceis de serem notadas pelo tutor, como alterações de comportamento, ficar mais ‘ranzinza’ e ‘mau humorado’ e ficar relutante a atividades físicas”, conta e completa que, animais idosos tendem a acumular mais gordura, principalmente, em região central do corpo ficando “barrigudinhos” e tendem a perder massa muscular ficando com os membros mais “fininhos”.
A médica-veterinária diretora Técnica do Pet Care, Sibele R Konno, explica que a atenção à saúde dos animais deve ser feita desde o momento em que eles fazem parte da nossa vida e estão sob nossos cuidados. “Muda-se somente o foco das preocupações geradas de acordo com a idade dos animais. Já é sabido que a ingestão de corpo estranho, doenças infectocontagiosas são mais comuns em filhotes e animais jovens. Conforme vão envelhecendo, as doenças crônicas, como as cardiopatias, doenças osteoarticulares, doença renal tornam-se mais comuns. Então, a atenção deve existir desde filhote, muda-se somente o foco. Em torno dos cinco anos de idade, cães e gatos começam a apresentar alterações fisiológicas detectáveis em exames clínicos e complementares”, aponta.
Segundo Massoni, o momento ideal para se preocupar com a saúde do animal idoso é desde sempre: “Quanto antes for realizada uma consulta de orientação relacionada ao envelhecimento mais conseguimos diagnosticar precocemente e amenizar esses efeitos do envelhecimento no organismo”.
Sibele lista alguns problemas de saúde relacionados à velhice em cães e gatos:
Problemas osteoarticulares: Exemplo osteoartrite são comuns nos pacientes idosos. Podem ser gerenciados por meio da detecção precoce da osteoartrite, prevenindo quadros de dor crônica. Exercícios e fisioterapia fazem parte do tratamento, evitando a perda excessiva de massa muscular.
Cardiopatias: as cardiopatias são comuns nos cães e, por serem doenças degenerativas, tem uma progressão ao longo do tempo. O acompanhamento com exames (ecocardiograma, avaliação de pressão arterial) são extremamente necessários para uma melhor conduta farmacológica.
Doença Renal: a principal afecção que acomete os felinos idosos. Pode ser acompanhada por meio de visitas regulares ao veterinário, bem como com exames (perfil renal, SDMA, urinálise, ultrassom abdominal). A doença em si costuma ter uma evolução desfavorável, principalmente nos casos de alimentação inadequada, uso de medicamentos que diminuem o fluxo sanguíneo renal ou causam lesão, quando há hipertensão arterial não diagnosticada e/ou não tratada.
Tumores/Neoplasias/Câncer: neste caso, existem alguns testes moleculares de detecção precoce de neoplasias dos três tipos principais (linfoma, carcinoma e mastocitoma) e com boa sensibilidade. Porém, não está ao alcance de todos os tutores e médicos-veterinários. Os exames de check-up regulares (ultrassonografia abdominal, radiografia de tórax, ecocardiograma, exames de sangue) podem auxiliar no diagnóstico.
Neuropatias: como processo de envelhecimento, as alterações neurológicas como distúrbio cognitivo, surdez, perda da acuidade visual, diminuição dos reflexos e ataxia podem ocorrer. Estimular os animais com brincadeiras e passeios são positivos para que a cognição se mantenha. A surdez pode ser resultado de otites não tratadas, por isso, os cuidados e observações constantes são importantes.
Endocrinopatias: o hipertireoidismo nos felinos e o hiperadrenocorticismo nos cães são as doenças mais comuns e são comuns a partir dos cinco anos de idade. As consequências do não diagnóstico e consequente não tratamento, podem ser cutâneos (pelame friável, ralo, piodermites/foliculites, seborreia) ou sistêmicos (diarreia, obesidade ou perda de peso). De qualquer forma, a presença destas doenças diminui a expectativa e a qualidade de vida dos animais.
Doença Periodontal: o acúmulo de bactérias e material orgânico nos dentes leva ao avanço da doença periodontal. Com o tempo, a perda de dentes, dor e inflamação local podem levar os animais a desenvolverem dor crônica, facilitação de inflamações em outros órgãos e diminuição da ingestão de alimentos. A prevenção neste caso pode ser feita por meio da escovação diária dos dentes e da avaliação da necessidade de intervenção (tratamento periodontal) para a retirada de dentes, avaliação da viabilidade dos dentes (radiografias intraorais) e limpeza dos dentes.
