O mês de dezembro é marcado com diversas ações de conscientização, entre elas, está o Dezembro Verde, que tem como foco combater o abandono e maus-tratos aos animais, que, infelizmente, continua sendo uma realidade presente.
A iniciativa de proteção aos animais mobiliza diversos parlamentares em esferas estaduais e federal, que buscam criar leis para maior apoio à causa e principalmente, ampliar a proteção animal. Diversos debates acontecem na Câmara dos Deputados e Senado Federal, que buscam o desenvolvimento de estratégias para a proteção animal por meio de leis e diretrizes.
A médica-veterinária Emilyn Diorgi, da Clínica Veterinária Diorgi (Jaú-SP), alerta para os sérios riscos que essa prática representa, tanto para os animais quanto para a saúde pública. A profissional destaca as implicações do abandono, os cuidados necessários ao adotar um animal resgatado e como identificar sinais de maus-tratos.
Riscos do abandono e os prejuízos à saúde pública e animal
Os animais em situação de rua podem ser fontes de doenças graves e riscos à saúde humana. De acordo com a veterinária, “os riscos estão relacionados com a saúde, dando ênfase às zoonoses (doenças transmitidas de animais para humanos e de humanos para animais)”. A veterinária destaca que as zoonoses, como a raiva e a leptospirose, representam problemas importantes para a população, além de outras doenças que afetam diretamente os animais. “Algumas doenças em cães, com risco de contágio pela falta de vacinação e contato com animais contaminados são: cinomose e parvovirose, doenças muito comuns e fatais”, alerta.
Além das doenças, os animais em situação de rua também estão expostos a acidentes, atropelamentos e traumas por mordeduras, tanto entre eles quanto em humanos. “Entre os felinos, a esporotricose, uma doença fúngica, tem um significado importante para humanos, devido ao fácil contágio pelo contato direto”, explica Emilyn. Ela enfatiza que a falta de cuidados preventivos, como vacinas e vermífugos, torna os animais vulneráveis a diversas enfermidades.
Cuidados ao adotar um animal abandonado
Adotar um animal abandonado exige cuidados especiais. A veterinária ressalta que, “ao adotar um animal sem histórico conhecido, a indicação é sempre procurar o médico-veterinário para a melhor orientação”. O primeiro passo é garantir que o animal passe por exames e um check-up completo. “O médico-veterinário irá definir a melhor investigação para manter todos em segurança, seja por meio de quarentena e exames para check-up”, afirma. A vermifugação e a vacinação só devem ser iniciadas após o animal estar apto a receber a imunização.
Superando o medo e a agressividade
Muitos animais resgatados podem apresentar comportamentos como medo excessivo ou agressividade, devido a traumas psicológicos causados por maus-tratos ou abandono. Emilyn alerta que, “neste caso, o novo tutor precisa ter paciência e carinho com aquele indivíduo, dando tempo a sua adaptação”. Ela sugere que, “além de cuidados médicos, o processo de adaptação pode contar com o auxílio de adestradores ou até medicações”. O tempo de adaptação pode variar, mas a veterinária afirma que “isso leva um tempo e até meses para ele estar adaptado ao novo ambiente e à nova família”.
Identificando maus-tratos
O abuso contra animais pode ser identificado tanto por sinais físicos quanto comportamentais. “Os sinais de maus-tratos em animais vêm por meio do comportamento e também, por lesões físicas”, explica a profissional. Ela alerta para comportamentos como medo excessivo, tremores e agressividade, além de sinais de negligência como emagrecimento progressivo. “Maus-tratos não é só ‘bater’ naquele animal, mas também é não oferecer o mínimo que aquele animal precisa, seja uma moradia adequada ou a falta de assistência em uma doença”, observa.
Quando se deparar com um caso de maus-tratos ou abandono, é importante realizar a denúncia. Emilyn orienta que as denúncias podem ser feitas através de sites do Ministério Público, Polícia Ambiental, ou Centros de Zoonoses das cidades. “Existe também o site linhaverde.sede@ibama.gov.br, que encaminhará a denúncia para a delegacia mais próxima”, reforça a veterinária.
Um dos maiores desafios ainda é a conscientização dos tutores sobre a responsabilidade que implica ao adotar ou adquirir um animal. “O tutor ainda precisa ter consciência de que, quando adota ou adquire um animal, ele é responsável por este animal”, afirma. Ela destaca que, além dos cuidados básicos como alimentação adequada e moradia segura, é fundamental que os tutores se comprometam com a saúde e bem-estar do animal ao longo de sua vida, incluindo a fase de envelhecimento. “A conscientização desses tutores ainda é um desafio muito grande para todos que estão envolvidos com a área veterinária”, conclui.
FAQ
Quais cuidados devo tomar ao adotar um animal abandonado?
Ao adotar um animal sem histórico conhecido, a indicação é sempre procurar o médico-veterinário para a melhor orientação. Vacinas e exames serão necessários para verificar e garantir a saúde do animal.
Quais os riscos de contato com os animais abandonados?
Infelizmente, diversos animais que moram nas ruas podem estar contaminados com alguma doença. As zoonoses, como a raiva e a leptospirose, representam problemas importantes para a população, além de outras doenças que afetam diretamente os animais.
O que pode ser considerado maus-tratos?
Maus-tratos não é só ‘bater’ naquele animal, mas também é não oferecer o mínimo que aquele animal precisa, seja uma moradia adequada ou a falta de assistência em uma doença
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