Conselho realiza debate dia 18 de agosto sobre os desafios dessa zoonose no Brasil
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), como não poderia ser diferente, dá bastante atenção ao controle da leishmaniose visceral (LV) no País. Em seu site, mantém perguntas e respostas sobre a LV, bem como uma Nota Técnica, ambas constantemente acessadas e servindo de base e orientação para toda a classe profissional.
Além disso, agora, em homenagem à Semana Nacional do Controle e Prevenção à Leishmaniose, no dia 18 de agosto, às 17h, o CFMV promove o debate “Medicina Veterinária e os Desafios da Leishmaniose Visceral no Brasil”. A transmissão ao vivo será pelo canal do Conselho no YouTube. O debate reunirá algumas das principais autoridades do País sobre o tema. O evento gratuito terá duas horas de duração e não é necessário inscrever-se previamente.
A Semana Nacional do Controle e Prevenção à Leishmaniose ocorre de 10 a 15 de agosto, para estimular ações educativas e preventivas, além de promover debates sobre as políticas públicas de vigilância e controle das leishmanioses no Brasil. Foi instituída pela Lei Federal nº 12.604, de 3 de abril de 2012. O médico-veterinário exerce um papel específico e relevante, essencial na vigilância, prevenção e controle da LV, conhecida popularmente como calazar, atuando em duas vertentes estratégicas: a saúde pública e a clínica veterinária.
Leishmaniose visceral. A LV é conceituada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das doenças mais negligenciadas do planeta. Estima-se que, no mundo, ocorra uma média de 500 mil casos ao ano. No Brasil, dados do Ministério da Saúde (MS) apontam uma média superior a três mil casos anuais e uma letalidade em torno dos 7%, tendo como fator de imensa preocupação a elevada concentração de casos em crianças, na faixa etária de zero a 14 anos. A doença também pode acometer uma alta proporção de cães em algumas localidades de municípios endêmicos.
No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam uma média superior a três mil casos anuaisde leishmaniose e uma letalidade em torno dos 7% (Foto: reprodução)
Trata-se de uma zoonose clássica, que envolve no seu ciclo de transmissão um vetor (flebótomo), conhecido popularmente como mosquito-palha, birigui ou cangalhinha, que se reproduz em matéria orgânica e cuja fêmea realiza seu repasto sanguíneo em animais vertebrados em áreas silvestres, rurais e urbanas, os quais atuam como reservatórios do protozoário Leishmania chagasi.
Em áreas urbanas, o cão tem a maior relevância nesse papel. Ao ser infectado por um flebótomo, ele pode ou não desenvolver sinais e sintomas e, ao ser picado novamente, pode levar o protozoário a outros vetores que disseminarão a doença, inclusive em humanos. Por esse motivo, o uso de medidas de prevenção, como produtos repelentes aos insetos ou vacinas antileishmaniose visceral canina, bem como o uso de telas finas em canis, são importantes para reduzir os impactos da zoonose. Por outro lado, o manejo correto e ético do animal doente é essencial para evitar que ele se torne uma fonte de infecção potencial e, portanto, um risco para a saúde de outros animais e seres humanos.
Atuação do CFMV. Nos últimos dois anos, o Conselho realizou dois seminários nas regiões Norte e Centro-Oeste sobre a leishmaniose, nos quais promoveu a atualização sobre o tema para acadêmicos e profissionais. Também participou, nos estados do Acre e de São Paulo, de dois eventos em que abordou a LV na visão do Conselho. Em 2019, realizou o Fórum de Saúde Pública Veterinária, na cidade de Curitiba (PR), em que a doença foi abordada com destaque.
No campo político, o CFMV tem estreitado contatos com a Coordenação Nacional do Programa, na Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), tendo como objetivo fortalecer o papel do médico-veterinário. Tem atuado também próximo à Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), inclusive participando do congresso nacional promovido pela entidade.
O CFMV participa do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e, na XVI Conferência Nacional de Saúde (2019), obteve destaque para a Medicina Veterinária. Os representantes do Conselho realizaram uma apresentação sobre a Saúde Única e, em nome da instituição, encaminharam propostas de moção amplamente aprovadas pela plenária: uma propondo a Saúde Única como política de saúde pública para o País; e outra direcionando o resgate e fortalecimento das Unidades de Vigilância de Zoonoses.
Na live do CFMV, os médicos-veterinários Francisco Edilson de Ferreira Lima Júnior, integrante da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do CFMV (CNSPV); Mary Marcondes, co-presidente da Comissão Científica da Associação Mundial de Pequenos Animais (SC-WSAVA); e Vitor Márcio Ribeiro, vice-presidente do Brasileish – grupo de estudo em leishmaniose animal, e Conselheiro da Anclivepa de Minas Gerais, serão moderados pelo presidente da CNSPV, Nélio de Morais.
“Vamos discutir, atualizar e sensibilizar a população e os profissionais de saúde, especialmente os médicos-veterinários, sobre epidemiologia, diagnóstico e manejo da leishmaniose visceral nos homens e nos animais, bem como sobre as estratégias de prevenção e controle, considerando a comemoração da Semana Nacional de Controle e Combate”, adianta Morais, idealizador do evento.
Fonte: CFMV, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.