Mesmo que ainda pouco conhecida, a doação de sangue também é realizada na Medicina Veterinária. Os cães e gatos podem precisar de transfusões de sangue em diversas situações, como intoxicações, doenças autoimunes e cirurgias. A origem do sangue que será transfundido pode vir de bancos de sangue veterinários e até de donos de pets, que levam seus animais para doar e ajudar.
O problema é que muitos bancos de sangue estão com um estoque crítico devido à baixa procura pela doação. Manter os estoques com uma boa capacidade, por longos períodos, é um desafio técnico e logístico para as clínicas veterinárias. Mariane Leão, médica veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Uniceplac, explica que o sangue precisa ser armazenado em condições rigorosas para preservar sua qualidade e segurança.
“Como o sangue tem validade limitada, há risco de perda de bolsas quando a demanda não acompanha a reposição. Isso gera uma dificuldade para manter um estoque diversificado de tipos sanguíneos raros, principalmente em gatos. Uma prática realizada é o cadastro de possíveis animais doadores nas clínicas, para, no momento de necessidade, acionar os tutores desses animais para a coleta”, detalha.
Requisitos para doação
Para ser um procedimento seguro e eficaz, os pets — o doador e o receptor — precisam passar por exames físicos e hematológicos antes da doação. Com a tipagem sanguínea e o teste de compatibilidade, que avalia se o sangue doado será aceito pelo receptor, é possível prevenir reações adversas. Assim como os humanos, os pets também possuem tipos sanguíneos diferentes.
Os cães têm 13 diferentes tipos sanguíneos, que são baseados pelo sistema Dog Erythrocyte Antigen (DEA). Segundo a professora, nesse vasto grupo, os cães com o tipo DEA 1.1 positivo são receptores universais e os DEA 1.1 negativos e saudáveis são considerados os doadores universais, pois seu sangue pode ser usado com maior segurança em receptores de qualquer tipo.

Com os gatos, essa classificação é mais simples, com três tipos principais: A, B e AB, sendo o tipo A o mais comum entre os felinos e o tipo B menos frequente. Gatos do tipo B possuem anticorpos naturais contra o tipo A, o que pode causar reações transfusionais graves.
Além dos tipos sanguíneos, existem outros requisitos para doação. No caso dos cães, é necessário que tenham entre um e oito anos de idade, pesem mais de 25 kg e não fiquem em contato com possíveis animais infectados.
Já os gatos também precisam estar com idade entre um e oito anos, pesar mais de quatro quilos, viver, exclusivamente, dentro de casa e as fêmeas não podem estar gestantes e recém-paridas.
Independente da espécie, os animais precisam ser dóceis e cooperativos, estar saudáveis, vermifugados e com o controle de parasitas em dia. No geral, os doadores não podem fazer o uso de medicamentos, sendo preciso a avaliação do veterinário responsável durante a triagem.
Como funciona a coleta do sangue
A coleta costuma ser um procedimento rápido, seguro e indolor. Em cães, são retirados cerca de 16 ml/kg a 18 ml/kg de sangue, com um intervalo indicado de dois a três meses a cada coleta. Em gatos, são retirados até 12 ml/kg com recomendação de doação a cada três a quatro meses, por possuírem um volume sanguíneo menor.
“No caso dos cães, se a bolsa for fracionada, é possível que uma bolsa atenda até quatro animais. Já a de gatos, não é possível fazer esse fracionamento, então é uma bolsa destinada para um animal”, esclarece Kelly Carreiro, médica-veterinária da Special Dog Company.
São inúmeros benefícios para o pet doador, sendo um dos principais o check-up completo de triagem que ele realiza antes da doação. De acordo com Kelly, os cães e gatos que doam sangue periodicamente podem ter o acompanhamento de sua saúde constante durante o ano.
Após a doação, o animal pode voltar para casa e retomar sua rotina normalmente. É indicado reforçar a hidratação do animal, monitorar o local da punção e evitar que o pet realize esforços físicos.
Fonte: Correio Braziliense, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
FAQ
Quais são os pré-requisitos para um cão ser doador de sangue?
Para que um cão possa doar sangue ele precisar ter entre um e oito anos de idade, pesar mais de 25 kg e não manter contato com possíveis animais infectados.
Quais são os pré-requisitos para os gatos doarem sangue?
Os gatos doadores devem pesar mais de quatro quilos, ter idade entre um e oito anos e viver, exclusivamente, dentro de casa. Citando especificamente as fêmeas, não devem estar gestantes e recém-paridas.
Os animais possuem diferentes tipos sanguíneos?
Sim, os cães apresentam 13 diferentes tipos sanguíneos, que são classificados pelo sistema Dog Erythrocyte Antigen (DEA). Já os gatos possuem apenas três tipos de sangue principais chamados de A, B e AB.
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