Cláudia Guimarães, da redação
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Muitas raças de cães e gatos – e pets sem raças definidas também – costumam chamar atenção dos seres humanos por algumas características peculiares. No caso dos cães Shar-Pei, esse deslumbramento fica por conta das “dobrinhas” em sua pele, o que o deixa com uma aparência muito fofa.
No entanto, esse excesso de pele pode trazer complicações dermatológicas para os cães. Segundo a médica-veterinária que realiza atendimento dermatológico do HVT Campinas e também é coordenadora do setor de Dermatologia no mesmo Hospital, Fabiana Vitale, as dobras dos Shar-Peis costumam ficar úmidas, por conta de suor ou ingestão de água e, vale destacar, que a maior parte das dobras é na face, gerando uma condição clínica chamada intertrigo. “Também conhecida como ‘dermatite de dobras’ está associado à umidade cutânea em área de pregas, que, associado ao calor, gera infecções oportunistas por bactérias e leveduras, como a Malassezia sp.”, explica.
A profissional ainda menciona que o câncer de pele é um problema que afeta comumente essa raça, especialmente o mastocitoma e melanoma, ambas neoplasias malignas, conforme elucidado por Fabiana.
Quando questionada se toda essa pele do Shar-Pei tem alguma função positiva na saúde e no organismo desses animais, a veterinária diz que não, já que o excesso de dobras confere apenas caráter estético específico para esta raça. “Quando ela foi trazida da China às Américas, optaram por dar preferência à cruzamentos de matrizes e pareadores com mais dobras, pois acreditam conferir um aspecto de cão mais simpático, afável e com características de filhote que pareceriam permanentes”, narra.
Cuidados com a pele e a pelagem
De acordo com Fabiana, o principal cuidado se deve a evitar umidade em dobras na face e restante do corpo do animal e, para isso, deve-se realizar a limpeza diária das dobras com discos de algodão, lenços umedecidos específicos para cães, sem álcool ou perfumes. “Realizar banhos regulares é importante para controle de oleosidade, uma vez que muitos têm predisposição à seborreia e alergopatias, como a dermatite atópica. O controle de ectoparasitas deve ser rigoroso, visto que também padecem de alergia à picada de pulgas e carrapatos”, menciona.
Apesar disso, cães dessa raça não precisam, necessariamente, de um acompanhamento com veterinários que atuam na área de Dermatologia, segundo a profissional. “Em Shar-Peis que não tenham doenças crônicas de pele, uma consulta de orientações gerais sobre as características da raça, cuidados gerais e manejo adequado da pele é suficiente. Entretanto, Shar-Peis com doenças crônicas da pele devem ser acompanhados de forma regular, com certeza, para ajustes terapêuticos e monitoramento”, salienta.
A veterinária destaca que é importante que tutores de cães, no geral, independente de raça, se informem adequadamente sobre o animal que vão adquirir, até para entender as necessidades fundamentais do pet e racionalizar a respeito dos custos embutidos. “Shar-Peis precisam de banhos regulares com produtos específicos, controle de ectoparasitas frequente, boa ração, acompanhamento regular no veterinário e, em casos de alergias, o custo pode triplicar mensalmente até o fim da vida do pet. Apesar das questões dermatológicas, é uma raça muito graciosa, divertida e companheira. Os tutores que têm um exemplar costumam adquirir outros cães da mesma raça”, revela.