Buscar na cães e gatos

Pesquisar
Close this search box.
- PUBLICIDADE -
Clínica e Nutrição, Especiais, Destaques

Entender a displasia coxofemoral é fundamental para melhor qualidade de vida dos pets

Mais comum em cães, a condição também afeta os felinos e precisa de atenção especial dos tutores
Por Matheus Oliveira
cachorro ortopedista
Por Matheus Oliveira

As doenças são sempre as principais preocupações dos tutores de pets, principalmente as que podem ser adquiridas durante a vida do animal, mas algumas delas são genéticas e podem apresentar alguns sinais ainda na juventude do animal. Estes sinais são indicativos aos tutores de que algo precisa de atenção médica-veterinária, geralmente especializada, como é a situação dos casos de cães e gatos com Displasia Coxofemoral. O médico-veterinário especializado em Cirurgia de Tecidos Moles, Ortopedia e Cirurgias da Coluna Vertebral de Pequenos Animais, Ricardo Furlan Alonso, esclarece algumas dúvidas comuns que os tutores podem ter, relacionados à doença. 

Afinal, o que é a Displasia Coxofemoral?

O profissional destaca que “é uma doença causada pela frouxidão do ligamento redondo. Esse ligamento é o elo entre a cabeça femoral e o acetábulo (localizado na pelve) e sua função é manter estável e congruente a articulação do quadril”. Ou seja, o ligamento femoral é mais frouxo, permitindo que a articulação em questão funcione de maneira não similar, consequentemente afetando a saúde do animal.

O médico-veterinário Ricardo Alonso destacou alguns pontos importantes no diagnóstico da condição (Foto: Arquivo pessoal)

Mas mais do que entender o que é este quadro clínico, é importante ressaltar que cães e gatos podem ser vítimas deste diagnóstico. De acordo com o veterinário, “cães e gatos de todos os tamanhos e raças podem ser portadores da displasia coxofemoral, sendo os gatos ainda em menor número, provavelmente pela falta de diagnósticos”. O profissional ainda ressalta que “ambos os lados do quadril do animal podem ser afetados, independentemente da raça, porém, na maioria dos casos, as alterações são bilaterais”.

Os sintomas mais comuns identificados pelos tutores são as mudanças no comportamento do animal, geralmente aparecem entre os dois a cinco anos de vida e, normalmente, o quadro pode causar dores, afetando, assim, a rotina e estilo de vida do pet. “Os sintomas mais comuns são a claudicação (mancar) após exercícios ou caminhadas, além da dificuldade de sentar e levantar e o desconfortos no quadril.  Em pacientes displásicos, o ligamento femoral é mais frouxo, permitindo que a articulação funcione de maneira incongruente e, consequentemente, provocando deformidades nos componentes ósseos do quadril, doença articular degenerativa (artrose) e dor nos pacientes”.

Como e quando realizar o diagnóstico? 

Mesmo com uma relação muito próxima entre tutor e pet, esperar que o animal apresente algum sinal para identificar alguma condição de saúde pode ser algo que prejudique o tratamento ou, ainda, cause períodos de dor no pet. Para a identificação de quadros de displasia coxofemoral, o médico-veterinário reforça a existência de exames para o diagnóstico. “O diagnóstico é realizado por meio de exames radiográficos das articulações coxofemorais e preferencialmente devem ser realizados com os pacientes sedados ou anestesiados para um correto posicionamento e obtenção de melhores radiografias. Em alguns casos, também pode-se utilizar a tomografia computadorizada para um diagnóstico mais detalhado”.

O profissional reforça, que diversos tutores e veterinários ainda desconhecem o diagnóstico da displasia coxofemoral em pacientes filhotes (três  a quatro meses de idade). “Temos à disposição da Medicina Veterinária uma técnica radiográfica denominada de PennHIP. Essa metodologia radiográfica utiliza um aparato que possibilita mensurar a frouxidão das Articulações Coxofemorais, permitindo um diagnóstico precoce da doença em pacientes a partir dessa idade. A vantagem da técnica de PennHIP é que podemos realizar uma pequena intervenção cirúrgica, proporcionando a melhora significativa das articulações coxofemorais desses pacientes displásicos, evitando, em alguns casos, procedimentos mais invasivos, como, por exemplo, a Colocefalectomia (amputação da Cabeça e Colo Femoral)”.

Hora de tratar

displasia
Exames de imagem serão ferramentas essenciais para o diagnóstico da condição (Foto: Reprodução/IA)

Após o diagnóstico correto, os tratamentos atualmente são diversos, e cada caso deve ser analisado por um veterinário especializado que saberá indicar a melhor forma de cuidar do animal. O veterinário Ricardo Alonso destaca que um dos principais desafios do tratamento é o tamanho do animal, quanto mais pesado o paciente, maior é o desafio do tratamento.

Com uma grande diversidade de tratamentos atualmente, as técnicas cirúrgicas são as que se destacam. “Atualmente, existem várias técnicas, tais como a Desnervação ou Denervação da Cápsula Articular, Osteotomia Dupla da Pelve, Prótese total do quadril, Amputação da Cabeça e Colo Femoral, entre outras. O mais importante é a realização de uma triagem minuciosa desse paciente (idade, raça, score corporal, tipo de piso onde vive, grau da Displasia Coxofemoral, temperamento do paciente) para a escolha mais assertiva do tratamento, que deve estar associado à fisiatria, como, por exemplo, a fisioterapia e acupuntura, bem como a terapia com implante de células-tronco”, reforça o veterinário.

Como maneira de prevenir o surgimento de dores, evitar surpresas no futuro ou, até mesmo, como tratamento prévio, o veterinário reforça a importância de uma avaliação radiográfica dos animais. “Penso que uma avaliação radiográfica na infância, principalmente dos cães com maior incidência da doença (Labrador, Golden Retriever, Pastor Alemão, Bulldog Inglês e Francês, Border Collie, entre outras), ajudaria muito”.

O espaço em que o pet mora também tem influência, afinal, o piso é algo que pode prejudicar ainda mais o quadro clínico e as condições de saúde do animal. “Um fator ambiental que considero muito prejudicial aos cães portadores da Displasia Coxofemoral é o piso liso, pois acelera muito a deformação dos ossos do quadril, bem como a evolução precoce da artrose. Se esses pacientes pudessem ficar em locais onde não escorregassem, as alterações ósseas no quadril, provavelmente, seriam mais brandas”, destaca Ricardo.

FAQ

A Displasia Coxofemoral afeta somente os cães?

Não, de acordo com o veterinário, a condição pode afetar cães e gatos, independente da raça.

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagens e avalições clínicas por um veterinário.

A Displasia Coxofemoral afeta somente pets de grande porte?

Não. De acordo com Ricardo, a condição pode afetar os pets de qualquer tamanho, sendo mais populares em animais de grande porte.

LEIA TAMBÉM:
Médico-veterinário fala sobre os cuidados que o tutor deve ter com os pets diabéticos
Terapia com células-tronco avança na Medicina Veterinária e oferece benefícios aos animais
Veterinário ortopedista fala sobre os problemas articulares que atingem os cães e como evitá-los