Aline da Hora elaborou questionários para identificar o papel dos pets durante pandemia
Cláudia Guimarães, em casa
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O que um animal de estimação representa na vida das pessoas e quão dispostas elas são para oferecer saúde e bem-estar a esses pets? Essas são as principais perguntas que, inclusive, ajudam a minimizar os casos de cães e gatos abandonados. Nessa pandemia da Covid-19, os cuidados devem ser redobrados para que a população animal de rua não aumente. Pensando nisso, a médica-veterinária e professora na Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Aline Santana da Hora, elaborou uma pesquisa para entender a percepção de veterinários e tutores sobre aspectos relacionados ao novo coronavírus e esses animais.
Aline conta que a ideia para essa pesquisa surgiu do fato que, junto com a pandemia de Covid-19, surgiu, também, uma pandemia de desinformações, algumas relacionadas aos animais de estimação. “O que se intensificou, após a publicação de um artigo de inoculação experimental em animais, e gerou um impacto negativo sobre a percepção de médicos-veterinários e tutores de pets”, comenta.
Assim, a pesquisa de Aline abrange dois questionários, distribuídos em âmbito nacional, um voltado para veterinários atuantes na clínica de pequenos animais e/ou animais exóticos/silvestres e outro direcionado para tutores de cães, gatos e/ou ferrets. “O material ainda fornece informações esclarecedoras sobre os assuntos abordados durante o questionário, pois, ao final do mesmo, os participantes têm acesso a um texto, baseado em evidências científicas, com a finalidade de consolidar ou esclarecer conceitos”, explica.
No fim do questionário, os participantes têm acesso a umtexto esclarecedor sobre os principais pontos que geramconfusões sobre o tema (Foto: reprodução)
Informações captadas. A profissional aponta que, aos clínicos, são questionados aspectos como idade, Estado e cidade de residência, formação (como tempo de exercício profissional e pós-graduação), mudanças na rotina clínica pela pandemia, conhecimentos relacionados com o novo coronavírus e os pets. Já para os tutores, a busca é por informações como idade, Estado e cidade de residência, escolaridade, profissão, se mudaram a rotina com os animais por conta da pandemia, além de questões sobre a relação entre Covid-19 e animais.
Os questionários (para veterinários e para tutores) ficarão disponíveis para serem respondidos até dia 15 de julho de 2020. “Os resultados serão analisados estatisticamente e, posteriormente, serão publicados em revistas científicas e de divulgação para que um maior número de pessoas tenha acesso”, informa a profissional.
Mas, na opinião da pesquisadora, o estudo já possui um impacto instantâneo tanto para clínicos, como para tutores, pois, ao final do levantamento, os participantes têm acesso a um texto curto, porém bastante esclarecedor sobre os principais pontos que geram confusões, os quais foram observados em entrevistas e palestras on-line. “Além disso, ao final da pesquisa, os resultados servirão como indicadores de quais aspectos devem ser mais trabalhados com clínicos e tutores”, assegura.
Na visão particular de Aline, a pandemia gerou um estresse bastante elevado no cotidiano das pessoas, devido aos transtornos resultantes do isolamento social. “Contudo, a redução do estresse é essencial nesse momento, assim amenizamos as chances de adoecermos por doenças infecciosas, como a Covid-19. O estresse crônico causa um impacto negativo na imunidade celular e é esse tipo de imunidade que é essencial ao combate de micro-organismos intracelulares, como os vírus. Comprovadamente, o convívio com os pets aumenta o bem-estar humano, por isso, com certeza eles são nossos aliados nessa batalha”, argumenta.
A professora também chama atenção para uma realidade: os médicos-veterinários possuem um papel fundamental perante à população, que é a educação em saúde. “E, para isso, precisam se manter sempre bem informados e com informações de fontes seguras com ou sem pandemia”, finaliza.