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É POSSÍVEL NOTAR O ESGOTAMENTO MENTAL DO VETERINÁRIO E TRATÁ-LO

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Ter saúde física e mental é essencial para o médico-veterinário poder atender seus pacientes. Portanto, em qualquer sinal de que algo não está indo bem, é preciso fazer o que se recomenda aos tutores de cães e gatos adoentados: procurar ajuda para vencer a situação.

Veterinários que passam por depressão, entre outras síndromes, precisam de profissionais especializados no tema, terapia psicológica e, às vezes, fármacos que o retirem de uma condição de euforia. Essas dicas são do médico-veterinário, consultor, coach e estudante de Psicanálise, Marco Antonio Gioso, que afirma que, sem ajuda profissional, os riscos são maiores e, dificilmente, a pessoa acometida achará saída, nos casos mais graves. “Muitas pessoas têm preconceito em fazer terapia ou ir ao psiquiatra. Ou seja, muitas vezes, percebem que precisam de auxílio, mas não admitem, não enxergam e negam”, aponta.

O profissional e sua equipe precisam falar sobre o assunto, na visão de Gioso: “Percebo que muitas equipes têm uma pressão contida, velada e, quando um treinador entra, esta pressão é removida, externalizada, o que alivia os relacionamentos. Hoje, existem psicólogos trabalhando dentro de clínicas e hospitais, felizmente, porque o que para um é excessivo, para outro, nem tanto. Ninguém é mais ou menos poderoso por ser assim, somos apenas diferentes, mas soluções precisam ser discutidas”, atesta.

consultapsicologo

Problemas relacionados ao estresse por contado trabalho podem ser tratados comauxílio de especialistas (Foto: reprodução)

Solução. Gioso conta que muitos daqueles que alimentam certo preconceito, após passar por um coaching em grupo ou individual, com o tempo, percebem que necessitam de algo mais profundo. “Como dizia Freud, ‘quando a dor de não estar vivendo for maior do que o medo da mudança, a pessoa muda’”, menciona.

Esses casos se apresentam como algo gratificante ao profissional: “Fico feliz vendo pessoas que se deram a oportunidade de mudar. Vi centenas de indivíduos que mudaram da água para o vinho em alguns meses ou anos. Mas, vale lembrar que é um processo contínuo, sem término, que mostra a florescência antes encoberta”, declara.

Esse foi o caso da veterinária proprietária da Clínica Animale (Ibaiti/PR), Alexandra de Macedo Tabalipa Almeida, que já pensou em desistir da profissão em algumas vezes, mas insistiu e descreve o porquê: “A gratidão do cliente com o nosso trabalho e o brilho no olhar de um cão que foi salvo por nossas mãos recompensam a rotina exaustiva e o baixo retorno financeiro. Ver um animal voltar a andar, a comer, a evoluir é gratificante”.

Quando estava esgotada física e mentalmente, Alexandra conta que passou por vários médicos até descobrir que suas crises de vertigem estavam relacionadas ao estresse. “Também fiz tratamento com psicólogo para aprender a lidar com os traumas de perder um animal na mesa de cirurgia. Chegava a ficar semanas sem querer operar novamente, após perder um paciente. Culpava-me, constantemente, sempre achando que poderia ter feito melhor”, lembra.

Mesmo tendo passado por estes problemas, Alexandra afirma que, para aqueles que se encontram na mesma fase, é preciso trazer à memória os casos de animais que salvou e não os que perdeu, além de aprender com os erros. “Nem todo dia vai ser bom, mas há algo de bom todo dia”, comprova.

Essas táticas para focar nas alegrias da profissão chegam com o tempo, na visão de Alexandra, porque os veterinários saem despreparados da faculdade para serem “administradores”, sabendo, apenas, lidar com instrumentos cirúrgicos, mas sem saber administrar suas emoções. “Ficamos contentes com a cura do paciente, mas não sabemos lidar com as frustrações da perda. A Medicina Veterinária não envolve somente examinar, diagnosticar e tratar, envolve amor. Se você não ama o que faz, com certeza, não será um bom médico-veterinário. No entanto, é esse mesmo amor que nos torna vulneráveis ao estresse, à depressão e a outras doenças psicossomáticas”, declara.

Portanto, a dica da profissional é trabalhar com amor, mas, sobretudo, amar-se. “Faça exercícios regularmente, se alimente de maneira saudável, tire férias quando puder. Somente estando bem mentalmente é possível se tornar bom profissional e alcançar o sucesso”, conclui.

Atualização de status. Em uma reportagem da C&G VF, a médica-veterinária e farmacêutica bioquímica, Simone Gonçalves da Silva, afirmou que não indicaria a profissão para amigos ou familiares por alegar que o veterinário sofre demais, por falta de valorização, por pressão para realizarem atendimentos gratuito por amor aos animais, entre outros itens. Afirmou, ainda, que pensava em desistir da profissão e revelou, inclusive, pensamentos negativos de tirar a própria vida.

Hoje, Simone mudou de patamar: abriu seu consultório veterinário: “Me sinto melhor, apesar de a empresa ser nova e ainda estar com as dificuldades iniciais”, declara a profissional que, agora, se sente mais esperançosa em relação à profissão.

Trabalhar com animais, para Simone, é uma grande honra e traduz essa atuação como “inestimável” por oferecer a oportunidade de ver um animal que estava doente ser reestabelecido com seu trabalho. “A Medicina Veterinária é maravilhosa, mas, no Brasil, ainda falta reconhecimento da sociedade. Mas, para quem passa por momentos como eu passei, deixo um recado: Não desista sem, ao menos, tentar ter o seu próprio negócio. Tenho esperanças de que essa seja uma solução para os abusos do mercado de trabalho”, avalia.

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