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Clínica e Nutrição

Comportamento obsessivo de perseguir a cauda pode indicar distúrbio em pets

Médica-veterinária explica causas, diagnóstico e tratamento para a Síndrome da Perseguição de Cauda
Por Cláudia Guimarães
Comportamento obsessivo de perseguir a cauda pode indicar distúrbio em pets
Por Cláudia Guimarães

Você já ouviu falar em Síndrome da Perseguição de Cauda em cães e gatos? Trata-se de um conjunto de sinais clínicos neuropsiquiátricos, associado ao transtorno obsessivo-compulsivo ou comportamentos anormais repetitivos.

A síndrome pode ser relacionada com alterações comportamentais e/ou neurológicas, mas com causas diversas, como intoxicação a alterações hormonais. Quem nos explica é a médica-veterinária comportamentalista e pós-graduanda em reabilitação animal, membro do Grupo Afrovet, Beliza Mouana Santos.

Segundo a profissional, o comportamento de perseguição, às vezes, inicia sem grande motivação, como um achado, porém, isso pode se tornar algo interessante, podendo ser aprendido.

“É algo que pode ser observado dentro de uma realidade com déficit em bem-estar. Outras alterações como estresse, ansiedade e dor podem dar início a estereotipia (comportamento sem função específica)”, discorre.

E tem como diferenciar uma simples brincadeira com o rabo de um caso que exige atenção veterinária? Beliza afirma que o diferencial é o contexto, a frequência e a duração apresentada.

“A falta de entendimento do comportamento da espécie e das suas necessidades afeta diretamente como os tutores avaliam esse distúrbio em seus pets. Se o animal fizer isso após um pico de energia (a chegada do tutor, por exemplo), já pode ser um indício de uma síndrome (a depender dos três critérios citados). É até comum, na internet, ver casos que são compartilhados e que muitos atrelam humor, inclusive, aos episódios, infelizmente”, aponta.

Susceptibilidade

Beliza informa que raças como Bull Terrier, Pastor Alemão e Staffordshire Bull Terrier apresentam maior prevalência dos casos. “Além disso, os cães filhotes, por estarem em uma fase com maior nível de energia e sinais de zoomies (pico de euforia), numa rotina com poucas atividades, podem ser os que mais sofrem”, frisa.

A profissional ainda reforça que situações de estresse, ansiedade, fobias e a falta de ambientes enriquecidos adequadamente podem influenciar no início do quadro.

“Os tutores devem ficar de olho, pois alguns cães apresentam até automutilação devido ao transtorno, ocasionando lesões profundas e podendo perder parte ou totalmente a cauda”, alerta.

Alguns cães podem apresentar até automutilação devido a Síndrome de Perseguição de Cauda (Foto: Reprodução)

Investigação e tratamento

Segundo Beliza, o diagnóstico para a síndrome é feito após avaliação clínica e exames complementares, como T4 livre, raio-X, testes neurológicos e até análise do líquido cefalorraquidiano para descartar outras alterações.

“Além disso, avaliação de dor e de fatores ambientais e nutricionais, por exemplo, podem ser referência para diagnóstico adequado”, menciona.

Em relação ao tratamento, a veterinária conta que a abordagem multimodal é a mais indicada, associando o uso de ansiolíticos, manejo ambiental, comportamental e, até mesmo, terapias integrativas, como acupuntura e nutracêuticos.

“É essencial que, na rotina de atendimentos, sejamos conscientizadores dos responsáveis sobre as necessidades do pet, trazendo rotinas enriquecedoras e que proporcionam bem-estar à família multiespécie”, encerra.

FAQ sobre a Síndrome da Perseguição de Cauda

O que é a Síndrome da Perseguição de Cauda em cães e gatos?

É um distúrbio neuropsiquiátrico associado ao transtorno obsessivo-compulsivo, em que o animal persegue insistentemente a própria cauda. Pode estar relacionado a estresse, dor, ansiedade ou até alterações neurológicas e hormonais.

Como diferenciar uma brincadeira comum de um comportamento preocupante?

A diferença está na frequência, intensidade e contexto. Se o comportamento ocorre repetidamente, sem estímulo claro, por longos períodos ou resulta em ferimentos, pode indicar um transtorno e deve ser avaliado por um veterinário.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento da síndrome?

O diagnóstico exige avaliação clínica e exames complementares para descartar causas físicas e neurológicas. O tratamento é multimodal: envolve medicamentos, mudanças no ambiente, terapias comportamentais e, em alguns casos, terapias integrativas como acupuntura.

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