Cláudia Guimarães, da redação
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Dentro da diversidade como um todo, a desigualdade entre gêneros ainda é, infelizmente, um problema enfrentado pelo dito sexo frágil. Por isso, neste dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, a equipe do Portal Cães&Gatos gostaria de compartilhar alguns dados que permitem uma boa reflexão sobre como o mundo e o Brasil estão caminhando neste ponto.
A ideia de que elas ainda são minoria, mas estão, cada vez mais, ocupando o mesmo espaço de seus companheiros de trabalho já vem sendo trabalhada pela C&G VF desde o início do mês, na reportagem Prontas para mudar o status quo, publicada na edição de março. Agora, conversamos com o médico-veterinário e vice-presidente do Instituto MetaSocial (IMS, Campinas/SP), Fernando Heiderich, para apresentar um panorama sobre a mulher no mercado de trabalho e, mais precisamente, na direção de grandes empresas.
Relatório da ONU mostra que somente 50% das mulheres em idade de trabalhar estão empregadas (Foto: reprodução)
Heiderich conta que a sexta edição do relatório das Nações Unidas, “As mulheres no mundo 2015: tendências e estatísticas”, publicada em 2015, e o qual ele vem estudando, cobre 197 países e avalia as mudanças dos últimos 20 anos, de 1995 a 2015. “Este relatório confirma que houve progresso em vários aspectos e isso foi importante. No entanto, mostra, também, que a velocidade das mudanças diminuiu e tem ocorrido de forma desigual entre regiões e países”, esclarece.
Os pontos positivos e negativos do material são destacados pelo profissional. “A população de mulheres é maior na faixa de 60 anos ou acima (54%) e ainda superior entre adultos acima de 80 anos (62%), chegando a quase dois terços. Isso significa que as mulheres vivem mais”, menciona.
Um dos fatores importantes separados por Heiderich circula na esfera de inclusão: o trabalho (Foto: C&G VF)
O segundo ponto que o diretor comenta é com relação à saúde. De acordo com seus relatos, houve uma melhora nos dados gerais e as mulheres vivem mais que os homens, em média, 72 anos, enquanto os homens 68 anos. “Como terceiro ponto trago a questão da educação. A diferença entre homens e mulheres tem diminuído, vem melhorando proporcionalmente para elas. E isso precisa seguir pois, ainda assim, somente 30% dos pesquisadores do mundo, por exemplo, são mulheres. Na América Latina são 44% e no Brasil já estamos com igualdade”.
O quarto fator importante separado por Heiderich circula na esfera de inclusão: o trabalho. “Elas trabalham mais do que os homens. Considerando, também, o trabalho doméstico, exercem atividades, em média de duas a três horas a mais por dia”, conta e afirma que a proporção de mulheres na força de trabalho tem melhorado bastante. “No entanto, somente 50% das mulheres em idade de trabalhar estão empregadas, comparado a 77% no caso dos homens”, insere.
O quinto ponto, também relacionado ao trabalho, é referente à força e poder de decisão, já que a participação das mulheres em cargos de liderança tem melhorado nas áreas privadas e públicas, como descreve o diretor. “As mulheres, agora, fazem parte de, praticamente, todos os executives boards ou diretoria executiva, mas representam somente de 25 a 30% do total de pessoas que ocupam tal função. Se tomarmos os dados das 500 maiores empresas globais, as mulheres representam 21% diretorias não-executivas e 13% das diretorias executivas. Apenas 3% dos CEO’s são mulheres, em nível global. Mesmo nos EUA são só 5% e, no resto do mundo, estima-se seja, no máximo, 3%. Estes dados deixam claro que ainda temos muito a fazer para que a igualdade de oportunidades seja uma realidade no mundo, no Brasil, no setor da Medicina Veterinária”, opina.
Para o sucesso, renúncia. Nadando com força e contra a maré, antes tendenciosa, a diretora Executiva da Labyes (Valinhos/SP), Adriana Baruch, encontra-se há dois anos ocupando esta função e acredita que ainda há muito espaço para o crescimento de mulheres em cargos de direção, tanto em outros setores como na Medicina Veterinária. “Também gosto de lembrar que, durante minha experiência, não vi nenhuma desigualdade entre os sexos”, assegura.
Adriana diz que não existem muitos segredos para atingir este patamar na carreira (Foto: divulgação)
A questão das responsabilidades pessoais também é mencionada pela profissional, que acredita que há poucas mulheres nos cargos executivos, pois a maioria abre mão de ascensão para dedicarem-se mais à família. “Hoje questiono se agi certo ou errado, pois não vi minha filha crescer. Por outro lado, ela é uma pessoa independente e não parece ter sofrido nenhum trauma devido às minhas viagens constantes. O ideal seria um meio termo, mas não sei ao certo se ele existe”, expõe.
Para chegar a um cargo deste, é importante lembrar que é necessária uma formação qualificada e Heiderich lembra que, quando se formou, há 35 anos, as mulheres eram de 15-20% dos alunos e, consequentemente, menos de 1/5 dos profissionais. “Hoje a situação se inverteu e temos 80% de mulheres como alunos e mais da metade dos profissionais”, revela.
Adriana diz que não existem muitos segredos para atingir este patamar na carreira. “Não precisa ser gênio, nem ter estudado em Harvard. Vejo a ascensão nas empresas por meio de dedicação, sem esquecer o lado pessoal, e seriedade”. Heiderich, por sua vez, afirma que homens e mulheres podem ajudar a evolução deste tema exercendo uma liderança de forma positiva, constantemente, no trabalho ou fora dele, cooperando para uma justa divisão das oportunidades e qualidade de vida entre ambos. Segundo ele, considerando que a igualdade de gêneros é a quinta meta das Nações Unidas para 2030, olhar para os progressos e mudanças ocorridas nos últimos anos pode ser um bom modo de analisar a radiografia dessa questão. “Assim, sem dúvidas, o mundo ganhará, cada vez mais, com a visão e competência das mulheres antes mesmo do prazo estipulado”, finaliza.