Além dos homens que vestem a farda de Bombeiro, os cães também merecem grande reconhecimento, por desempenharem função importante em resgates. O trabalho desses parceiros de trabalho está sendo frisado durante esta semana, pois, no dia 02 de julho, foi comemorado o Dia do Bombeiro Brasileiro.
A partir do potencial do faro inerente à espécie, os animais são treinados para encontrar vítimas em casos de desmoronamento ou deslizamento de terra e, também, em situações de pessoas desaparecidas.
Para se ter uma ideia de como isso é possível, basta fazer um comparativo simples da capacidade olfativa dos cachorros com a dos seres humanos. “Enquanto os homens têm cinco milhões de células olfativas, os cães possuem, em média, 200 milhões”, comenta o médico-veterinário presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Rodrigo Mainardi.
O veterinário Carlos Augusto Donini, Conselheiro no CRMV-SP, argumenta que essa capacidade mencionada por Mainardi pode ser ainda maior, dependendo da raça, destacando-se Golden Retriever, Labrador, Pastor Alemão, Pastor Belga de Malinois, Bloodhound, Beagle e Bassethound. “Há séculos essas raças foram mantidas e reproduzidas para caça, por que identificavam a ‘pista da presa’ pelo olfato aguçado”, aponta.
Raças como Golden Retriever, Labrador,Pastor Alemão, Pastor Belga de Malinois, entre outros,possuem capacidade olfativaaguçada (Foto: divulgação/Alberto takaoka)
Outro fator que os profissionais ressaltam e que influencia nesse potencial é a capacidade que os cães têm de movimentar suas narinas de forma independente uma da outra, o que possibilita distinguir de qual direção vem o odor. “Com isso, conseguem segregar 20 odores diferentes simultaneamente, habilidade que é ainda mais estimulada com condicionamento técnico e adestramento especializados”, afirma Donini, que frisa que, dessa forma, os cães podem identificar partículas de gases, substâncias químicas e biológicas, resíduos de cadáveres (mesmo incinerados) e até corpos submersos.
Eficiência nas operações. De acordo com o Sargento Clóvis B. de Souza, do Canil Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, essas capacidades permitem que o animal vá eliminando trechos de áreas de busca em uma ocorrência, por exemplo, tornando as operações muito mais eficientes. “Isso aumenta as chances de resgate de vítima com vida, pois enquanto 20 homens, vasculhando uma área pequena, levariam em torno de uma hora para localizar uma pessoa, um único cão conseguiria encontrar a vítima em aproximadamente 20 minutos em um trecho do mesmo tamanho”, afirma.
Para o médico-veterinário Donini, essa eficiência também pode ser atribuída, especialmente, em casos de vítimas vivas soterradas, à outra “habilidade extraordinária” e distinta dos cachorros: a audição. “Enquanto os humanos percebem sons entre 16 e 20 mil hertz, os cães ouvem até 40 mil hertz”, revela.
Treinamento complexo. Diferentes dos cães de faro de polícias, que são preparados principalmente para identificar substâncias entorpecentes e materiais explosivos, os do Corpo de Bombeiros aprendem a reconhecer o odor das cédulas humanas, o que significa desenvolver uma habilidade ainda mais aguçada, uma vez que o cheiro do corpo humano pode variar consideravelmente de acordo com sexo, idade e até hábitos de vida das vítimas.
Os odores mudam de homem para mulher, de idoso para criança e de pessoas que fumam, consomem bebidas alcoólicas ou fazem uso de drogas para as que não possuem esses hábitos, segundo o Sargento Clóvis. “Todos esses fatores tornam mais difícil o treinamento dos cães, que pode chegar a um ano e meio”, explica.
Para manter a eficiência desses cães de trabalho, a rotina no canil envolve atividades lúdicas e iniciativas de enriquecimento ambiental, sem deixar de lado a importância do bem-estar, pensando não só na saúde física, mas comportamental do animal.
Fonte: CRMV-SP, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.