“A prevenção para qualquer doença acaba sendo: cuidados na alimentação, vacinação em dia, atividades físicas e detecção precoce de doenças”.
Check-up: quando fazer?
Para Sibele, não existe idade para iniciar o check-up. “Os cães e gatos jovens devem fazer exames regularmente, com o intuito de se entender quais os valores/parâmetros dos pacientes em questão. Para cada faixa etária, espécie e raça, os exames e avaliações devem mudar. Por exemplo, cães de raças predispostas a doenças cardiológicas devem iniciar o check-up mais precocemente. Importante é que os exames de sangue (hemograma, perfis bioquímicos), exames de imagem (ultrassom abdominal, radiografias torácicas e de coluna), exames de urina, exames cardiológicos (ecocardiograma, pressão arterial) estejam incluídos. O controle de peso, prevenção de ectoparasiticidas, status vacinal e parasitológico (fezes) também devem ser avaliados.
Enore Massoni também concorda que não existe uma fase ideal para começar a fazer exames. “Cada paciente tem suas particularidades e comorbidades e a sua frequência de visitas ao veterinário e a necessidade de realização de exames complementares varia bastante. Uma verdade universal é que pacientes idosos precisam de uma maior frequência de visitas e exames e podemos dividi-los em algumas categorias para facilitar essa organização de necessidade, lembrando que isso varia individualmente:
Idoso saudável: apresenta apenas os sinais visuais do envelhecimento sem sintomas de doenças, visitas ao veterinário a cada seis meses;
Idoso com doença recém diagnosticada: idoso com doença diagnosticada em exames de rotina, sem sintomas ou sinais clínicos, visitas ao veterinário a cada três a quatro meses;
Idoso com doença controlada: alguns sinais clínicos já presentes, porém controlados, visitas ao veterinário a cada dois a três meses
Idoso com doença descompensada: doença descompensada, que precisa de acompanhamento frequente, visitas ao veterinário a cada 15 a 30 dias
Idoso sob risco de morte iminente: paciente hospitalizado ou em cuidados paliativos”.
Saúde bucal e higiene dos velhinhos
O que seria a saúde bucal dos animais idosos? Segundo Massoni, os hábitos de higiene bucal vão desde os mais simples, como oferecer brinquedos e alimentos que estimulem a limpeza dos dentes, escovação periódica com escovas e cremes dentais específicos para cães até a Medicina Preventiva com acompanhamento de um médico-veterinário. “Na minha experiência muitos pacientes com um grau avançado de doença periodontal ‘rejuvenescem’ após o tratamento!”.
A diretora Técnica do Pet Care afirma que a melhor forma de se ter uma boa saúde oral é por meio da escovação diária dos dentes dos pets. “Além da escovação, a remoção do tártaro por meio do tratamento periodontal também é importante, pois é através de um exame mais minucioso que podemos identificar algumas alterações imperceptíveis somente ao exame físico”.
No que tange à higiene do animal como um todo, Enore Massoni conta que é comum que animais idosos diminuam seus hábitos de higiene diários como se lamber. “Cabe aos tutores auxiliarem nesses momentos escovando-os, tanto os de pelo longo quanto de pelos curtos; manter a frequência de banhos, não é porque um animal ficou idoso que ele não deve mais tomar banho com a mesma frequência. Alguns animais ‘desaprendem’ o local correto de fazer suas necessidades e isso pode implicar nele se sujar, é recomendado sempre os limpar, pois eles tendem a ficar ansiosos e frustrados quando estão sujos, e essas condições podem acarretar numa aceleração dos sinais do envelhecimento”.
Sibele lembra que a escovação dos pelos é importante, para não somente criar laços e atividades prazerosas com os animais, mas também para a remoção de pelos mortos e identificação de nódulos, pápulas e alterações na pele dos pets. “Os banhos regulares irão depender da raça e do histórico do paciente. Assim como a higiene das dobras (na região oral, na vulva). Caso o animal não ande, a higienização após a defecação e micção é importante para evitar dermatites”.
