Veterinária explica que procura por alimentos naturais faz indústria repensar seu uso
Uma pesquisa realizada em 2018 pela Euromonitor sobre Pet Care no Brasil mostra que os consumidores estão analisando com mais cuidado os ingredientes e as origens dos produtos que compram, principalmente em relação aos alimentos e isso inclui a alimentação dos pets – quanto mais se assemelharem a alimentos humanos ou contiverem ingredientes familiares, melhor.
“Observamos que a tendência é que as pessoas se tornem cada vez mais conscientes das necessidades dos pets, estejam dispostas a gastar mais dinheiro com eles e, principalmente, apostem em produtos/ingredientes mais naturais, pois acreditam que isso fará com que os animais vivam mais”, explica a veterinária especialista em nutrição de cães e gatos e coordenadora de Pesquisa & Desenvolvimento da Special Dog Company, Mariana Monti. E isso, segundo a especialista, inclui a preocupação com o uso de corantes artificiais. “É uma tendência de mercado, de um nicho específico de indivíduos, que não aceitam que os produtos tenham corante”, informa.
Mas, afinal, corante artificial oferece algum risco para a saúde dos pets? De acordo com a veterinária, não há evidência científica consolidada que comprove o que realmente é melhor. “Não temos estudos demonstrando que nas doses recomendadas, os corantes sejam prejudiciais à saúde dos cães e gatos. Não podemos afirmar que fazem mal. A literatura está mais avançada para estudos com humanos e, apesar de alguns serem inconclusivos, outros demonstram que alta ingestão diária para as crianças em fase de desenvolvimento é prejudicial”, afirma.
E por que, então, a indústria de pet food utiliza corantes? A resposta é: devido à variação na coloração das matérias-primas (grãos e demais), que tem como consequência variações na cor dos lotes e pode ser interpretada de modo negativo pelo consumidor quanto à qualidade do produto. Levando em conta que o aspecto visual é fundamental para a seleção e escolha de um produto, ainda são muitos os tutores influenciados pela cor da ração na tomada de decisão. “Por isso, tantas indústrias ainda fazem o uso do corante artificial, para melhorar a aparência e aceitabilidade do produto pelo proprietário”, revela.
As cores fazem diferença para o animal? Para muitos tutores, ao abrir uma embalagem é interessante ver o “verde” que representa os legumes, o “vermelho” da carne ou o “amarelo” que seria o frango, mas os cães não conseguem visualizar o mesmo espectro de cores: eles só possuem os cones azul e vermelho, os verdes não estão presentes. Dessa forma, as cores ficam mais apagadas, porque para suprir a ausência do verde, o cérebro do cão completa a imagem com cinza. “Os corantes só são adicionados para atrair os proprietários. E se eles não agregam nenhum valor nutricional e, talvez, possam fazer mais mal do que bem, o quanto vale a pena arriscar? Quanto, realmente, esse tipo de demanda dos clientes é benéfica para cães e gatos?”, questiona Mariana.
Um ponto para ser discutido, segundo a veterinária, é a maneira de comunicar isso ao proprietário. “Com certeza o caminho correto é não reforçar aos clientes conceitos errôneos, por exemplo, o de que corantes prejudicam a saúde ou que o sódio faz mal aos cães e gatos saudáveis, sendo que têm alta tolerância a esse mineral. Muitas indústrias passam por cima do que é correto tecnicamente, para ‘vender mais a qualquer custo’, criando argumentos inadequados e criando demandas para esses nichos”, alerta.
Segundo Mariana, a Special Dog Company é um exemplo de fabricante que se preocupa com a longevidade e saudabilidade de cães e gatos e, por isso, lançou recentemente uma versão sem corantes artificiais do alimento seco para cães no sabor Vegetais: a Special Dog Vegetais Pró. A novidade chegou ao mercado para atender à demanda dos consumidores que buscam por um estilo de vida cada vez mais natural para seus pets. “As rações nesse sabor costumam ter corantes para diferenciar os grãos, que simulam alguns tipos de vegetais, como cenoura, batata e espinafre. Sempre utilizamos corantes aprovados para a alimentação humana, ou seja, que não causam nenhum dano à saúde do pet. De qualquer forma, decidimos criar uma opção para quem não quer oferecer nenhum tipo de corante artificial para o animal de estimação”, incrementa o gerente de Vendas da empresa, Marcos Tavares.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.