Utilizando petiscos envenenados, essa é a meta que o governo do País
Os que retornaram para a vida selvagem e, agora, estão ameaçando cerca de 140 espécies nativas na Austrália são os chamados gatos ferais. Segundo informações divulgadas pelo Departamento de Meio Ambiente e Energia do País, eles são da mesma espécie dos gatos domésticos, mas vivem e se reproduzem na selva, sobrevivendo da caça ou de animais mortos. São encontrados em toda a Austrália, em todos os habitats.
Estima-se que existam entre dois e seis milhões de gatos ferais na Austrália. Eles se alimentam, principalmente, de pequenos animais nativos ou exóticos, como coelhos, pássaros e lagartos.
Em julho de 2015, o País declarou, oficialmente, que gatos ferais são uma praga que ameaça a vida nativa australiana. “Apesar de reconhecer a importância dos gatos domésticos como animais de companhia, gatos que voltam à vida selvagem podem ameaçar a fauna nativa”, consta na declaração.
Além disso, o país lançou um programa de eliminação desses gatos não domesticados. “Eles têm sido um dos principais responsáveis pela extinção de pelo menos 27 mamíferos, desde que foram introduzidos na Austrália. Hoje, eles colocam em perigo, pelo menos, 142 espécies e mais de um terço dos mamíferos, répteis, sapos e pássaros que estão ameaçados”, afirma o documento Estratégia para Espécies Ameaçadas, também de 2015.
Críticas à medida. Na época do lançamento do programa de abate de gatos, em 2015, foram criados abaixo-assinados contra a medida. Um dos mais populares conseguiu cerca de 30 mil assinaturas, muitas delas este ano, depois que o fato voltou a ganhar destaque na imprensa internacional. O texto da petição recomenda que o governo australiano utilize outro método de controle da população de gatos: fazer armadilhas para capturar os animais, castrá-los e depois liberá-los.
Segundo o Departamento de Meio Ambiente da Austrália, os métodos de tiro e armadilha são difíceis, caros, demorados e exigem pessoal especializado. Assim, na visão deles, a forma mais efetiva de controlar os gatos selvagens em grandes áreas é por meio de petiscos envenenados.
Tratam-se de pequenos petiscos de carne, injetados com uma toxina fatal para os gatos. A recomendação é que sejam jogados no chão, com aviões ou drones, por exemplo – já que gatos não cavam o solo para encontrar comida.
Há mais de um tipo de veneno. Para a região da Austrália Ocidental, o governo desenvolveu uma isca chamada “Eradicat”. É um petisco de carne de canguru e frango com uma toxina sintética chamada de 1080, que reproduz um veneno natural encontrado em algumas plantas dessa região.
Por isso, muitos dos animais nativos da região já desenvolveram resistência. Já os gatos, que são espécies exóticas, não têm a mesma tolerância e acabam não resistindo. Ao ser ingerido, o 1080 interromper a capacidade das células dos gatos de processar energia, fazendo com que percam a consciência e morram. Já em outras regiões da Austrália, como o Norte e o Leste, a toxina 1080 pode ser perigosa também para espécies nativas. Assim, o “Eradicat” não é recomendado. Como alternativa, o Departamento do Meio Ambiente desenvolveu outro tipo de petisco, contendo uma cápsula de plástico rígido com veneno, chamada “Curiosity”.
Gatos não costumam mastigar muito a comida, pelo contrário, tendem a engolir pedaços inteiros. Assim, acabam ingerindo a cápsula envenenada presente no petisco. A “Curiosity” provoca a morte por falta de envio de oxigênio para o cérebro e outros órgãos vitais. “É um claro ganho de humanidade em relação a outras toxinas”, diz o Departamento de Meio Ambiente da Austrália.
Fonte: BBC, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.