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Escolha de medicamentos para felinos deve ser realizada considerando todos os aspectos da espécie

Diversas particularidades dos gatos tornam algumas medições tóxicas ou contraindicadas para esses animais. Além do princípio ativo, deve-se também avaliar a apresentação dos medicamentos para felinos
Por Equipe Cães&Gatos
Escolha de medicamentos para felinos deve ser realizada considerando todos os aspéctos da espécie
Por Equipe Cães&Gatos

A medicina felina é repleta de particularidades, seja no manejo do paciente, nas doenças que os acometem ou nas formas de tratamento. Como esse é um “mundo à parte”, os cuidados devem ser redobrados, principalmente na escolha de medicamentos para felinos.

A médica-veterinária pós-graduada em clínica médica de felinos, mestre em ciências farmacêuticas e sócia proprietária do My Cat Consultório Veterinário exclusivo para gatos, Nayara Cristina de Oliveira Fazolato, explica que a escolha de um medicamento para a espécie felina deve levar em consideração o metabolismo, a função renal, a função hepática, a sensibilidade das hemácias e as interações medicamentosas.

“Os gatos apresentam atividade hepática reduzida da enzima glicuronil transferase, que tem como função tornar as substâncias hidrossolúveis, facilitando a sua excreção pela bile. Devido a essa redução, os felinos podem ter uma maior suscetibilidade a lesões hepáticas causadas por toxinas e são mais vulneráveis a toxicidade de alguns medicamentos, como o paracetamol”, explica.

Outra particularidade da espécie é a atividade hepática reduzida do citocromo P450 que, de acordo com a doutora, é responsável pela degradação e excreção de algumas medicações.

“Além disso, a hemácia do gato também é mais sensível a processos oxidativos, devido ao aumento do grupo sulfidrila, podendo levar a metahemoglobinemia e outros sinais de lesão oxidativa nos eritrócitos, como anemia e presença de corpúsculos de Heinz” esclarece a profissional.

As interações medicamentosas são mais um risco que deve ser avaliado ao escolher um medicamento para os felinos. Fazolato afirma que algumas associações são passíveis do desenvolvimento da síndrome serotoninérgica.

Essa síndrome acontece com medicações, que geram excesso de serotonina, causando ansiedade, alucinação, taquicardia, vômitos, diarreia e, em casos mais graves, até mesmo a óbito. Um exemplo é a associação entre ondansetrona, cloridrato de tramadol e amitriptilina.

Medicações aceitas x medicações perigosas

Mesmo com todos esses detalhes, existe uma lista de medicações que podem ser usadas com segurança em gatos, desde que na dose correta. A mestre em ciências farmacêuticas cita alguns exemplos, como prednisolona, amoxicilina com clavulanato, marbofloxacina, ondansetrona, meloxicam, gabapentina e mirtazapina.

No entanto, certos medicamentos comuns na rotina dos médico-veterinários requerem atenção, são eles:

  • Prednisona: os gatos possuem dificuldade na conversão hepática da prednisona em prednisolona, que é a sua forma ativa. Além de sobrecarregar o fígado, o medicamento não é convertido corretamente, o que prejudica o tratamento.
  • Dipirona: os felinos apresentam uma maior quantidade de grupos sulfidrilas nas hemácias e têm mais sensibilidade a processos oxidativos. Por isso, o uso da dipirona pode levar a anemia e surgimento corpúsculos de Heinz. Se for usá-la, a dose preconizada para gatos é de 25 miligramas por quilo uma vez ao dia ou 12,5 miligramas por quilo duas vezes ao dia por um período máximo de três a cinco dias.
  • Enemas fosfatados: são altamente tóxicos para a espécie e oferecem o risco de induzir o animal a hipernatremia, hiperfosfatemia e hipocalcemia.
  • Enrofloxacina: esse antibiótico deve ser usado com cuidado e apenas em situações no qual não há outras alternativas. Apresenta risco de degeneração na retina pelo efeito retinotóxico.
  • N-acetilcisteína: por mais que seja utilizada como auxiliar no tratamento de doenças respiratórias pelo efeito mucolítico, quando administrada diretamente no trato respiratório dos gatos através da inalação pode levar a irritação do epitélio, provocando tosse e broncoespasmos.
  • Escopolamina: como o sistema simpatomimético dos felinos é bastante eficiente e essa é uma medicação droga simpatomimética muito potente, não deve ser utilizada nessa espécie devido ao possível efeito de taquicardia.

Confira o artigo completo “Medicamentos para felinos? Cuidado na escolha!”, na íntegra e sem custo, acessando a página 44 da edição de julho (nº 311) da Revista Cães e Gatos.

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