Um vídeo que viralizou nas redes sociais, salvou a vida de uma criança. Uma noite que poderia ter se tornado um pesadelo para a família de Raelynn teve um final feliz graças ao alerta de Spy, o cachorro de serviço da menina. Raelynn, que tem diabetes tipo 1, estava gripada e dormia quando Spy, treinado para detectar variações nos níveis de glicose, começou a agir de forma inquieta. Embora a família tivesse administrado insulina uma hora antes, Spy persistia em sinalizar que algo estava errado. Ao verificar, descobriram que os níveis de glicose de Raelynn estavam perigosamente altos. A intervenção rápida, motivada pelo comportamento de Spy, foi crucial para evitar complicações graves.
Esse tipo de comportamento dos cães de alerta médico é mais comum do que muitas pessoas imaginam, como explica o especialista em comportamento canino, Fernando Lopes. “O olfato dos cães é extremamente poderoso e eles conseguem detectar alterações bioquímicas no nosso corpo. Muitas vezes, até antes de termos qualquer sintoma visível, o cão já percebe a mudança e dá sinais. Isso ocorre porque eles são capazes de identificar variações hormonais e outros indicadores que nós, humanos, não conseguimos”, destaca Lopes.
Fernando, que tem anos de experiência como adestrador, conta que esse tipo de conexão é resultado de um vínculo profundo que os cães desenvolvem com seus tutores. “Eu mesmo já vivenciei situações em que o comportamento de um cão que eu estava adestrando mudava completamente de acordo com o meu estado emocional ou físico. Se eu estava estressado ou preocupado, o treino simplesmente não fluía como de costume. Foi então que comecei a pesquisar mais sobre essa sensibilidade dos cães e descobri que eles podem detectar até mudanças hormonais, como o aumento do cortisol”, explica.
Lopes também ressalta o famoso caso de um Yorkshire na Inglaterra, que ficou mundialmente conhecido por sua habilidade em detectar alterações nos níveis de glicemia da sua tutora, que também era diabética. “Esse Yorkshire passou a dar voltas em torno da sua dona sempre que os níveis de glicose subiam rapidamente, a ponto de, em algumas ocasiões, nem dar tempo dela administrar a insulina. Isso despertou o interesse de pesquisadores e, após experimentos, ele foi utilizado em hospitais para auxiliar no monitoramento de doenças.”
O adestrador enfatiza que, embora esses exemplos pareçam extraordinários, a ciência tem comprovado cada vez mais as habilidades sensoriais dos cães. “Estudos sobre a capacidade olfativa dos cães continuam a ser desenvolvidos. Eles já são amplamente utilizados para detectar drogas, explosivos e até certos tipos de câncer. Agora, estamos começando a entender melhor como eles também podem ajudar na detecção precoce de problemas de saúde, como no caso de Spy e Raelynn.”
Para Fernando Lopes, esse tipo de conexão entre humanos e cães vai além de um simples relacionamento entre dono e animal. Ele acredita que os cães captam muito mais do que apenas odores. “Já ouvimos muitas histórias de cães que ficam ao lado de seus donos quando estão doentes ou até momentos antes de falecerem. Eles sentem algo que nós não conseguimos. Isso tudo está ligado ao faro apurado que possuem, mas também a uma conexão emocional e, quem sabe, até espiritual.”
O especialista reforça a importância de prestar atenção aos sinais que os cães oferecem. “Mudanças de comportamento em um cão muitas vezes estão diretamente relacionadas ao que está acontecendo com seu tutor. Um cão bem treinado consegue dar sinais claros de que algo está errado. Seja no caso de detectar doenças ou apenas identificar quando seu dono está emocionalmente abalado, os cães têm essa incrível capacidade de nos entender de uma forma que muitas vezes ignoramos.”
A história de Spy e Raelynn é mais uma prova de como os cães podem desempenhar papéis fundamentais na vida de seus tutores, salvando vidas e demonstrando uma sensibilidade impressionante.
Fonte: Adestrador Fernando Lopes, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
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