O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) publicou orientações fundamentais diante da tragédia que assola o Estado, especialmente no que diz respeito aos animais. É de conhecimento geral que a situação é mais catastrófica do que em 2023.
Algumas das orientações é de que os residentes de áreas com risco de inundações, devem identificar seus cães, gatos e gaiolas com seu nome completo, cidade e número de telefone. Essa identificação pode ser feita nas coleiras ou improvisada com papel plastificado. Recomenda-se o uso de lápis, pois oferece maior durabilidade e não se apaga facilmente. Essa medida simplifica o processo de resgate e aumenta as chances de devolução dos animais no futuro. Não deixar os animais acorrentados sob nenhuma circunstância, independentemente do porte. Dessa forma, eles têm a oportunidade de buscar um local seguro. A fuga pode ser a diferença entre viver ou morrer.
Em períodos de enchentes, é comum que animais silvestres, como serpentes, jacarés e lagartos, apareçam. Assim como nós, eles estão tentando voltar para casa. É importante ter cautela e cuidado. Se você encontrar esses animais, não tente retirá-los do local sozinho. Você pode se ferir ou acabar cometendo um crime ambiental. Esses animais, inclusive os peçonhentos, são protegidos por lei.
Comunique à Patram ou à Sema-RS para a remoção do animal e para receber outras orientações. O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) está recebendo animais resgatados. Lembre-se: esses animais são muito importantes no controle de ratos e outros vetores de doenças.
O CRMV-RS também expressou profunda preocupação em relação às zoonoses que podem surgir como consequência das fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul. As chuvas intensas que resultaram em alagamentos, enchentes e deslizamentos de terra, criam condições propícias para a disseminação de doenças transmitidas pela água contaminada.
“É essencial estarmos atentos às orientações das autoridades de saúde e seguir as medidas preventivas recomendadas. Juntos, podemos mitigar os riscos associados às zoonoses e garantir a segurança de nossa comunidade”, destacou o presidente do CRMV-RS, Mauro Moreira.
Alguns cuidados importantes:
• Evite o contato direto com água e lama: Mantenha-se afastado de áreas alagadas e lodosas, especialmente se não estiver devidamente protegido.
• Alimentos e medicamentos (humanos e animais): Caso tenham entrado em contato com água de enchente deverão ser adequadamente descartados para evitar contaminação.
• Proteja-se durante a limpeza: Ao realizar trabalhos de limpeza após as chuvas use luvas e botas de borracha para evitar o contato direto com materiais contaminados.
• Mantenha animais de estimação protegidos: Evite que seus animais entrem em contato com água ou lama provenientes das enchentes e siga as orientações de médicos veterinários.
• Se sua casa for inundada, aguarde a água baixar, remova a lama e desinfete o local, sempre usando luvas, botas de borracha ou outro tipo de proteção para braços e pernas, como sacos plásticos duplos.
• Caso a caixa d’água seja atingida pela água de enchente ou lama descarte a água e desinfete o reservatório.
Objetos, móveis e paredes e demais utensílios devem ser lavados com sabão e água sanitária (20 litros de água + 800 ml de água sanitária a 2,5%), deixar secar naturalmente. Roupas e calçados também devem ser lavados com água e sabão e desinfetados com água sanitária conforme a indicação do fabricante.
Saiba quais são as principais zoonoses agravadas por enchentes:
Leptospirose: A leptospirose é uma doença bacteriana sendo comumente associada a enchentes. O agente pode estar presente na urina de animais que servem tanto como reservatório, quanto como fonte de infecção, como, por exemplo, os roedores. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminada poderá se infectar através da pele intacta que fique imersa por muito tempo na água ou por meio de lesões existentes. Água e alimentos contaminados também são fontes de transmissão da leptospirose. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, icterícia e insuficiência renal.
Dengue, Zika e Chikungunya: Estas três doenças virais são transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, que se prolifera em recipientes com água parada, situação muito comum durante chuvas intensas e enchentes. Este mosquito vive nas residências e arredores e costuma picar durante o dia (início da manhã ou final de tarde). Os sintomas incluem febre, dores no corpo (inclusive nas articulações), dor de cabeça, dor atrás dos olhos e erupções cutâneas.
Hantavirose: Doença viral transmitida por roedores silvestres, podendo se manifestar sob diferentes formas, desde doença febril aguda inespecífica até quadros pulmonares e cardiovasculares severos. A transmissão se dá frequentemente pela inalação de aerossóis formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados, podendo ocorrer também através da pele, devido à presença de escoriações ou mordeduras de roedores. Os sintomas incluem febre, dor nas articulações, dor de cabeça e sintomas gastrointestinais, podendo evoluir para dificuldade de respirar, aceleração dos batimentos cardíacos e tosse seca, entre outros.
Toxoplasmose: Doença parasitária que pode afetar humanos e animais. As formas de transmissão para humanos podem ocorrer por meio da ingestão de alimentos e água contaminados, principalmente. Desta forma, busque ingerir água filtrada ou água mineral, alimentos cozidos e vegetais higienizados. Os sintomas em humanos incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e inflamação dos gânglios linfáticos.
Em caso de qualquer sintoma descrito acima procure imediatamente o atendimento médico e durante a consulta informe se esteve em contato com água ou lama de enchente. É importante também relatar onde você trabalha, pois algumas dessas doenças são consideradas ocupacionais.
Fonte: CRMV-RS, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
LEIA TAMBÉM:
Empresas se mobilizam em apoio às vítimas das enchentes no RS
Equipes de apoio se mobilizam para resgatar animais afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul
Mobilização de resgate e salvamento de pets segue durante enchentes no RS