Trato urinário
Animais idosos podem apresentar problemas do trato urinário, como a cistite que, segundo Massoni, são condições que causam bastante dor e desconforto e, muitas vezes, a incontinência faz com que os animais fiquem sujos causando desconforto estresse e frustração, desencadeando uma liberação acentuada de radicais livres e, consequentemente, agravando sinais de doenças e do envelhecimento. “Mais uma vez a Medicina Preventiva é a melhor opção para o não agravamento dessas condições e suas consequências no organismo dos animais idosos, além de um manejo humanizado mantendo-os sempre limpos também melhora sua qualidade de vida”.
Para Sibele, os problemas urinários podem levar o animal a urinar em locais inadequados, periúria, estranguria e, muitas vezes, os animais se sujam de urina. “O odor pela presença de urina nos pelos afeta os animais de forma indireta e de forma direta. De maneira direta, além do odor forte, os problemas urinários podem ocasionar infecções urinárias, que em algum momento podem ascender e levar a quadros de pielonefrite, dor e consequente administração de medicamentos. De forma indireta, pode levar ao afastamento de tutores seja pelo odor seja pelo ‘peso’ de cuidar. Tratar a causa base e manter a boa higiene dos pacientes é fundamental. A administração de medicamentos, fisioterapia, acupuntura, manejo higiênico e ambiental são necessários para, não só o restabelecimento, mas a manutenção da saúde do animal”.
Exercícios físicos e o manejo da dor
Um animal idoso pode se exercitar? De acordo com Massoni, o exercício físico é essencial para animais idosos. “Além dos benefícios claros, como a manutenção da massa muscular, estímulo do sistema cardiorrespiratório e do sistema musculoesquelético, temos todo o envolvimento do sistema nervoso. Passeios frequentes estimulam todos os sentidos, olfatório, visual, auditivo, tátil e paladar, a interação social também promovida por esses passeios mantem o sistema nervoso ativo e previne doenças degenerativas como a demência senil e a disfunção cognitiva. Animais que não podem passear por diversos motivos devem ter a opção de se exercitar em casa ou em centros de fisiatria, os exercícios vão variar de acordo com cada animal e sua limitação física”.
Sibele Konno comenta que, em alguns estudos, já foi evidenciado em cães e humanos que a ausência de atividade física predispõe a quadros de perda ou piora de cognição. “A atividade física adequada depende da espécie e raça envolvida. Em se tratando de idosos, as atividades de baixo impacto, como caminhadas, caça a objetos e natação são mais interessantes”.
Massoni lembra que animais idosos que perdem sua capacidade de se movimentar perdem, também, qualidade de vida. “Essa condição agrava a perda de massa muscular, pode causar atrofia de membros e estimular a obesidade, pois os animais ingerem a mesma quantidade de calorias e não se movimentam. Como citado anteriormente, a ansiedade e frustração agravam os sinais do envelhecimento. Essas condições causam o aumento da liberação de radicais livres no organismo dos animais e esses radicais livres são a principal causa do envelhecimento. Não apenas a falta de higiene, mas, também, a falta de mobilidade causa um aumento da liberação de radicais livres e isso pode agravar sinais de outras doenças e do envelhecimento. Cabe aos tutores e médicos-veterinários o correto diagnóstico e manejo de condições que podem diminuir a mobilidade, como dores crônicas, doenças articulares e neoplasias. Quanto mais cedo diagnosticadas e iniciado o tratamento menor o impacto dessas condições na qualidade de vida, mais uma vez ressaltando a importância da medicina preventiva”.
Sibele acrescenta que a síndrome do imobilismo, que é bem reconhecida nos seres humanos, causa prejuízos na função cognitiva, perda de qualidade de vida, pois pode piorar quadros de dor, além de causar escaras de decúbito e infecção cutânea. “Também, observa-se piora nas funções respiratória e cardíaca dos pacientes. Nos cães e gatos, a falta de mobilidade representa, principalmente, perda na qualidade de vida. A dor crônica tende a se agravar e a higiene destes pacientes está comprometida. O uso de facilitadores como carrinhos auxilia nos casos de animais grandes. Fora isso, os cuidados com o peso, tratamento da dor e fisioterapia são fatores importantes. Alimentação direcionada, uso de órteses e muito carinho para estimular os animais a se exercitarem”, diz.
