Cláudia Guimarães, da redação
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Dócil, amigável, sociável, carinhoso, porém, imponente. Esses são os adjetivos que melhor descrevem o cão da raça São Bernardo, originário da Suíça, mas que ganhou a atenção e o carinho de tutores de muitos países.
A médica-veterinária que atua na área de reprodução canina e suas biotecnologias, Margiane Beutler, conta que o peso desses cães pode chegar a 85 kg, sua pelagem pode ser curta ou longa de pelo macio, denso e bem fechado. “Ou seja, é um gigante muito querido”, brinca.
A engenheira ambiental e civil e criadora da raça São Bernardo há 35 anos, com o Canil Bernaud Charée e Mar, Bernadete Batalha Batista, adiciona que este não é um cão atlético, que gosta de longas caminhadas e corridas, mas cuida do seu território e de seu tutor. “Considerado babysitter, o São Bernardo ama crianças. Mas, como para todos os animais, temos que fazer a socialização com outras espécies para que convivam bem em harmonia”, aconselha.
Para Bernadete, há alguns ingredientes essenciais para oferecer bem-estar a essa raça ainda no canil, antes de serem adotados: “Muito amor, paciência e persistência para continuar a criar uma raça gigante que transborda sentimentos. Escovação do pelo uma vez por semana, controle de parasitas no canil e animais, além de banhos esporádicos, ao menos um por mês ou podem ficar até mais tempo, desde que haja a escovação correta”, expõe.
Por ter suas origens na Suíça, Bernadete comenta que essa raça gosta mais de regiões frias, mas se adapta em outros lugares. “Tudo vai da adaptação e sempre pensando na qualidade e conforto do cão. O tutor deve proporcionar lugares frescos para ele, como sombra de árvores, piscina, etc.”, sugere.
Segundo a veterinária Margiane, trata-se de uma raça como qualquer outra, que precisa seguir um protocolo vacinal (V10 ou V8), que são ministradas anualmente quando adultos, dentre outras vacinas que são de suma importância. “O tutor deve levá-lo ao médico-veterinário de sua confiança, o qual adotará o protocolo vacinal. Vermífugos e antipulgas também serão administrados perante avaliação do profissional”, explica e adiciona que por isso, é muito importante que o tutor mantenha visitas regulares ao veterinário, para que, ao longo de sua vida, este exemplar seja muito bem cuidado.
As visitas à clínica também são essenciais para prevenir e tratar alguns problemas que podem acometer com maior frequência essa raça. “Eles podem apresentar problemas articulares (displasia coxofemoral, osteocondrose, ruptura de ligamento cranial cruzado), luxação lateral da patela, cardiomiopatia dilatada, problemas oftálmicos (entrópio, ectrópio, catarata), problemas de pele (hiperqueratose ou calos de apoio, geralmente, em cotovelos, piodermite nas dobras cutâneas, torção gástrica, epilepsia, paralisia de laringe, hemofilia B, linfossarcoma, Síndrome de Ehler – Danlos, além de surdez”, enumera.
Um pouco de história
O São Bernardo ficou mundialmente conhecido por conta do filme estadunidense “Beethoven”, lançado em 1992 e dirigido por Brian Levant. Mas, como lembrado por Bernadete, por trás do longa, há uma história bem interessante. “Lá pelo século 11, nos Alpes Suíços, existia um trecho muito perigoso, chamado Travessia de São Bernardo, localizado entre a Itália e a Suíça. Por lá, ocorriam muitas avalanches e, por isso, pessoas eram soterradas na neve. Era comum alguns soldados passarem com seus cães para ir para a guerra ou fazer salvamentos”, narra a criadora.
Mas, em função das guerras, ela compartilha que esses cães quase entraram em extinção. “Naquela travessia, também existia um mosteiro, administrado por monges que observavam toda essa situação e, então, resolveram começar a criação da raça de São Bernardo. Os monges foram os grandes responsáveis pela sobrevivência da raça, já que, desde 1660, eles passaram a criar cachorros São Bernardo em um monastério específico, chamado de Hospice du Grand St. Bernard – que se localizava em um dos pontos mais altos daquelas montanhas (e por onde os viajantes costumavam passar para que pudessem cruzar os Alpes)”, revela.
O primeiro propósito do São Bernardo, conforme narrado pela criadora da raça, foi o de proteger propriedades, seguido, então, das missões de resgate e de encontrar vítimas soterradas. “Essa era a principal função destes cachorros – que contavam com a capacidade e a resistência necessária para executar esse tipo de trabalho sem se prejudicar. Eram capazes de suportar longas viagens com muita resistência ao frio. Assim, passaram a ser chamados de salva vidas”, menciona.