Em gatos, o prurido, geralmente, pode ser causado por ectoparasitas, alergias, infecções e doenças autoimunes. Uma das informações relevantes durante o exame clínico refere-se à administração de fármacos para o descarte de farmacodermia (NOLI; COLOMBO, 2020). Esta reação tem caráter imunológico, pode ser local ou generalizada e os sinais clínicos podem variar entre eritema, prurido, dermatite esfoliativa, eczema, angioedema e urticária (SEVERINO, 2018; ARAUJO; GONDIM, 2020).
O tratamento consiste na interrupção da medicação e no uso de glicocorticoides e imunomoduladores (MASTROCINQUE, 2020). Nos quadros de dermatite alérgica geralmente, os sinais clínicos em felinos podem se relacionar com prurido e escoriações em cabeça e cervical, alopecia auto induzida, dermatite miliar e lesões do complexo eosinofílico, sendo o diagnóstico realizado por exclusão (NOLI; COLOMBO, 2020). As doenças autoimunes em gatos são muito raras e representam menos de 2% das doenças dermatológicas em felinos, sendo a mais comum o pênfigo foliáceo (LUPION et al., 2018; NOLI; COLOMBO, 2020).
As infecções bacterianas nos gatos são pouco frequentes, mas quando relatadas apresentam-se mais comumente afetando camadas superficiais da pele. As profundas podem ser uma extensão das superficiais ou estarem associadas a implantação de uma variedade de espécies bacterianas ambientais ou comensais. O animal pode apresentar pápulas, nódulos ou áreas que drenam secreção, podem apresentar ainda prurido ou dor, além de aumento de linfonodos próximos a região afetada. A citologia é muito utilizada para confirmar a presença de bactérias na pele dos animais e até mesmo a cultura ou histopatológico podem ser empregados. (NOLI; COLOMBO, 2020).
Novos estudos ressaltaram o benefício das terapias tópicas para infecções superficiais ou como coadjuvantes da terapia sistêmica para potencializar o tratamento, reduzindo o tempo do mesmo e diminuindo a chance de resistência bacteriana (VALENTINE, 2019; BÄUMER et al., 2020). Antibióticos sistêmicos são indicados principalmente nas piodermites profundas e preconiza-se 4 a 6 semanas de terapia (BECO et al., 2013; NOLI; COLOMBO, 2020).
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Referências bibliográficas
ARAUJO, A.K.L.; GONDIM, A.L.C.L. Farmacodermia após terapia otológico em felino – relato de caso. Brazilian journal of animal and environmental research, v. 3, n. 3, p. 1740-1747, 2020.
BÄUMER, W.; JACOBS, M.; MOCHIZUKI, C.T. Efficacy study of a topical treatment with a plant extract with antibiofilm activities using an in vivo model of canine superficial pyoderma. Veterinary Dermatology, v. 31, p. 86-89, 2020.
BECO, L.; GUAGERE, E.; MENDEZ, C.L.; NOLI, C.; NUTTALL, T.; VROOM, M. Suggested guidelines for using systemic antimicrobials in bacterial skin infections (2): antimicrobial choice, treatment regimens and compliance. Veterinary Record, v. 172, p. 156-160, 2013.
LUPION, C.G.; PINO, E.H.M.; SILVEIRA, E.; STEFANELLO, C.R.; BARETTA, L.T.; GERARDI, D.G. Pênfigo foliáceo em um gato de oito meses de idade: possível reação cutânea adversa a fármacos?. Acta Scientiae Veterinariae, v. 45, p. 1-5, 2017.
MASTROCINQUE, A.R. Farmacodermia em uma cadela após a administração de prometazina: relato de caso. Pubvet, v.14, n.3, p.1-4, 2020.
NOLI, C.; COLOMBO, S. Feline Dermatology. 1 ed. Springer, 2020.
SEVERINO, A.C.M. Síndrome de fragilidade cutânea secundária à reação adversa a fármaco em felino. Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais, v. 2, p. 50-54, 2018.
VALENTINE, B. Treating pyoderma without the use of systemic antibiotics. Veterinary Dermatology, v. 60, p. 1361-1363, 2019.