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Clínica e Nutrição

Doença sem cura, lúpus também afeta os pets

Rara condição autoimune demanda acompanhamento para enfrentar esta batalha
Por Natalia Ponse
Por Natalia Ponse

Apesar de menos conhecido do que em humanos, o lúpus também pode afetar nossos amigos peludos. Essa condição autoimune, embora rara, pode apresentar sintomas variados nos pets, desde fadiga e febres, até lesões cutâneas. Assim como nós, eles merecem todo o cuidado e atenção necessários para enfrentar essa batalha.

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) e o lupus eritematoso cutâneo crônico (LECC) – antigo lupus eritematoso discóide – são doenças autoimunes crônicas, de etiologia desconhecida. Levam à indução de altos títulos de auto anticorpos contra antígenos nucleares, lesando órgãos ou a pele.

Marcelo Medeiros é médico-veterinário Dermatologista da Vetdermatologia e do Hospital Veterinário Veros (Foto: divulgação)

Os sintomas no caso do LES são decorrentes de processo inflamatório dos órgãos acometidos, conforme conta o médico-veterinário Dermatologista da Vetdermatologia e do Hospital Veterinário Veros, Marcelo de Souza Vertulo Medeiros: claudicação, febre, poliartrite, glomerulonefrite, anemia hemolítica e pericardite. “Na pele, eritema, crostas hemáticas ou melicéricas, despigmentação nasal, perda do sulcamento do focinho”, adiciona.

A exata etiopatogenia do lúpus, no entanto, é desconhecida. “A doença em si é decorrente do desenvolvimento de auto anticorpos e imunocomplexos, levando a danos teciduais. A origem é vinculada a fatores genéticos e ambientais. No caso do LECC, as radiações UVA e principalmente UVB levam à apoptose celular, expressão de auto antígenos nucleares e destruição celular por conta da auto imunidade”, explica Medeiros.

No caso do LECC, o histopatológico de pele é muito importante para o diagnóstico. Quanto ao LES, o diagnóstico baseia-se nas manifestações clínicas associadas à positividade para anticorpos contra antígenos celulares ou presença da célula LE.

“O LEC tem tratamento tópico, com várias opções de corticosteróides, tacrolimus. Do ponto de vista de tratamento sistêmico, incluem-se os corticosteróides, azatioprina, clorambucil, tetraciclina (ou doxiciclina) com niacinamida, hidroxicloroquina”, pontua.

O lúpus no dia a dia

Será que a dieta pode afetar a saúde e o tratamento de animais de estimação com lúpus? O veterinário confirma: “Dietas ricas em ômega 3 podem ter ação anti-inflamatória, excelente aliado no tratamento do lupus eritematoso. Dietas ricas em colesterol, ele alerta, são prejudiciais”.

O lúpus não é uma doença hereditária, no entanto, há famílias com predisposição genética. Como cuidados preventivos, o profissional menciona que é importante reduzir a exposição ao sol, principalmente nos horários mais quentes do dia. “Como, em seres humanos, a doença é muito mais prevalente em mulheres, acredita-se que a exposição ao estrogênio possa ser um fator de risco”, sinaliza.

A doença, em sua forma sistêmica, pode levar à dor e complicações mais sérias, afetando a qualidade de vida. Nos quadros tegumentares, o incômodo é menor. Nesses dois casos, o tratamento adequado tende a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

“Como o lúpus é uma doença crônica e alguns dos fármacos pode levar a efeitos colaterais, o acompanhamento veterinário regular é muito importante”, diz Medeiros e complementa, sobre as possíveis complicações a longo prazo: “Principalmente o LES pode ter complicações mais sérias, como anemia hemolítica, amplo envolvimento cardíaco ou pulmonar, doença renal, envolvimento do sistema nervoso central”.

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Apesar de não ter cura, tratamento adequado para lúpus tende a melhorar a qualidade de vida dos pacientes (Foto: reprodução)

O lúpus, infelizmente, não tem cura, mas os tratamentos atuais melhoram – e muito – a qualidade de vida. “Os tutores de animais de estimação com lúpus e outras doenças crônicas devem e podem encontrar apoio e informação adequada junto aos médicos-veterinários de seus animais, sendo essa relação importantíssima no controle da doença e na qualidade de vida do pet”, recomenda o especialista.

Felizmente, a pesquisa de fármacos com cada vez menos efeitos colaterais e facilidade de administração do tratamento deve ser um ponto importante para a comunidade científica, proporcionando maior qualidade de vida dos animais tratados. 

“Ressalto, principalmente, o nosso papel profissional. Que busquemos cada vez mais informação e conhecimento com relação às doenças crônicas, deixando os tutores cientes de que estamos do lado deles para promover alívio e qualidade de vida a seus pets, nossos queridos pacientes”, finaliza.

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