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Clínica e Nutrição, Destaques

Esporotricose representa uma ameaça silenciosa para animais e humanos

Neste Dia das Zoonoses, a veterinária Vivian Lindmayer Cisi aborda métodos de diagnóstico, tratamento e medidas preventivas para a doença
Por Cláudia Guimarães
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Por Cláudia Guimarães

Uma das zoonoses mais preocupantes para veterinários e tutores de animais é a esporotricose, por isso, ela será nosso assunto deste Dia das Zoonoses. Conversamos com a médica-veterinária do Graveci Centro Veterinário, Vivian Lindmayer Cisi, para entender melhor essa doença, seus sintomas, métodos de diagnóstico, tratamento e medidas preventivas.

Em humanos, a doença pode se apresentar nas formas cutânea fixa, cutânea disseminada, linfocutânea e extracutânea e em felinos, surgem feridas em algumas partes do corpo (Foto: reprodução)

Ela explica que a esporotricose é uma zoonose causada por fungos do complexo Sporothrix schenckii, que compreende sete espécies, destacando-se, no Brasil, a S. brasiliensis, uma espécie emergente, mais virulenta e patogênica, associada à esporotricose zoonótica. “A transmissão clássica ocorre pelo contato com espinhos, lascas de madeira, terra ou matéria orgânica contaminados pelo fungo. A forma zoonótica, responsável pela maioria dos casos no Brasil, acontece por meio de arranhaduras, mordeduras ou contato direto com exsudato de animais contaminados, principalmente gatos”, elucida.

A manifestação clínica da esporotricose varia de acordo com a quantidade e profundidade do inóculo, a virulência do patógeno e a resposta imune do hospedeiro. “Em humanos, a doença pode se apresentar nas formas cutânea fixa, cutânea disseminada, linfocutânea e extracutânea. Casos graves, geralmente, são observados em pacientes imunocomprometidos, exigindo cuidados intensivos e prolongados. Inicialmente, a lesão pode parecer uma picada de inseto, podendo evoluir para casos mais graves, como infecções pulmonares com tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre”, enumera.

Já nos felinos, as lesões são, geralmente, na cabeça, extremidades dos membros e cauda, com feridas profundas na pele, presença de pus, nódulos e úlceras de rápida evolução, além de espirros frequentes. Lesões podem formar crostas ou expor o tecido osteomuscular.

Castração e restrição de acesso dos gatos domésticos à rua reduzem comportamentos de disputa e risco de infecção (Foto: reprodução)

Identificando a doença

O diagnóstico laboratorial da esporotricose animal pode ser realizado por meio de coleta com swab para cultura fúngica e imprint para exame citopatológico, conforme comentado por Vivian. “O diagnóstico definitivo, tanto em gatos quanto em humanos, é obtido pelo isolamento de Sporothrix spp”, informa.

A veterinária compartilha que o tratamento padrão para formas cutâneas da esporotricose é feito com itraconazol. “A duração do tratamento é prolongada, devendo ser mantida por, pelo menos, um mês após a cicatrização completa das lesões. Em casos refratários, outros antifúngicos podem ser associados. Além do tratamento medicamentoso, é fundamental o acompanhamento do estado geral do paciente, suporte nutricional, avaliação de infecções bacterianas secundárias e monitoramento da função hepática devido à metabolização do fármaco”, destaca.

Atenção redobrada aos gatos!

Vivian conta que a esporotricose zoonótica está, principalmente, relacionada à S. brasiliensis, no entanto, os fatores que tornam os gatos mais suscetíveis a essa infecção ainda são desconhecidos. “A infecção em gatos, frequentemente, evolui para uma doença grave e/ou sistêmica”, frisa.

Animais suspeitos de esporotricose não devem ser abandonados, maltratados ou sacrificados, pois a doença tem tratamento e cura (Foto: reprodução)

Para a prevenção da esporotricose e outras doenças, assim como para o controle populacional, a médica-veterinária considera importante considerar o comportamento dos gatos, especialmente machos não castrados. “O veterinário desempenha um papel crucial na conscientização dos tutores sobre a importância da castração e da restrição de acesso à rua para reduzir comportamentos de disputa e risco de infecção. Além disso, o veterinário é o único profissional capacitado para diagnosticar e tratar a doença em felinos”, declara.

Outro ponto importante, segundo ela, é a correta destinação dos cadáveres de animais positivos ou suspeitos de esporotricose, evitando a contaminação ambiental pelo fungo. Para isso, ela afirma que o tutor deve ser orientado a encaminhar o cadáver para incineração adequada.

A boa notícia é que a esporotricose tem tratamento e cura. “Animais suspeitos de esporotricose não devem ser abandonados, maltratados ou sacrificados. Com o tratamento adequado e informações corretas, é possível promover a cura do animal. Portanto, a conscientização e o apoio dos médicos-veterinários são essenciais para o controle da doença”, encerra.