A adoção de determinadas raças ou “estilos” de animais de estimação, muitas vezes, é movida por alguma inspiração: um personagem de filme ou novela ou um vídeo engraçado nas redes sociais. Prova disso é o “vira-lata caramelo”, dono de muitos memes na internet, mas, o pet da vez é o cão “fiapo de manga”, também chamado de “estopinha”.
A médica-veterinária do HVT Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas (SP), Caroline Gonçalves de Almeida Bento, define que estes são sem raça definida (SRD), com uma pelagem mais dura, desalinhada e eriçada, têm barbixas e tufos de pelos nas orelhas e sobrancelhas. “São engraçados, alegres e ativos. Raramente precisam de tosa como os cães de pelos longos”, informa. Apesar disso, os pelos devem ser banhados e hidratados regularmente.
Adoção consciente
Na visão da profissional, a viralização de um tipo específico de cachorro, em se tratando de um SRD, haverá maior procura nas ONGs, reforçando ainda mais a necessidade da adoção e não na compra de animais. “No entanto, adotar um animal ‘da moda’ faz com que não seja considerado seu temperamento e suas necessidades de saúde a longo prazo. Não é prudente comprar nem adotar por uma vontade momentânea. O impulso na adoção gera negligência, maus-tratos e abandonos por não estarem preparados para lidar com as necessidades do animal”, argumenta.
Para ela, se a pessoa se deixar levar pelo impulso ou modismo, com o passar do tempo, podem ter devoluções e abandonos, prejudicando a qualidade de vida destes animais. “A adoção deve ser guiada, principalmente, pelo ato de cuidado e amor pelos animais, conscientes de que animais sem raça definida, independente da característica, merecem um lar seguro. E claro, antes da adoção, é preciso procurar sempre a orientação do médico-veterinário”, frisa.
Ao adotar um animal, Caroline destaca que é importante entender como está a saúde geral, realizar os exames complementares, atualizar as vacinas, fornecer uma alimentação de qualidade, entre outras questões a serem ponderadas. “Recomendo que avalie com um médico-veterinário as características do animal, prevendo o tamanho que o filhote ficará quando adulto, se a residência tem espaço para um cão, se toda a família está de acordo. Na existência de outro animal na casa, será que seu temperamento possibilitará esta convivência de maneira segura para ambos? Além da dedicação e tempo poderão ter custos não previstos no orçamento”, elenca.
Aparência deve ficar em segundo plano
Por isso, as características físicas do pet devem ser menos importantes do que os itens listados pela veterinária. “As pessoas devem pensar na rotina da família, pois um novo animal demanda tempo e atenção. Também é preciso entender os custos iniciais previstos para não serem ‘pegos de surpresa’”, reitera.
Essa aparência do cão “fiapo de manga” é resultado de cruzamentos entre cães de pelos curtos e cães de pelos longos. De acordo com a veterinária, não devemos estimular estes cruzamentos. “É preciso entender que há particularidades entre as raças. Com as experiências, podemos influenciar diretamente a saúde e a qualidade de vida destes cães”, finaliza.