No mundo, dados estáticos apontam que 46,1% dos lares possuem um ou mais cães e 19,3% ao menos um gato. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 90% das intoxicações com os pets ocorrem no ambiente onde residem, ainda que de forma acidental, acabam expostos a substâncias toxicas. Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), medicamentos e produtos de limpeza são os principais agentes de intoxicação. Na sequência o envenenamento por plantas, muitas vezes despercebidas pelos tutores.
Para a médica-veterinária e responsável clínica do Hospital Veterinário da Universidade Santo Amaro (HOVET), Andressa Kotleski, há muito desconhecimento em relação aos alimentos comuns na dieta dos tutores que causam intoxicação aos animais domésticos. “A maioria dos casos de intoxicação poderia ser evitada com o esclarecimento da população”, reforça a coordenadora do Hospital Veterinário da Unisa.
Por isso, é importante que os tutores tenham uma maior compreensão sobre os cuidados preventivos em relação ao ambiente, ao armazenamento de produtos de limpeza, medicamentos e pesticidas, e aos alimentos oferecidos aos animais de estimação. “A falta de informação sobre os alimentos que causam intoxicação pode comprometer a saúde e bem-estar dos pets”, ressalta a médica-veterinária. Entre os alimentos que causam intoxicação estão frutas, como o abacate e a uva, vegetais, indispensáveis no preparo de alimentos, entre eles o alho, alho-poró, cebolinha e a cebola; e o chocolate.
Frutas como o abacate possuem no fruto e folhas uma substância chamada persina, que é tóxica para cães e gatos e leva a alterações nas células. E ainda a ingestão de alta quantidade de abacate pode levar à pancreatite, uma inflamação no pâncreas, pelo fato de o fruto ser rico em gordura. Por conta do tamanho e rigidez da fruta, existe também o risco de engasgo com o caroço. No caso da uva a ingestão pode evoluir para uma insuficiência renal aguda, acredita-se que um dos motivos dessa reação seja a alta concentração de açúcar, e até o excesso de vitamina D.
Vegetais como o alho, o alho-poró, a cebolinha e a cebola são da família Allium. Na composição desses alimentos existe uma substância chamada sulfureto de n-propil, que reduz a atividade de uma enzima na célula sanguínea, causando a destruição das células do sangue dos animais. Já no caso do chocolate pode conter cafeína, teofilina e teobromina, que estimula o sistema nervoso central dos animais, o que causa aumento dos batimentos cardíacos. Além disso, cães e gatos são mais sensíveis a elas, pois a eliminação dessas substâncias no sistema digestório é mais lenta.
Ainda segundo a médica veterinária, alguns sintomas podem indicar um quadro de intoxicação: vômito, diarréia, desconforto respiratório e abdominal, falta de ar, excesso de urina, fraqueza e desidratação. Os sintomas podem aparecer, dependendo do alimento ingerido, entre 6 e 24hs, por isso, os tutores devem estar atentos caso o animal apresente alguns desses sinais.
Com intuito de alertar e informação aos tutores, o Hospital Veterinário da Unisa, por meio do Programa de Atividade de Extensão e Responsabilidade Social, promove campanha de conscientização e prevenção de acidentes com agentes intoxicantes em animais domésticos. Nesta iniciativa professores e alunos da Liga Acadêmica de Estudos Baseadas em Problemas do curso de Medicina Veterinária esclarecem as dúvidas da população sobre os cuidados com o ambiente e alimentos oferecidos aos animais de estimação, o grupo também faz a distribuição de folhetos informativos sobre os agentes que causam intoxicações.
Fonte: Universidade Santo Amaro, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
LEIA TAMBÉM:
Descubra oito curiosidades sobre o focinho do cachorro
Pequenos roedores requerem grandes cuidados com a saúde bucal
Você sabe quanto tempo vive um gato? Conheça fatores que influenciam a vida dos bichanos