Ainda segundo ela, o sobrepeso, a falta de atividade física e o manejo (tipo de piso, tipo de atividades) são fatores que predispõem o desenvolvimento de osteoartrite, uma das doenças mais comuns em animais idosos. “A falta de reconhecimento da doença e da presença de dor fazem com que a osteoartrite evolua juntamente com um quadro de dor crônica, levando a mais lesão e dor no paciente. Os tutores podem auxiliar, detectando a dor nos animais inicialmente. Algumas ações como ter pisos menos escorregadios, controle do peso, melhora da massa muscular e tratamento da dor podem ser realizados para o controle da dor e diminuição do desconforto”.
Sobre a osteoartrite, Massoni afirma que pode levar a um processo doloroso crônico e a perda de mobilidade. “O diagnóstico e o tratamento correto da dor é imprescindível, assim como o emprego de terapias complementares e integrativas, como fisioterapia, acupuntura, moxaterapia entre outras. Mesmo o paciente não manifestando sinais clássicos de dor, como perda de apetite, vocalização e claudicação ele deve ser avaliado para diagnóstico correto pois, muitos deles, principalmente felinos, mascaram sintomas, podendo apresentar graus elevados de osteoartrite mesmo sem demonstrar isso, quando demonstram o quadro já está muito difícil de se tratar”, comenta.
O papel da alimentação
Após conhecer um pouco sobre as principais comorbidades que atingem os pets idosos, Massoni fala sobre o papel das dietas na saúde dos idosos. “Cada paciente e suas comorbidades, como chamamos o seu conjunto de doenças/condições já estabelecidas, vão necessitar de um manejo dietético e nutricional diferente. O que pode se generalizar é o aumento de proteína e a diminuição de carboidratos, que previne o acúmulo de gordura, obesidade e sarcopenia. Hoje em dia, devido à alta disponibilidade de fórmulas prontas e a capacidade de elaborarmos nossas próprias formulações, o uso de nutracêuticos e suplementos é essencial para um bom manejo de animais idosos”, afirma.
Segundo Sibele, a taxa metabólica dos animais muda conforme o envelhecimento e existe uma tendência à mudança da massa muscular. “O ajuste para uma maior quantidade de proteína na dieta ocorre e ajuste da quantidade de calorias também. Nos cães, a tendência à obesidade é mais pronunciada, por isso, a diminuição dos lipídeos e calorias e aumento de fibras devem ocorrer. Os alimentos nessa fase devem ter alta digestibilidade. Já nos felinos, existe uma tendência de perda de peso, assim, as dietas de gatos idosos, é mais calórica que a do adulto. Como muitos pets têm doença periodontal instalada, o tamanho do grão de ração, introdução de dietas úmidas ou ‘mix feeding’ também pode ser recomendado. A maioria das dietas comerciais também conta com antioxidantes na formulação, como o EPA com o intuito de prevenir doenças neurodegenerativas”, comenta.
Declínio cognitivo
Massoni comenta os sinais que estão relacionados ao declínio cognitivo de cães e gatos. “Alguns são mudanças leves de comportamento, como dormir mais, movimentos repetitivos ou alteração de hábitos alimentares até sinais mais graves e clássicos como andar em círculos, déficit proprioceptivo, distúrbio sono-vigília, vocalização excessiva e ‘desaprendizado’, desde brincadeiras até o local onde se alimentam e o local onde fazem as necessidades. Animais em estágio avançado de disfunção cognitiva podem até não reconhecer membros da família, sons e cheiros que antes eram familiares. A prevenção e o diagnóstico precoce são as melhores ferramentas para auxiliar no manejo dessas doenças, assim que o animal apresenta os primeiros sinais do envelhecimento podem ser administrados suplementos e medicamentos antioxidantes, além de sempre estimular o sistema nervoso, com desafios cognitivos e atividades que mantém o cérebro ativo, como passeios, brincadeiras e interação com pessoas e animais. Cabe ressaltar que as condições que aumentam a liberação de radicais livres aceleram e agravam os sintomas da disfunção cognitiva, então tudo que foi dito anteriormente é importante para o manejo correto dessa doença tão comum em nossa rotina”.
Sibele acrescenta que fisioterapia e terapia comportamental podem auxiliar e muito na qualidade de vida e mobilidade do animal. “O enriquecimento ambiental pode ser feito por meio de ‘puzzles’ para se alimentar, mudanças na textura da alimentação, brincadeiras saudáveis, passeios frequentes, socialização responsável. Tratar a dor, nutrição adequada e carinho também são importantes”.
