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Clínica e Nutrição

DERMATITE ATÓPICA CANINA NÃO TEM CURA, MAS VÁRIAS OPÇÕES DE TRATAMENTO

DERMATITE ATÓPICA CANINA NÃO TEM CURA, MAS VÁRIAS OPÇÕES DE TRATAMENTO Veterinário deve visar um tratamento eficaz que garanta bem-estar ao animal
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Veterinário deve visar um tratamento eficaz que garanta bem-estar ao animal

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasiullieditores.com.br

A Medicina Veterinária é, muitas vezes, focada em tratamentos por vias alopáticas para curar ou amenizar algum problema nos pets. Porém, principalmente na medicina dermatológica, a hidratação também vem ganhando espaço nas clínicas veterinárias e na mente dos profissionais que desejam tratar animais de companhia.

De recorrência bastante comum, a dermatite atópica canina (DAC) é uma enfermidade que vem, basicamente, de um processo alérgico inflamatório chamado de hipersensibilidade do tipo 1, de acordo com a médica-veterinária e a gestora da linha Soft Care (São Paulo/SP), Salua Carolina Cataneo. “Hoje o problema atinge, aproximadamente, 10% da população canina, isso é uma subestimativa, já que existem muitas doenças de pele que, na verdade, preveem de um animal que já possui dermatite atópica subdiagnosticada e é responsivo a algumas das bactérias, fungos ou alérgenos ambientais”, explica.

A profissional conta que se trata de uma doença multifatorial, já que existem fatores intrínsecos que são próprios dos animais e de etiologia genética, mas também pode ocorrer por fatores extrínsecos. “O animal que tem DAC apresenta deficiência em duas vertentes, a primeira é que sua pele é o que chamamos de pele ‘aberta’. É aquela que não está protegida, não tem sua barreira epidérmica conservada e, com isso, é submetida à penetração de alérgenos”, discorre.

Salua

Profissional comenta que a pele é a única coisano organismo que impede que ocorra uma ação do meioexterno para o meio interno (Foto: C&G VF)

Salua revela que animais que já possuem pré-disposição genética a desenvolver a dermatite atópica canina, apresentam imunidade preguiçosa. “Como eles não têm nenhum contato com alérgenos no processo de imunização, que é do zero até um ano de idade, o organismo acaba não conhecendo o que existe no ambiente. Assim, qualquer coisa que entra em contato com esse pet, todo protegido imunologicamente, faz com que ele não consiga responder de uma maneira normal”.

Conforme a profissional comenta, a pele é a única coisa no organismo que impede que ocorra uma ação do meio externo para o meio interno. “Por conta disso, por ser o primeiro combatente ela é rica em reativos. Tudo o que acontece com humanos e animais fica destacado na pele. Quem está na graduação ou quem já teve contato com a clínica no dia a dia pode observar que, às vezes, o paciente chega com outra queixa principal, mas ele já está dando sinal daquilo há muito tempo. Uma pele inflamada, escura, com aspecto de elefante, com queda de pelo bilateral pode denunciar muitas coisas”, cita. O hipotireoidismo, como ela exemplifica, fica aparente na pele.

A especialista também destaca uma atitude incorreta de proprietários de cães: a utilização de produtos humanos nos pets, que causa uma reação alérgica muito rápida. “A pele é formada pelos queratinócitos, a célula de queratina da pele, e, também, por lipídios. É um complexo que costumamos chamar de um ‘muro’, em que a parte de cimento é composta por ceramidas, colesterol e ácidos graxos. Por isso é importante uma alimentação ideal e equilibrada, porque boa parte daquilo que provem de uma pele saudável tem a ver com a nutrição, o colesterol que os animais produzem e os agentes ceramidas”, menciona. Seguindo o exemplo de Salua, os tijolos são formados pelos queratinócitos e é isso que mantém o “muro erguido”. “Para termos um muro bom, temos que contar com uma quantidade ideal de tijolos e de cimento. Se não tiver essa quantidade ideal o muro não fica em pé”, insere.

