Wellington Torres, da redação
A adesão por práticas alimentares que reduzem, ou até mesmo excluem o consumo de proteína animal tem ganhado cada vez mais destaque. Seja por um ideal que reflete questões como consumo, produção e bem-estar animal, ou adesão de dietas com maior quantidade de proteínas de origem vegetal e de alimentos ricos em fibra, o mercado tem se reconfigurado dentre a questão.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) em 2018, o ano foi marcado pelo crescimento histórico do número de vegetarianos no Brasil, onde 14% da população se autodeclarou vegetariana e o consumo de produtos veganos (sem nenhum ingrediente de origem animal) também foi alavancado em 55%.
O panorama se intensificou ainda mais quando foi constatado o crescimento do grupo em regiões metropolitanas, um aumento de 75% quando comparado ao mesmo período de 2017. Comportamento que também passou a interferir na alimentação pet, até mesmo dos felinos.
Os gatos são considerados carnivoros estritos (Foto: reprodução)
Com isso, a procura por dietas que sejam mais saudáveis, atrativas e palatáveis aos animais de companhia é um comportamento em contínua movimentação, no entanto, o vegetarianismo ou veganismo também estão se apresentando às dietas felinas. Para entendermos se há viabilidade nessa mudança, contatamos o médico-veterinário e pós-graduando em Medicina Felina, Fabiano Oliveira.
Segundo o veterinário, como o gato doméstico tem ganhado destaque como animal de estimação, se tornando cada vez mais popular dentro dos lares, é comum que tutores também visem adequar seus hábitos aos dos pets, no entanto, o mesmo, alerta para as especificidades da espécie.
“Devemos ter em mente que o gato doméstico possui comportamento semi-social e é considerado um carnívoro estrito, ou seja, depende dos nutrientes encontrados nos tecidos de animais para suprir suas necessidades específicas e peculiares”, afirma Fabiano.
Ao ser questionado se a adesão de uma dieta sem proteína animal poderia ocasionar algum problema de saúde aos felinos, o pós-graduando explica que sim, caso não tenha o devido e especializado acompanhamento. “Uma dieta imposta ao felino de forma errônea, sem ter um acompanhamento com um médico-veterinário especialista em nutrição, com ênfase em alimentação natural, poderá ocasionar sérios problemas, como anemias severas”, explica.
Dieta precisará de acompanhamento e suplementaçãoadequada (Foto: reprodução)
De acordo com ele, os gatos necessitam de 11 aminoácidos essenciais, que são: arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, taurina, treonina, triptofano e valina que deverão ser adicionados a alimentação por meio da suplementação.
O veterinário relatou a nossa equipe um caso, onde o tutor introduziu a dieta por conta própria e sem acompanhamento de um profissional, o que acarretou em uma anemia severa, pois o mesmo alimentava o pet apenas com batata, abóbora, leite de cereais e sem suplementação. Com isso, ele declara não induzir a mudança. “Eu particularmente não indico, pois na grande maioria, os tutores não fazem um acompanhamento periódico da saúde do felino”, afirma.
Para ele, o cresceste deste tipo de dieta é fomentado pelo tratamento humano dado aos pets, onde introduzem os animais ao cotidiano e acabam por esquecer que devem respeitar as necessidades nutricionais e específicas de cada espécie.