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Pets e Curiosidades, Destaques

Barulhos de buzinas, secador de cabelo e de carros podem causar problemas auditivos nos pets

Por Equipe Cães&Gatos
gato com medo
Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Acontece com frequência: no meio e no fim do ano surgem várias notícias sobre como o barulho dos fogos de artifício, seja na festa junina ou no réveillon, pode afetar os animais de companhia. No entanto, em todos os meses há sons que não atrapalham os humanos, ao contrário, fazem parte de suas rotinas, mas que, para os pets podem gerar certo incômodo.

Conversamos com a médica-veterinária, coordenadora e docente do curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), Meire Maria da Silva, que destacou que os sons de motores de carros, buzinas, máquinas industriais, máquinas de lavar roupas durante a centrifugação, entre outros ruídos, podem causar muitos problemas auditivos para animais, inclusive perda auditiva. 

No entanto, segundo a profissional, esses barulhos têm um agravante maior para os animais. “Diferentemente dos humanos, os cães e os gatos não podem desligar um aparelho de som ou, simplesmente, utilizar sozinhos um protetor de ouvido para ruídos altos, ou seja, eles não conseguem se defender de sons muito altos e isso, muitas vezes, gera consequências graves, incluindo mudanças na evolução das espécies segundo algumas pesquisas, pois a poluição sonora é uma ameaça à saúde”, alerta.

Meire menciona que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição sonora é considerada um dos problemas ambientais mais graves da atualidade, perdendo apenas para a poluição das águas e ficando à frente da poluição do ar, alertando que o som não deve ultrapassar 70 decibéis (dB) nem para humanos nem para animais, principalmente para os cães, que têm uma audição bem mais evoluída na captura dos sons do que os humanos.

“É importante destacar que um cão ouve quatro vezes ‘melhor’ do que os seres humanos. Isso está relacionado ao fato de que os peludos identificam sons tão claramente, mesmo eles estando quatro vezes mais longe da fonte do barulho comparando com humanos. Entretanto, os cães conseguem ter uma percepção e ouvir sons que são absolutamente inaudíveis para nós, principalmente nas frequências mais altas. Em resumo, o ouvido humano pode captar sons que estão numa faixa de vibração entre 20 e 20.000 ciclos por segundo, enquanto os cães alcançam sons entre 18 e 40.000 ciclos por segundo”, revela e adiciona que os gatos ouvem melhor que os cães, pois eles captam sons que estejam numa frequência de 45 até 64.000 Hz, enquanto os caninos ouvem um pouco menos, de 67 a 45.000 Hz.

Fogos de artifício, trovões, eletrodomésticos, sirenes e buzinas, gritos altos de humanos, entre outros barulhos, causam estresse em cães e gatos (Foto: reprodução)

De acordo com a docente, acima de 85 decibéis (dB), o ruído já se torna uma ameaça à saúde dos animais e pode começar a comprometer a função estrutural do aparelho auditivo. “Na natureza, poucos ruídos atingem essa marca, com exceção das trovoadas, das grandes cachoeiras e das explosões vulcânicas. Porém, para cães e gatos, sons musicais acima de 70dB já incomoda e pode trazer consequências graves, principalmente, pela rotina desses sons na vida dos pets, bem como os sons do secador, aspirador de pó e buzinas de carro e motos”, enumera.

As consequências sempre chegam!

A intensidade dos barulhos, segundo Meire, pode desencadear irritação e medo, principalmente quando falamos em gatos, que já costumam ter mais fontes de estresse do que os cães. “Eles tendem a se esconder em locais como embaixo de algum móvel e, muitas vezes, apresentam tremores. Os principais barulhos que causam estresse em cães e gatos são: em primeiro lugar, os fogos de artifício; em segundo lugar, os trovões; em terceiro lugar, eletrodomésticos; em quinto lugar, as sirenes e buzinas; em sexto lugar, o barulho do estouro da bolha de plástico ou de balões de festas e, em sétimo lugar, gritos altos de humanos”, elenca.

A veterinária explica que o animal, após sofrer um trauma referente a um barulho, pode desenvolver algumas patologias. “Os fogos de artifício são o barulho mais grave para esses animais. Eles ficam muito estressados, tendem a ficar ofegantes e com ritmo cardíaco acelerado. Podem apresentar consequências relacionadas à parada cardíaca e convulsão”, exemplifica. É importante, segundo ela, ficar atento para os animais que sofreram um evento incapacitante no passado relacionado a um barulho específico: “É provável que cada vez que ele o ouça o barulho específico que causou um trauma, seus níveis de estresse aumentem rapidamente”, insere.

Além do estresse que esses animais traumatizados por algum som podem desenvolver, eles ainda podem apresentar latidos constantes, convulsões, problemas cardiorrespiratórios e, algumas vezes, agressividade, de acordo com a docente.

Abraçar o pet e passar segurança a ele, ficando ao seu lado até a finalização do barulho excessivo, é uma das melhores formas de agir (Foto: reprodução)

“Um carinho, às vezes, cai bem!”

Para ajudar a tranquilizar os animais em locais e situações barulhentas, Meire cita que o tutor deve se preocupar em promover um ambiente seguro para cães e gatos. Um exemplo é ter uma cabaninha dentro de casa. “Ajuda muito na hora deles se esconderem”, garante a profissional. Além disso, abraçar o pet e passar segurança a ele, ficando ao seu lado até a finalização do barulho excessivo, é uma das melhores formas de agir. “Hoje, existem, também, alguns tipos de coletes que têm um pouco essa função de abraço do tutor e minimizam o medo. Ele promete sossegar os ânimos de cachorros que ficam agitados em situações como estouro de fogos de artifício, tempestades com trovões e a ida ao consultório veterinário. Seu material é composto por um tecido elástico, possui fechos de velcro, se ajusta ao corpo do animal e produz uma leve pressão no corpo do pet, semelhante ao abraço do tutor”, indica.

Mas quando e como o tutor pode perceber que o medo é excessivo e, por isso, merece uma ida ao veterinário? Meire comenta que os pets com fobia de barulho tentam se esconder em qualquer lugar, urinar dentro de casa ou latir sem parar. Um dos principais sintomas da fobia de barulho é a ansiedade, que se manifesta por meio de tremores, comportamentos estranhos, ofegantes ou mesmo tentativas de fuga. “Outros sintomas, como respiração ofegante, muito estresse, agressividade e convulsões desenvolvidas por algum trauma de barulhos podem persistir e, se essa persistência não passar em 24 horas, o recomendado é levar o animal ao médico-veterinário”, salienta.

O veterinário, por sua vez, ao se deparar com casos mais graves, deve prescrever alguns fármacos calmantes, utilizar uma música relaxante, como por exemplo a clássica, em um volume adequado para os pets, associado à cromoterapia, conforme explicado por Meire. “Trata-se de uma terapia complementar em que são utilizadas cores básicas, como vermelho, laranja, amarelo, verde, azul ou violeta, que auxiliam no tratamento de insônia ou doenças neurológicas”, elucida.

Porém, vale lembrar que os cães e os gatos com fobia de barulho nem sempre podem mudar sua reação. “Isso é muito intuitivo. Por esse motivo, recomendo aos tutores buscar ajudá-los da melhor maneira possível, se informando com profissionais veterinários sobre a melhor forma de minimizar o problema. Gostaria de deixar algumas informações para proteger seus pets: um secador de cabelos provoca 90dB de ruído e uma turbina de avião 130dB; já uma buzinada provoca 110dB de ruído e um show musical (o animal ficando próximo às caixas de som) gera mais de 130dB”, conclui.