O prurido, segundo ela, é um indicativo de que tem alguma coisa errada e o animal coça para mostrar que tem algo indesejado entrando. “Esse prurido faz parte de um ciclo, que a gente não sabe se ele começa a coçar porque já tem o prurido ou se ele simplesmente coça porque a pele está ressecada. Com isso, a barreira é danificada ainda mais e, assim, temos uma penetração de antígenos que se torna um círculo vicioso. Uma das maneiras da gente controlar esse círculo hoje é via medicação”, expõe. Salua atesta que a dermatite atópica canina, hoje, não tem cura, mas sim controle. “Ácaros de casa, pólen, corantes de alimentos, grama, produtos de limpeza, roupinha, entre outros, podem causar o problema”, cita.

Os medicamentos que hoje se utilizam para a doença são clico-corticoides, cortisona, imunomoduladores, além da imunoterapia específica. “Hoje os trabalhos demonstram que a única coisa faz com que o animal melhore, em um ano de tratamento, é a vacinação com o soro vacinal. Ela não é a cura, mas oferece melhora significativa”, afirma. De terapia tópica o que os profissionais mais utilizam é o shampoo, cuja origem da palavra, que é indiana, quer dizer massagear, apertar, amassar. “O shampoo começou a ser utilizado porque possui um princípio ativo que entra em ação pelo contato. A partir do momento que eu coloquei ele na pele do animal, ele já começou a agir”, assegura.

Hoje, segundo Salua, o que é utilizado de terapia tópica, principalmente nos animais que têm DAC, são, principalmente, a clorexidina. “Porém, temos que lembrar que é cloro na pele. Então, como médico-veterinário, prescreve o shampoo de clorexidina junto com o antibiótico, o que é mais comum. Daí o proprietário passa a usar esse produto para o resto da vida, pois, para ele, é aquilo que cura. No entanto, o cloro na pele, em uso prolongado, causa extremo ressecamento. Esse produto é excelente para matar bactéria, porém por um tempo determinado, senão, é possível se deparar com o efeito rebote”, frisa.

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Dermocosméticos contam com trêscaracterísticas essenciais para ahidratação da pele dos animais (Foto: reprodução)

Hidratação é saúde. A profissional ainda lembra que o mercado pet adentrou na era de loções, cremes, sprays e outros produtos para compensar a falta de banho diário nos animais de estimação. “As empresas precisam trazer soluções para que o animal consiga manter a hidratação de uma maneira prática para o tutor”, opina. Segundo ela, a hidratação visa hidratar, recompo, e promover alívio e conforto para essa pele que está irritada.

Salua entra na questão dos fundamentos hidratantes e hidratação que dispõe de, basicamente, três funções. Quando o tutor compra um produto hidratante cosmético, o que ele tem que ter para estar dentro dessa categoria? A primeira coisa é agua, para atingir as camadas mais profundas da pele. A segunda coisa que ele tem que ter é os umectantes, que é um fixador, ou seja, ele não possui água na molécula, pois pega líquido de fora e joga para dentro ou pega água de dentro e joga para fora. Mas, além disso, é preciso ter alguma coisa que segure a água. Aí entra os emolientes, que são lipídios a base de óleo que conseguem formar uma espécie de filme que impede que a água saia. Tendo esses três componentes existe um bom hidratante”, explica.

Os produtos não param por aí. Existem, também, os dermocosméticos, que nada mais são que um único hidratante com as três características citadas e, ainda, com um ativo a mais que deixa a pele mais macia, repõe a queratina que está saindo, diminui a coceira, faz um peeling natural e diminui a oleosidade, como explana Salua. “Essa é a grande diferença quando a gente fala de um shampoo para um dermocosmético, de um shampoo para um repositor proteico. Não é tudo creme, não é tudo loção, não é tudo shampoo. Cada um deles tem uma característica específica que deve ser empregada de acordo com as necessidades dos pets e após orientação médica-veterinária”, destaca.