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Dia dos Animais: Biólogo comenta década de restauração de ecossistemas da ONU

Por Equipe Cães&Gatos
Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, em casa

claudia@ciasullieditores.com.br

A Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, divulgada, pela ONU, em junho deste ano, deve ter como foco, até 2030, a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo. Essa iniciativa visa melhorias para a natureza, para os animais e, também, para os seres humanos. Afinal, quem não gostaria de viver em um mundo mais reestruturado, depois de tantos desastres causados por nós mesmos, não é?

Neste Dia dos Animais, então, entrevistamos o biólogo mestre em Zoologia e docente dos Cursos de Ciências Biológicas, Medicina Veterinária e Pedagogia, na Universidade São Judas, Carlos Leandro Firmo, que comenta um pouco sobre a proposta e o que ela traz de benefícios aos animais, nossos homenageados do dia.

Muitos animais são vítimas dos grandes incêndios florestais e do tráfico (Foto: reprodução)

Segundo ele, indo mais a fundo no significado dessa ação da ONU, trata-se de um apelo cujo objetivo é deter a degradação dos ecossistemas e restaurá-los para atingir objetivos globais. “Parte do princípio de que, com ecossistemas saudáveis, podemos melhorar a subsistência das pessoas, combater as mudanças climáticas e deter o colapso da biodiversidade. Essa década da ONU vai de 2021 a 2030 e coincide com o prazo final para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, além do prazo determinado por muitos pesquisadores como marco temporal, última chance de evitar mudanças climáticas catastróficas”, explica.

Firmo ainda menciona que a implementação dessa ação partirá de comunicações, eventos e de uma plataforma virtual. “A Década da ONU deverá fornecer suporte para que todas as pessoas, países e interessados em restauração de ecossistemas encontrem projetos, parceiros, financiamento e o conhecimento necessário para fazer de seus esforços de restauração um sucesso”, adiciona.

Na opinião do biólogo, infelizmente esta ação conjunta chegou com algumas décadas de atraso. “Estamos com o ‘alerta vermelho ligado’, a oportunidade de prevenir os estragos passou, agora, estamos lidando com o momento de restaurar, pois o problema chegou a níveis alarmantes”, pondera.

Mas, nossos avós já diziam: não adianta chorar pelo leite derramado, então, Firmo destaca que, por ora, devemos pensar que vivemos em um sistema complexo e interligado, onde os animais são apenas um dos elos desta cadeia. “Se expandirmos essa ideia para amplitude do conceito de Saúde Única (Ambiental, Humana e Animal), a Restruturação dos Ecossistemas passa a ser uma das formas de investimento seguro para garantir qualidade de vida, saúde e prevenção de doenças para futuras gerações”, argumenta.

Como recuperar os ecossistemas?

O docente da Universidade São Judas acredita que o principal caminho para alcançar o sucesso seja a redução dos impactos sobre os ecossistemas e, desta maneira, devemos aumentar as ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável. “Tais ações consistem em práticas de produção que impactem o mínimo possível na natureza ou que ajudem a preservar e renovar os recursos naturais. Infelizmente, tais condutas foram pouco praticadas no passado, pois seus resultados costumam ser visíveis em longo prazo. Mas, devido à necessidade, muitas empresas estão procurando investir recursos que permitam a manutenção nestas ações. Ressalto que, para que isso aumente, é necessário a implantação urgente de políticas públicas para a ampliação deste processo. Existem algumas iniciativas pontuais no Brasil que promovem estes incentivos, de modo direto ou indireto, mas ainda discretos demais”, analisa.

As ações, em solo verde e amarelo, na opinião do profissional, deveriam ser melhor intensificadas, principalmente pelo fato de que o Brasil possui um papel fundamental na biodiversidade mundial. “Temos um potencial de biodiversidade imenso, porém, pouco preservada. Precisamos de mais assertividade em políticas ambientais corretas, as leis de proteção ambiental, os mecanismos de fiscalização, as políticas públicas de redução de geração de resíduos, a questão agrária, a constante crescente da utilização dos pesticidas e agrotóxicos em detrimento do controle biológico, etc. Esses são alguns pontos crucias para começarmos um diálogo. Além, é claro, de melhoria e implementação de políticas educacionais e de redução das desigualdades sociais”, complementa.

O Brasil possui um potencial de biodiversidade imenso, porém, pouco preservado (Foto: reprodução)

População ativa

Para Firmo, as pessoas podem contribuir com a proposta da ONU pensando desde a origem do animal e tomando cuidado com a compra ilegal de animais silvestres. “Passando pela compra dos produtos para o seu pet, procure sempre produtos de origem sustentável. Muito cuidado com o consumismo exacerbado: eu preciso mesmo de 50 unidades deste produto? Lembre-se: toda atividade humana gera resíduo e tem um passivo ambiental”, alerta.

Assim, o biólogo garante que os benefícios alcançados irão depender muito da forma de como os governantes irão encarar os desafios: “Em modelo conservador, podemos esperar uma lenta recuperação dos ecossistemas a curto e longo prazo; em um modelo moderado, ações um pouco mais aceleradas. O ideal seria um modelo mais agressivo, com grandes investimentos em ciência, projetos de conservação, programas sustentáveis, redução de gases, desigualdades e afins, para alcançarmos resultados mais otimistas em um prazo curto de 10 anos e mais longos, onde nossos netos possam, realmente, orgulhar-se nós”, estima.

Firmo considera o Dia dos Animais uma excelente data para debater o tema: “Isso porque os animais são uma das pontas visíveis e de fácil sensibilização do problema. Afinal de contas, quem de nós não fica tocado com as imagens impactantes dos animais desalojados com os grandes incêndios florestais ou com os animais vítimas do tráfico? Como costumo parafrasear um grande amigo professor, vamos utilizar a ‘fofofauna’ para educar e sensibilizar! É por meio dos nossos animais que vamos despertar as pessoas para o grande problema ambiental que assola nosso planeta”, declara o profissional que conclui: “Gosto sempre de lembrar que estamos em uma nave que, em caso de pane, não existe saída de emergência”.