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Clínica e Nutrição

COMO DIAGNOSTICAR O HIPOADRENOCORTICISMO EM CÃES?

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Wellington Torres, em casa 

wellington@ciasullieditores.com.br

Diagnosticar a doença de Addison, mais conhecida como hipoadrenocorticismo, exige muita atenção dos médicos-veterinários. Pela inespecificidade dos sinais clínicos, o problema é comumente confundido por outras doenças, o que exige maior foco no comportamento do cão e um exame específico.

Segundo o médico-veterinário especializado em endocrinologia e metabologia, Luiz Carlos de Castilho Junior, a doença é uma patologia recorrente da hipofunção da glândula adrenal, fazendo com que o corpo do animal pare de produzir alguns hormônios essenciais, no caso, o cortisol, responsável pelos glicocorticoides e a aldosterona, responsável pelos minerais corticoides.

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A inespecificidade dos sinais clínicos dificulta, e muito, o descobrimento da doença (Foto: reprodução)

“Geralmente, a origem dessa doença é uma destruição imunomediada da glândula, então, vai ter o cunho genético, mas também pode ocorrer por trauma, alguma neoplasia na glândula ou outras causas mais incomuns”, explicou o especialista.

Os sinais clínicos apresentados pelo animal, ocasionados pela deficiência dos hormônios, variam, segundo o médico-veterinário. “Por conta da deficiência do mineral corticoide, por exemplo, o paciente vai passar a beber mais água, fazer mais xixi, que ocorre pela alteração no balanço eletrolítico, principalmente do sódio e do potássio na circulação. Também terá dificuldade na manutenção da pressão, o que, geralmente, acaba deixando o animal hipotenso e enfrentará problemas na manutenção do estado hídrico, desidratando bastante”, afirmou o profissional.

Já no que tange à diminuição do cortisol, o animal tende a apresentar vômito, diarreia, hipoglicemia e alguns sinais gastrointestinais, que piorará o quadro de desidratação, além do contínuo quadro de prostração.

“São sinais bem inespecíficos e, por conta disso, existe uma dificuldade no diagnóstico. Por isso, ela é frequentemente confundida com a doença do carrapato ou com alguns problemas renais ede fígado, que possuem exatamente os mesmos sintomas. Até suspeitarmos do hipoadrenocorticismo, é comum que os pacientes já tenham sido tratados várias vezes com tratamentos supórticos, como soro, medicação para vômito, tratamento para diarreia e outros”, como contextualizou Castilho.

Ainda segundo o especialista, é muito comum, nesses tratamentos de apoio, antes do diagnóstico da doença, que o animal apresente alguma melhora. Contudo, o quadro volta a piorar depois de alguns dias ou semanas. 

Como aconteceu com o Boris, cão da raça Border Collie. Segundo Marcos Fabiano, tutor do animal, Boris enfrentou uma longa jornada até o diagnóstico e início do tratamento adequado. “Foram quase 90 dias de idas e vindas do consultório veterinário, onde inicialmente foi cogitada a possibilidade de ser a doença do carrapato, depois leishmaniose, ambas descartadas”, contou, complementando que, durante o período, o cão passou a ficar cada vez mais prostrado, magro e fraco, até não conseguir andar.

Mas como é feito o diagnóstico? De acordo com o médico-veterinário, “o diagnóstico da doença é um pouco mais complicado, do que se possa imaginar, pois envolve dosagem hormonal” e é pouco utilizado na rotina dos consultórios. Isso ocorre pelo valor da ação.

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A prostração é um dos sinais mais comuns da doença (Foto: reprodução)

“É feito o teste de estimulação por ACTH, onde estimulamos a glândula adrenal a produzir o hormônio (cortisol) por meio da aplicação do ACTH, um hormônioproduzido pela hipófise no sistema nervoso central e que estimula a adrenal a produzir o cortisol. Fazemos a coleta do sangue para mensuração do cortisol, aplicação do ACTH e, após 1 hora, dosamos novamente o cortisol”, explicou. Ainda segundo ele, é preciso constatar que a quantidade de hormônio está bem reduzida.

Realizada a comprovação, é dado início ao tratamento medicamentoso. “Com uma semana do diagnóstico, com o uso dos medicamentos indicados pelo veterinário, ele já havia voltado muito próximo do animal saudável que era. É claro que, para isso, mantemos o contato contínuo com o médico-veterinário”, comemorou o tutor.

Mas, e os gatos. Eles podem ser acometidos? O médico-veterinário explica que sim, contudo, é extremamente raro. “Na literatura, existem pouquíssimos casos descritos e acredito que ainda não se tenha uma resposta acerca dos motivos que a espécie não apresenta tanto a doença. Talvez por terem menos predisposição às doenças autoimunes envolvendo a glândula adrenal”, especulou Castilho.

E, perante os casos citados, os gatos apresentaram os mesmos sinais clínicos que os cães, com a mesma causa: a deficiência dos dois hormônios. 

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