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Pets e Curiosidades

Dia do Homem: Adoção de pets por homens solteiros reflete mudanças nas normas sociais

Psicóloga afirma que cães e gatos auxiliam os homens solteiros a lidar com solidão, ansiedade e mudanças de vida
Por Cláudia Guimarães
Dia do Homem: Adoção de pets por homens solteiros reflete mudanças nas normas sociais
Por Cláudia Guimarães

Os animais de companhia têm o poder de transformar rotinas e afetos, independentemente do lar ou de quem os acolhe. Prova disso é o número crescente de homens solteiros que encontram, na adoção de cães e gatos, uma vida mais divertida e satisfatória.

Cães e gatos ajudam todo ser humano a fortalecer a responsabilidade emocional e a revelar um lado mais sensível, empático e comprometido com o bem-estar animal e os homens não estão imunes a esses sentimentos – que bom, não é mesmo?

A psicóloga, especialista em terapia cognitivo comportamental, doutora em Ciências Médicas, que atua no Espaço Joelma Ruiz e na Clínica Vet Cirúrgica, e tem formação em comportamento canino e vínculo humano-animal, Danielle Magalhães, comenta que esse aumento crescente do número de adoções de animais por homens que vivem sozinhos pode ser interpretada como reflexo de mudanças nas normas sociais e de gênero.

Segundo ela, as expectativas tradicionais de masculinidade, onde homens precisavam ser autossuficientes emocionalmente e muito racionais vêm sendo amplamente questionadas, e os pets oferecem uma forma não estigmatizada de suprir necessidades emocionais.

“Esse movimento pode ser compreendido, portanto, como parte de uma transformação cultural mais ampla que envolve o declínio da centralidade da família nuclear tradicional e a ascensão de redes alternativas de afeto e cuidado”, aponta.

Danielle afirma que a presença do pet passa a ser um elo significativo na constituição da vida cotidiana e das redes de apoio emocional dos homens solteiros. “O cuidado com um animal também pode reforçar valores historicamente associados ao feminino, mas que, hoje, são incorporados de maneira mais ampla por homens em busca de relações afetivas significativas”, pontua.

Os pets são capazes de suprir necessidades emocionais dos homens (Foto: Reprodução)

Muito mais que um pet

A relação afetiva entre tutor e animal, como comentado pela psicóloga, atua como um fator protetivo emocional.

“Para homens, esse vínculo pode ser uma via aceitável de demonstração de afeto, funcionando como um lugar seguro de empatia e cuidado, já que eles tendem a apresentar maior resistência social à expressão de vulnerabilidades emocionais. Assim, para eles, os animais funcionam como companheiros constantes, auxiliando na redução da solidão, dos sintomas de depressão e ansiedade, oferecendo suporte emocional silencioso e incondicional, facilitando a expressão de emoções e a construção de vínculos afetivos, além de promoverem um sentimento de propósito e rotina”, indica.

Danielle adiciona que a aquisição de um animal de estimação também está associada a melhoras na saúde mental e física dos tutores e a reduções contínuas na tendência de reagir exageradamente a situações e estímulos estressantes.

Cuidar de um pet é cuidar de si!

Em níveis de saúde mental, a psicóloga destaca que o estabelecimento de uma rotina diária é de suma importância e cuidar de um pet auxilia nisso, já que exige constância em atividades, como alimentação em horários estabelecidos, passeios diários, limpeza do local onde o pet vive e circula, administração de medicamentos e visitas periódicas ao veterinário.

“Toda essa rotina cria uma estrutura temporal previsível que, segundo estudos, pode ser benéfica, especialmente, para indivíduos que sofrem de ansiedade e depressão”, frisa.

Danielle aponta que, segundo a American Psychological Association (APA, do português Associação Americana de Psicologia), a repetição de comportamentos diários e cotidianos e sua previsibilidade pode aumentar a sensação de controle e reduzir o estresse, promovendo estabilidade emocional, melhor qualidade de sono e regulação do humor.

“Muitos homens, principalmente aqueles passando por fases de mudanças significativas, como divórcio, mudanças de carreira ou aposentadoria, podem apresentar crises de identidade e perda de sentido de vida. O vínculo e a responsabilidade com um animal pode despertar um senso de propósito e utilidade, promovendo autoestima e senso de cuidado”, revela.

Além disso, a psicóloga comenta que o senso de responsabilidade com outro ser vivo, no caso os pets, pode estimular comportamentos de autocuidado, por exemplo, estimulando a realizar atividades físicas (passeios com cães), não negligenciar refeições e cuidar da própria rotina e saúde.

Os cães podem atuar como um suporte emocional silencioso para os homens solteiros (Foto: Reprodução)

John Bowlby explica!

O psiquiatra e psicanalista britânico mundialmente conhecido por desenvolver a Teoria do Apego, John Bowlby, explica bem sobre o vínculo humano-animal. A Teoria dele foi, inicialmente, desenvolvida para explicar a relação entre crianças e seus cuidadores.

“Vários estudos sugerem que pets funcionam como figuras de apego, promovendo uma base segura, isto é, fonte de conforto para momentos de tristeza ou estresse, proximidade emocional e angústia diante da separação. Os pets podem preencher lacunas afetivas deixadas por vínculos humanos ausentes ou prejudicados, podendo ser vistos como um parceiro emocional confiável, sem os riscos e frustrações inerentes ao relacionamento humano”, elucida Danielle.

Dessa forma, o vínculo com um pet pode se apresentar como um substituto relacional legítimo, trazendo consigo sentimentos de pertencimento e acolhimento. “Embora as relações com o pet não substituam integralmente as relações humanas, em funções emocionais básicas, os animais se aproximam em muito dos vínculos humanos primários, principalmente ao oferecer segurança, companhia e conforto”, menciona.

Para a psicóloga, ter um pet requer exercício constante de paciência, conexão e presença emocional. “Ser ‘pai de pet’ é se assumir como cuidador amoroso de um ser que é dependente dos seus cuidados, o que desafia as normas tradicionais masculinas mas que, felizmente, tem ampliado o campo afetivo disponível aos homens, rompendo estigmas de frieza e distância emocional e validando novas formas de expressar a masculinidade”, conclui.

FAQ sobre homens solteiros adotando pets

Por que mais homens solteiros estão adotando pets?

Esse movimento reflete mudanças nas normas sociais e de gênero. Os pets oferecem uma forma emocionalmente segura e não estigmatizada de expressar afeto, companhia e cuidado em tempos de transformação cultural.

Como os pets impactam a saúde mental dos tutores?

Ajudam a reduzir sintomas de ansiedade e depressão, oferecem suporte emocional constante e incentivam rotinas que promovem bem-estar, como atividades físicas e horários regulares.

O vínculo com pets pode ser comparado ao vínculo humano?

Sim, segundo a Teoria do Apego, os animais podem funcionar como figuras de apego, oferecendo segurança, conforto e proximidade emocional, especialmente em momentos de solidão ou estresse.

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