Gabriela Couto, da redação
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O que veremos sobre como lidar com cães com maiores chances de ataque a humano
Existem algumas raças de cães que possuem maior dificuldade em socializar e interagir, por isso, é importante que o tutor busque conhecimento sobre a raça e o auxílio de um profissional para entender mais sobre o comportamento e o treinamento ideal para o seu cão.
O educador canino Paulo Kaupa, explica que, ao longo dos anos, foram realizados muitos estudos sobre interações agressivas (fatais e não fatais) entre humanos e cães, e esses estudos, muitas vezes, apontam determinadas raças como sendo as com maiores probabilidades de agressão, porém, existem muitas controvérsias entres os resultados, pois as circunstâncias em que os ataques ocorreram se diferem bastante.
Segundo os estudos realizados pela DogsBite, citados por Kaupa, as raças que apresentam mais interações agressivas com humanos são PitBull, Rottweiler e Pastor Alemão. “De acordo com estudos realizados entre 2005 e 2020 e apresentados pela DogsBite, cães fizeram 568 vítimas fatais. PitBulls e Rottweilers correspondem a 76% dos casos. Já um estudo realizado em 2020 mostrou que dos ataques não fatais que ocorreram em casa, a maior parte das ocorrências foi de PitBulls, seguidos Pastores Alemães e Rottweilers”, explica o profissional.
Kaupa afirma que o tutor deve tomar alguns cuidados antes de adotar um cachorro, o ideal é buscar conhecimento sobre a raça e a ajuda de um profissional para entender mais sobre treinamento e comportamento do animal, pois desta forma as principais causas dos ataques podem ser minimizadas. Ele também explica que “treinos e formas inadequadas de educar, associadas com provocações sofridas por parte do cão, como brincadeiras ásperas e barulhentas, perturbação enquanto o cachorro come ou dorme e provocação com movimentos ou ações ameaçadoras repentinas podem interferir de forma negativa, fazendo com que o cachorro fique agressivo e pouco sociável”.
Como se preparar para receber um filhote de uma dessas raças em casa?
O educador canino conta que um ambiente adequado para a espécie é fundamental para prevenir possíveis problemas comportamentais, então, pensando em promover o bem-estar do cão, é necessário avaliar se o ambiente possui: alimentação correta, condições adequadas de abrigo e descanso. “Certificar-se que não exista desconforto oriundo de alguma patologia, possibilitar a liberdade para que o cão possa expressar seus comportamentos naturais (se relacionar com seres da mesma espécie, espaço suficiente com instalações adequadas) e possibilitar que não haja sofrimento mental decorrentes de medo ou estresse, também são fatores essenciais na hora de receber um animal em casa”, complementa.
Kaupa destaca que a espécie tem suas particularidades, assim como cada raça possui suas especificidades, por isso, a busca por conhecimento e o apoio de um profissional de forma prévia ou logo nos primeiros dias de convívio é fundamental para uma boa relação entre o cão e seu tutor.
Como fazer a adaptação com crianças e outros animais?
Paulo explica que uma adaptação feita com calma, de forma positiva e respeitando os limites de cada indivíduo é a chave para uma convivência harmoniosa entre tutor e cão.
“Quando se trata das crianças, alguns estudos apontam que este público é o que mais sofre ataques de cães. Tais situações podem estar motivadas pela falta de conhecimento por parte da criança em interagir com o cão de forma adequada, cabe aqui a supervisão e orientação constante por parte dos tutores ou de um profissional”, recomenda.
Já em relação a outros animais, os treinamentos e estratégias de adequação podem variar muito. Os cães são predadores, logo. Outro animal no espaço pode ser associado a uma presa, ou, até mesmo, acionar o instinto de proteção, então, conhecer sobre a raça do cão em questão e as características do animal que será apresentado é a base para uma boa adaptação.
A importância de ter adestrador desde o início
O acompanhamento de um adestrador no primeiro contato com o animal faz toda a diferença, pois o profissional irá orientar sobre o manejo correto e a preparação de um ambiente seguro, que siga todas as recomendações e atenda às necessidades do pet.
“E um profissional qualificado saberá orientar quais as situações mais comuns em que um ataque pode ocorrer e quais sinais um cão pode apresentar antes de um ataque ou sinais de que está tudo bem”, complementa Paulo.
Coisas que o tutor precisa saber antes de adotar uma raça mais temperamental
Depois de pesquisar sobre a raça, ver as particularidades e os cuidados necessários, o futuro tutor deve procurar ajuda de um profissional qualificado, para entender como agir e como prevenir possíveis ataques e mudanças de comportamento. Um treinamento positivo e adequado pode evitar possíveis ataques e problemas maiores, por isso, o acompanhamento de um educador canino é necessário.
“Os tutores destes cães precisam ter a consciência de que existe um grande potencial de injúria caso ocorra um ataque. O mercado pet está em expansão, mas, em minha opinião, a informação, que, embora disponível, ainda é negligenciada, o que leva a maioria dos tutores a buscar ajuda somente após o primeiro ataque”, opina Kaupa.
A mesma raça pode apresentar variações de comportamento, então, o tutor precisa considerar alguns fatores antes de adotar um novo pet, mesmo já tendo contato com determinada raça.
Kaupa explica que é preciso avaliar a seguinte equação: Genética + Ambiente = Comportamento. Sendo assim, o tutor precisa considerar que o indivíduo carrega parte de seu comportamento em seus genes, então, cães que foram selecionados para uma atividade específica podem se desenvolver com mais facilidade naquilo, do que aqueles que não foram.
“Se um cão já tem, em sua genética, fatores que podem desencadear uma agressividade e o ambiente favorecer tal comportamento, a mudança para este indivíduo é mais trabalhosa. Porém, trabalhando o ambiente, para que possíveis gatilhos para a agressividade não aconteçam e ensinando ao cão comportamentos alternativos, com o tempo, podemos ter um indivíduo mais equilibrado e sociável”, conclui.
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