Um bom ambiente
Para um animal idoso o melhor ambiente é aquele que ele está familiarizado, segundo Mossoni. “Mudanças bruscas na disposição dos móveis podem causar estresse e dificuldade de mobilidade em animais com capacidade visual reduzida, por isso deve ser evitado, porém algumas alterações podem trazer mais conforto no dia a dia, e devem ser consideradas, utilização de tapetes ou adesivos antiderrapantes em pisos lisos para facilitar a locomoção e evitar acidentes, deixar camas confortáveis e limpas em mais de um local e com fácil acesso, água limpa e fresca sempre à disposição e em mais de um local, utilização de escadas e rampas e escadas para facilitar o acesso a ambientes que o animal estava habituado a frequentar, utilização de feromônios para tornar o ambiente mais acolhedor, luzes amarelas e mais fracas, evitar sons altos, nos locais que os animais mais frequentam, tapetes higiênicos de fácil acesso e em mais de um local e, por último, evitar deixar locais como vãos e frestas que os animais possam se enroscar e ficar presos, principalmente para aqueles que já apresentam algum grau de disfunção cognitiva”, orienta.
Segundo Sibele, ambientes com telas nas janelas, com facilitadores (escadas e acessórios) que possam facilitar a subida e descida de móveis, são exemplos de espaços adequados para os animais idosos. “O tipo de piso que seja antiderrapante, local adequado para que possam urinar e defecar, cama e local de descanso cobertos. Para os animais que ficam fora de casa, que tenham local de abrigo, protegidos da chuva e do frio. Ao ter uma menor massa muscular, pode haver também uma menor capacidade de se manter aquecido, sistema imunológico não tem mais a mesma agilidade para responder a desafios”.
Cuidados paliativos
E quando os nossos velhinhos chegam ao fim da vida? Como agir para dar mais conforto para eles e considerar os cuidados paliativos? Para Sibele, é necessário cogitar os cuidados paliativos toda vez em que houver um diagnóstico desafiador e necessidade de equilibrar vários tratamentos. “Nos Cuidados Paliativos, o centro do tratamento é o paciente e não a doença e são tratados os ‘sintomas’ conforme a vontade dos cuidadores e aceitação do paciente. A ideia não é a cura da doença, mas controle e melhora dos sinais clínicos e sintomas dos pacientes”.
Já para Massoni, normalmente, se opta pelos cuidados paliativos quando todas as alternativas clínicas já estão esgotadas, o ideal é iniciar uma abordagem paliativa assim que um paciente é diagnosticado como uma condição incurável mesmo ela podendo levar ao óbito daqui cinco dias ou daqui a cinco anos. “Como estamos falando de animais idosos, quase todas as condições que os afetam são incuráveis, consequentemente pacientes idosos são pacientes de cuidados paliativos. Hoje, com o avanço da medicina paliativa, existem vários cuidados que podem ser implementados para manter a qualidade de vida dos pacientes, correto manejo da dor, fisioterapia e terapias complementares, apoio psicológico e espiritual para tutores e assistência e orientação para serviços fúnebres”.
Ele comenta que a Geriatria Veterinária é basicamente a Medicina Preventiva voltada para as doenças e condições relacionadas ao envelhecimento. “Visitas frequentes, programas de saúde e educação dos tutores são essenciais para um correto manejo e, assim, se pode proporcionar um envelhecimento saudável para nossos pacientes. O paciente idoso é aquele que necessita acompanhamento e comprometimento do médico-veterinário que passa a ser uma espécie de porto seguro para a família multiespécie, basicamente se comparando ao médico de saúde da família, na abordagem multidisciplinar dos animais em idade avançada”.
Segundo Sibele, o processo de envelhecimento dos seres vivos faz parte do ciclo da vida. “Com o avanço da Medicina Veterinária no quesito de Medicina Preventiva, de Diagnóstica e Medicamentosa vemos que envelhecer com saúde é possível. Entender que os ‘check-ups’ fazem parte dos cuidados dos animais e que tratamento da dor, atividades físicas e cuidados com a nutrição são essenciais e diretamente ligados a qualidade de vida dos animais corroboram com uma maior longevidade com qualidade”, finaliza.